A Transpetro lançou ao mar, no Estaleiro Mauá, o primeiro navio construído no estado do Rio de Janeiro para o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O lançamento teve a presença do ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, da presidente em exercício da Petrobras, Graça Foster, e do presidente da Transpetro, Sergio Machado. O evento marca o reencontro do estado, berço da indústria naval no País, com uma de suas vocações econômicas.
O navio foi batizado Celso Furtado em homenagem ao economista que participou da criação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e lançou os fundamentos do mais recente ciclo de desenvolvimento do país. Como madrinha, a Transpetro resolveu homenagear sua força de trabalho, escolhendo Giovana da Silva Almeida de Morais, funcionária do quadro de marítimos, hoje imediata do navio Pedreiras. “É uma honra ter sido escolhida madrinha, representando os marítimos. Meu sonho é ser, no futuro, comandante de um dos novos navios do Promef”, afirmou Giovana.
O Celso Furtado é uma embarcação para transporte de derivados claros de petróleo, com capacidade para 48,3 mil toneladas de porte bruto e 183 metros de comprimento. Além do batismo e lançamento, foi feito hoje o batimento de quilha do segundo dos quatro navios de produtos encomendados no Estaleiro Mauá pelo Promef, simbolizando o início da montagem da embarcação.
A solenidade no Mauá segue o cronograma de lançamentos previsto para este ano, que se iniciou no último dia 7 de maio, no Estaleiro Atlântico Sul (PE), com o Suezmax João Cândido. O Estado do Rio, maior e mais tradicional polo naval do país, já conta com 16 navios encomendados pelo Promef, com R$ 2,2 bilhões em investimentos. O programa vai criar pelo menos 50 mil empregos no Estado, sendo 10 mil diretos e 40 mil indiretos.
O Estaleiro Mauá, que construirá quatro navios de produtos do Promef, está localizado na Ponta D’Areia, em Niterói, região onde nasceu a indústria naval brasileira no século XIX pelas mãos do Barão de Mauá. “Este lançamento tem um significado histórico muito grande, já que foi aqui mesmo na Ponta D’Areia onde a tradição brasileira de construir navios começou. Estamos retomando esta tradição”, destacou o presidente da Transpetro, Sergio Machado.
O navio Celso Furtado é o primeiro encomendado a um estaleiro fluminense pelo Sistema Petrobras a ser lançado ao mar, 13 anos após a última entrega. O último havia sido o Livramento, finalizado em 1997 pelo Estaleiro Eisa. A embarcação levou 10 anos para ser concluída, em meio a uma grave crise do setor. A indústria naval brasileira, que havia sido a segunda maior fabricante mundial nos anos 1970, praticamente desapareceu a partir dos anos 1980.
A presidente em exercício da Petrobras, Graça Foster, destacou a importância de investir na indústria nacional. “Não posso deixar de lembrar o quanto a decisão de ampliar o conteúdo nacional foi fundamental para que a indústria de bens e serviços, especialmente na cadeia de petróleo e gás, resgatasse sua posição. O Rio de Janeiro precisava retomar sua tradição.”
Com a encomenda de 49 navios do Promef, um dos principais projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), os estaleiros foram modernizados e surgiram novas unidades de produção, como o Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Hoje, cinco anos após o lançamento do Promef, o Brasil já possui a quarta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros.
Em todo o país, a construção dos 49 novos navios da Transpetro vai gerar cerca de 200 mil empregos, entre diretos e indiretos. Do total previsto, já foram licitadas 46 embarcações, com 38 contratadas. Os últimos três navios do programa estão em fase final de licitação. Com o Promef, a expectativa é de que a frota da Transpetro, hoje de 52 navios, chegue a mais de 100 embarcações em 2014.
Dos 49 navios contratados, pelo menos 16 serão construídos no Rio de Janeiro. A indústria naval fluminense tem fortalecido sua posição no cenário nacional, impulsionada pelo Promef, com demanda e oferta equilibradas, mão de obra qualificada e competitividade.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparo Naval e Offshore (Sinaval), o Rio de Janeiro concentra mais de 50% da capacidade produtiva do País, em condições de processar 288 mil toneladas de aço por ano. Mais de 40% do total de empregos diretos gerados no setor estão no estado, que conta hoje com quase 25 mil trabalhadores. Antes da criação do Promef, a indústria brasileira de construção naval empregava cerca de 2 mil trabalhadores em todo o País. Hoje, esse número já supera 46 mil.
Pedro Brito, ministro da Secretaria Especial de Portos, também destacou o estabelecimento da indústria naval brasileira em bases competitivas. “O parque naval que estamos inaugurando neste país tem que estar preparado para competir com o mundo inteiro”.
Encomendas contratadas do Promef:
- Dez navios Suezmax (160.000 Toneladas de Porte Bruto-TPB) - EAS (PE) - US$ 1,2 bilhão
- Cinco navios Aframax (110.000 TPB) – EAS (PE) - US$ 693 milhões
- Quatro navios Panamax (73.000 TPB) – EISA (RJ) - US$ 468 milhões
- Quatro navios de Produtos (48.000 TPB) – Mauá (RJ) - US$ 284 milhões
- Quatro navios aliviadores Suezmax DP (com posicionamento dinâmico) (160.00 TPB) – EAS (PE) - US$ 746 milhões
- Três navios aliviadores Aframax DP (com posicionamento dinâmico) (110.000 TPB) – EAS (PE) - US$ 477 milhões
- Três navios de bunker (óleo combustível marítimo) - Superpesa (RJ) - US$ 46 milhões
- Cinco navios de Produtos, para transporte de derivados de petróleo – 30 mil TPB – Estaleiro Rio Nave (RJ) – US$ 268,5 milhões
Encomendas com o resultado definido, à espera da assinatura dos contratos:
- Oito navios gaseiros (quatro de 7.000 m³, dois de 12.000 m³ e dois de 4.000 m³), para transporte de gás liquefeito de petróleo – Promar - US$ 536 milhões
Total dos 46 Navios: US$ 4,7 bilhões
Encomendas em fase final de licitação:
- Três navios de Produtos, para transporte de derivados de petróleo
PERSPECTIVAS DE DEMANDA FUTURA
A exploração (estudos e perfurações para descoberta de reservatórios) e a entrada em produção dos campos do pré-sal abrem importantes perspectivas de encomendas para a indústria naval brasileira.
Os poços do pré-sal estão situados em camadas mais profundas do subsolo marinho (seis mil metros de profundidade), na maioria a pelo menos 250 km de distância da costa. Com isso, o transporte do óleo ou do gás produzidos e o suprimento das plataformas de produção demandam soluções inovadoras de logística.
As demandas para os estaleiros ainda estão sendo quantificadas pelo Sistema Petrobras e pela Transpetro. De antemão, sabe-se que a necessidade de navios, plataformas de produção e de barcos de apoio deverá aumentar expressivamente em relação às duas primeiras fases do Promef, projetadas antes das descobertas do pré-sal.
Fonte:Agência Petrobras de Notícias
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