A fundição Tupy é a empresa do setor industrial que mais pode se prejudicar com a redução dos benefícios fiscais garantidos pelo Reintegra, programa que devolve parte do valor exportado em produtos industrializados por meio de créditos do PIS e Cofins. Caso o corte não seja aliviado, as previsões de resultado para a fabricante de blocos e cabeçotes de ferro fundido seriam as mais penalizadas.
O Brasil Plural, por exemplo, reduziria sua estimativa para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia neste ano em 4,4%, para R$ 500 milhões. Já o Citi baixaria as projeções em 1,1%, para R$ 588,4 milhões, e em 1,8% frente à expectativa para 2016, quando os efeitos das mudanças serão sentidos em todo o ano. O Ebitda ficaria em R$ 654,9 milhões em 2016, calcula o banco.
Até agora, o Reintegra garantia alívio no recolhimento de até 3% da receita de exportação das empresas, mas a taxa será cortada a até 1% neste ano. Em 2016, a proporção de 1% permanece, subindo para 2% em 2017 e finalmente retornando aos 3% em 2018. O relatório do Brasil Plural lembra que o decreto dá liberdade ao governo federal para mudar novamente as taxas do Reintegra, a depender do cenário macroeconômico.
Em 2014, a receita líquida da Tupy ficou praticamente estável na comparação com o ano anterior, em R$ 3,11 bilhões. As exportações, por outro lado, cresceram 8,3%, garantiram R$ 2,26 bilhões a seu balanço e responderam por 72,6% do faturamento total do grupo. O programa governamental, portanto, significa um ganho relevante a seu balanço.
O relatório do Brasil Plural, assinado pelos analistas Italo Ferrara, Rogério Araújo e Lucas Barbosa, faz as contas para outras empresas. Para a Mahle Metal Leve, o Ebitda ficaria 3,1% menor, em R$ 426,4 milhões, durante 2015. No caso da Fras-le, que fabrica pastilhas de freio, o indicador cairia 3%, para R$ 124,9 milhões, e sua controladora, a Randon, perderia 1,2% frente às projeções, com Ebitda de R$ 442,5 milhões em 2015.
O banco também reduziria em 1,7% a previsão de Ebitda da Marcopolo, que produz carrocerias de ônibus, para R$ 357,4 milhões, e cortaria em 0,2% no caso da Iochpe-Maxion, para R$ 751,5 milhões.
No caso do Citi, cujo texto é assinado pelo analista Juan Tavarez, a redução seria de 1% nos cálculos do Ebitda de 2015 para a Mahle Metal Leve. O indicador iria a R$ 412,8 milhões. No ano que vem, o corte chegaria a 1,6%, para R$ 438,9 milhões. Na lista do banco, logo depois em termos de perdas apareceria a Marcopolo, com redução de 0,6% nas perspectivas de Ebitda, para R$ 325 milhões em 2015, e de 1%, para R$ 395 milhões no ano que vem. A Randon perderia 0,5% e 0,8%, respectivamente, para R$ 459,7 milhões e R$ 477,1 milhões, nesta ordem.
O BTG Pactual também divulgou relatório ontem prevendo que a produtora de celulose de eucalipto Fibria sofreria bastante com a medida, frente a outras exportadoras. A queda nas estimativas de Ebitda para 2015 seria de 4%, segundo a instituição. No caso da Suzano, a redução seria de 2,5% e para a Klabin, de 1,4%. Em 2014, o Ebitda da Fibria foi de R$ 3,53 bilhões e o da Klabin atingiu R$ 1,72 bilhão.
Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | São Paulo
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