A queda no preço do barril, a tormenta na Petrobras e o atraso na liberação de licenças ambientais adiaram os planos de exploração de petróleo em Pernambuco. Em março do ano passado se encerrou o prazo para o consórcio Petrobras-Galp decidir se perfuraria poços na Bacia Pernambuco-Paraíba para prospectar óleo. Em 2015, o consórcio comunicou à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que não teria como cumprir o prazo, porque não obteve as licenças ambientais, e pediu uma extensão do prazo. Agora, as companhias têm até agosto de 2017 para perfurar poços.
O consórcio Petrobras-Galp adquiriu três blocos na Bacia Pernambuco-Paraíba na 9ª Rodada de Licitações da ANP, em 2007. Um dos blocos foi devolvido e as companhias decidiram perfurar um poço mais profundo ao invés de dois, com o objetivo de conhecer melhor a geologia da bacia. Além da questão das licenças, o setor do petróleo passa por um freio de arrumação, em função da queda dos preços do óleo. Toda a cadeia de produção, refino e distribuição foi afetada mundialmente. No Brasil houve uma retração nos projetos de exploração. “Nesse contexto, Pernambuco, como uma área de nova fronteira do petróleo, foi para o final da fila em expectativa de investimentos. A prioridade das empresas, e também da Petrobras, é cortar gastos em novos projetos e manter o pouco investimento em áreas que já produzem até passar o momento de aperto”, observa Antonio Barbosa, doutor em geologia sedimentar pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e um dos pesquisadores da Bacia Pernambuco-Paraíba.
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A boa notícia é que o consórcio poderia ter devolvido os blocos à ANP, mas decidiu manter a exploração mesmo diante do cenário negativo para o setor. Procurada pelo JC, a Petrobras se limitou a responder que “o consórcio aguarda o licenciamento ambiental para dar continuidade às atividades exploratórias comprometidas com a ANP”. Esses licenciamentos costumam durar até 2 anos.
“Existia uma expectativa de que o consórcio devolvesse os blocos, mas eles decidiram ficar. Já foram realizados vários estudos que sinalizam para a existência de uma reserva importante de petróleo na bacia, que apresenta inclusive camada de sal”, diz Barbosa. Entre 2008 e 2012, as companhias investiram US$ 35 milhões no projeto de exploração da bacia.
Enquanto as empresas aguardam as licenças ambientais e a exploração é adiada, a UFPE continua os estudos na bacia, iniciados na década de 1970. Atualmente a universidade trabalha em um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento com a chinesa Sinochem, que está investindo R$ 3,1 milhões para aprofundar os conhecimentos sobre a bacia. O projeto começou em 2012 e segue até 2017, dentro do programa que obriga empresas atuando no Brasil a investir parte de seu faturamento em P&D. “Continuamos trabalhando para colocar a Bacia Pernambuco-Paraíba no mapa do petróleo”, conclui Barbosa.
Fonte: JConline\Adriana Guarda