O anúncio de que o terceiro poço perfurado pela HRT na Namíbia foi considerado seco derrubou as ações da companhia, que fecharam ontem cotadas a 1,28%, uma queda de 17,94%. A empresa segue penalizada pelo mercado por seguir a sina de ser uma petroleira que não encontra petróleo.
O poço Moosehead-1 foi considerado seco, no terceiro fracasso da campanha exploratória da companhia no país africano. Anteriormente, o poço batizado como Murombe também foi seco, enquanto Wingat foi considerado não comercial. Esses resultados, somados às descobertas de gás em blocos da Bacia do Solimões, na Amazônia, mantêm a sina da HRT de não encontrar petróleo em volumes comerciais.
A perfuração no poço Moosehead-1, na Bacia de Orange, era a última prevista neste ano pela companhia na Namíbia, sendo considerada fundamental para definir o futuro da empresa. No mercado, a opinião era de que achar petróleo na Namíbia era importante para sinalizar com a possibilidade de geração de caixa; e aumentar o interesse de outras petroleiras em adquirir algumas das 12 concessões exploratórias da HRT no país.
Em maio deste ano, relatório do BES Securities ressaltou que "somente o anúncio de uma descoberta de petróleo poderia mudar substancialmente o destino da empresa [da HRT]". Na ocasião, o banco de investimentos alertou que o caixa da empresa poderia se esgotar até o fim deste ano ou início de 2014.
O caixa da HRT fechou o segundo semestre deste ano com apenas R$ 814 milhões, representando uma redução de 23% em relação ao valor reportado no fim do ano passado.
Na Bacia dos Solimões, onde a companhia possui 19 blocos exploratórios, as informações também não são animadoras. Lá, a dificuldade é transformar em receita, para os acionistas, o gás natural encontrado.
Ontem, o Bank of America Merrill Lynch (BofA) reduziu o preço-alvo das ações da petroleira, de R$ 2,40 para R$ 1,95. O banco de investimentos ressaltou, em relatório, que o novo preço-alvo é baseado nos ativos remanescentes considerados importantes, incluindo a frota de helicópteros, quatro sondas de perfuração, um laboratório de sísmica (Ipex) e um pequeno valor pelo campo de Polvo, na Bacia de Campos, e ativos de exploração.
"Com três resultados mal-sucedidos na Namíbia e um potencial limitado no médio prazo para os blocos na Bacia do Solimões, esperamos que a estratégia da HRT agora será focar no aumento do caixa a partir de venda de ativos já planejada (mas ainda não completada) e o possível farm-out [venda total ou parcial] de seus ativos de exploração na Namíbia e na Bacia de Solimões", dizem os analistas Frank McGann e Conrado Vegner.
Eles ressaltam que os riscos para o papel HRTP3 são muito elevados e mantêm a indicação "underperform".
Quem também manteve a indicação "underperform" foi o Itaú BBA. "A empresa argumenta que os três poços perfurados na Namíbia confirmaram a presença de rochas geradoras [de hidrocarbonetos] e sistemas petrolíferos, mas a verdade é que nenhuma acumulação comercial foi identificada", frisam os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes.
Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Polito | Do Rio
PUBLICIDADE