Após concluir a compra dos ativos da PetroRio (ex-HRT) na Bacia do Solimões, no ano passado, a gigante russa Rosneft se prepara agora para iniciar suas primeiras perfurações no Amazonas. A companhia assumiu recentemente um compromisso com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para perfurar ao menos sete novos poços até 2019, com o objetivo de avaliar as descobertas de gás natural feitas pela antiga operadora da área, a HRT. E já deu início aos primeiros investimentos na região, para aquisição de dados sísmicos.
A campanha de perfuração faz parte de um programa de trabalho traçado pela russa para aprofundar o conhecimento sobre as seis descobertas de gás na área. Os planos de avaliação de descobertas, recém-aprovados pela ANP, preveem a opção de perfuração de outros oito poços e compromissos para realização de vários testes nos poços perfurados e contratação de novas campanhas sísmicas.
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O Valor apurou que os trabalhos da Rosneft começam com a aquisição de dados sísmicos para avaliar os melhores locais para perfuração dos poços e que a companhia lançou a concorrência para contratar o primeiro levantamento sísmico no Solimões desde que assumiu a operação dos ativos. Segundo uma prestadora de serviços envolvida na negociação, o investimento inicial da russa nessa aquisição deve superar R$ 100 milhões.
A entrada dos russos na exploração de gás no Amazonas se deu em 2011, quando a TNK-BP (joint venture entre a russa TNK e a britânica BP) anunciou a compra de uma participação de 45% dos ativos exploratórios da HRT no Solimões, por nada menos que US$ 1 bilhão.
A investida pesada marcou também a estreia de uma petroleira russa no Brasil. A presença foi ampliada depois que a TNK-BP foi comprada pela Rosneft, que pagou outros US$ 151 milhões pela operação e pela fatia restante de 55% da HRT. Com isso, a empresa russa, após devolver algumas áreas, passou a deter 100% de participação em 16 blocos.
Quando era operadora dos ativos, a HRT perfurou onze poços no Solimões, sendo oito deles com indícios de gás. Em 2013, a petroleira brasileira chegou a anunciar uma estimativa de produção de 4,5 milhões de metros cúbicos diários, com base nos volumes recuperáveis das descobertas anunciadas. O potencial corresponde à produção de Gavião Real, da Parnaíba Gás Natural, no Maranhão, o maior campo de gás operado por uma petroleira privada no país.
Embora expressivo, os desafios para aproveitamento do gás no Solimões são enormes. A própria HRT entrou numa crise de credibilidade na Bolsa, justamente por ter descoberto apenas gás no Solimões, e não ter garantido as descobertas de petróleo que esperava encontrar na região.
Localizada na selva Amazônica, as reservas do Solimões são de difícil monetização. A Petrobras opera um gasoduto entre o campo de Urucu até a capital Manaus (AM), mas o compartilhamento da infraestrutura nunca foi viabilizado.
As melhores alternativas para monetização do gás do Solimões, segundo estudo conjunto da Petrobras com a Rosneft, incluem o uso do gás para geração de energia e a transformação do gás em gás natural liquefeito (GNL), que poderia ser transportado por balsas.
Fonte: Valor Econômico/Por André Ramalho | Do Rio