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Tendência é de preços da soja em queda no próximo ano no porto de Paranaguá

SÃO PAULO - A cotação da soja, em torno de R$ 39, baseada no Porto de Paranaguá, apresenta baixa, ante o mesmo período do ano passado, quando estava cerca de R$ 54. A queda é em função de uma forte pressão nos preços do mercado internacional. Em 2011, a tendência é também de preços baixos, mas por outro motivo: produtores devem optar por plantar mais oleaginosa em vez do milho.
Rafael Ribeiro, especialista da Scot Consultoria, acredita que, principalmente os produtores do centro-oeste do País, sudeste e sul devem preferir a soja no ano que vem. "É uma possível migração, caso o preço do milho se mantenha baixo", afirmou o analista. Questionado pelo DCI, se os preços da oleaginosa também poderão cair em 2011, Ribeiro falou que: "Se houver maior oferta e a demanda não acompanhar o ritmo, com certeza o preço cairá".
Segundo levantamento da Safras & Mercado, as exportações brasileiras do complexo da soja nesta temporada deverão ser de alta em termos de projeções de volume - estimativa aponta volume total a ser embarcado de 42,5 milhões de toneladas, que se confirmado, seria superior ao recorde de 42,4 milhões de toneladas do ano passado. Em termos de valores a serem obtidos, o levantamento espera por queda de US$ 16,3 bilhões para US$ 16 bilhões - números indefinidos e embarques em fase inicial.
De acordo com o balanço, embora o País tenha colhido uma safra 16% maior, ainda assim enfrentará dificuldades para aumentar de forma expressiva o volume de embarques, uma vez que os Estados Unidos absorveram grande parte do crescimento do mercado internacional, especialmente por conta de volumosas vendas para a China.
"Houve uma safra maior, de uma colheita de 9 milhões de toneladas a mais que no ano passado. É o excedente exportável, com oferta maior, já que a demanda interna não consegue assimilar a produção [interna]", afirmou Flávio Roberto de França Junior, diretor de Produção da Safras & Mercado e analista de soja. Para o especialista, o passo, agora, é avaliar o andamento do mercado.
Segundo Ribeiro, a China, principal comprador de soja do mundo, deve superar a importação do último ano - que foi de aproximadamente 46 milhões de toneladas -, uma vez que o País formará mais estoques e, por isso, deve comprar até julho. Em 2009, os chineses tiveram uma produção menor por causa da estiagem durante a safra 2009/2010 e colheram 14,5 milhões de toneladas, número inferior ao normal: 17 milhões. "Este ano, eles [chineses] devem adquirir mais de 49 milhões de toneladas", disse especialista da Scot Consultoria.
No entanto, segundo a Safras & Mercado, os chineses devem manter os 46 milhões de toneladas até o fim deste ano. Os Estados Unidos, líder no ranking de produção de soja, devem vender, aproximadamente, 21 milhões de toneladas para o mercado chinês; enquanto o Brasil deverá exportar 15; e a Argentina 5 - segundo e terceiro, respectivamente no cultivo da oleaginosa.
"Isso ainda pode variar, vai depender muito dos preços da commodity", especulou o analista da Safras. Somente em soja, a expectativa de exportação brasileira até o fim deste ano deve ser de 28,5 milhões de toneladas, diante de cerca de 28 milhões de toneladas do último ano.
Crise europeia
Glauber Silveira da Silva, presidente da Aprosoja/MT e Aprosoja Brasil, não acredita que a crise na Europa seja responsável pela queda da renda brasileira. "O preço caiu, e a produção mundial está em alta e, por isso, acredito que a situação lá [Europa] não afeta o País", assegurou.
No entanto, conforme disse Silveira da Silva, os efeitos negativos da crise devem prejudicar o Brasil no próximo ano. "Não somente a agricultura deve ser afetada, mas o crédito, o petróleo, até a demanda poderão ter queda".
Na opinião de Junior, a crise que afeta a Europa ainda não bateu à porta do País e nem baterá em 2011. "Não acredito em algum impacto significativo. O problema está concentrado em países que não têm grande peso na demanda no setor agrícola brasileiro", afirmou.
Segundo Ribeiro, só as especulações já interferem e causam preocupação geral.
"A crise pressiona o mercado todo", comentou.

Fonte: DCI/Diego Costa


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