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Vendas desiguais


Fornecedores de motores para embarcações de serviços avaliam 2013 de forma distinta, mas concordam numa boa aposta para 2014 - Os fornecedores de motores de embarcações de serviços, como apoio offshore, rebocadores e empurradores, avaliam como positivo o resultado nas vendas no ano passado. Os números, no entanto, poderiam ter sido melhores. Enquanto alguns fabricantes e revendedores do setor procurados pela Portos e Navios atingiram as metas estabelecidas, outros esbarraram em gargalos do setor, como o atraso nas encomendas de embarcações pela Petrobras e dificuldades em conseguir financiamento para a construção das mesmas. A expectativa é que o mercado reaja melhor em 2014, com ajuda das encomendas que eram aguardadas para o ano passado.

A MWM International, que produz e comercializa propulsores voltados para o segmento marítimo, registrou crescimento das vendas em torno de 65% em 2013. Segundo Thomas Püschel, diretor comercial da MWM para o Mercosul, o mercado de motores de embarcações de serviço cresceu na ordem de 15% como um todo em 2013 no Brasil, fruto da conquista de licitações e das vendas para a atual carteira de clientes da empresa e para novos consumidores do segmento de motores marítimos.


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Ainda segundo Püschel, a expectativa de crescimento para o mercado do setor como um todo é de 10% em 2014. Já a MWM pretende obter alta na casa de 25% com novos clientes. “Com esta evolução, a MWM International ampliará a participação no segmento de motorização para embarcações”, acredita.

A comercialização da companhia ocorre por meio de uma rede de distribuição que conta com mais de 480 pontos espalhados por todo o Brasil. “Além disso, a MWM conta com engenharia local que desenvolve propulsores customizados para os mais diversos tipos de aplicações, o que garante maior índice de conteúdo local e, portanto, o melhor custo-benefício para os clientes”.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) estima que serão construídas 207 embarcações especiais e de apoio marítimo e offshore no Brasil até 2020, com dados no Plano de Negócios da Petrobras. A carteira atual de encomendas dos estaleiros soma 73 navios de apoio marítimo e offshore, 17 gaseiros, 17 rebocadores, 28 sondas e cinco graneleiros, dentre diversos outros, totalizando 373 equipamentos.

Segundo relatório da entidade, no ano passado o Fundo da Marinha Mercante (FMM) desembolsou R$ 2,5 bilhões até outubro. Foi dada a prioridade de financiamentos a apoio marítimo e offshore para 15 embarcações, no valor de R$ 1,8 bilhão. No segmento de empurradores e barcaças foi dada prioridade de financiamentos para 157 construções, no valor de R$ 565 milhões. 16 navios de apoio marítimo e rebocadores tiveram prioridade de financiamento, no valor de R$ 1,1 bilhão.

Em novembro de 2013, a presidente Dilma Rousseff reviu e traçou os parâmetros para o setor naval do país para os próximos anos. Segundo ela, a demanda da indústria naval será sustentada em pelo menos três pilares: a manutenção da política de conteúdo local, o foco na produção de embarcações e o melhor planejamento das encomendas, para evitar a oscilação do emprego nos estaleiros. Só o campo de Libra, por exemplo, vai precisar de pelo menos mais 12 a 16 plataformas de petróleo, disse ela, o que deve garantir a demanda do setor naval aquecida por mais alguns bons anos.

Para a japonesa Yanmar, o mercado se comportou em 2013 de acordo com as expectativas da empresa. “Os resultados obtidos foram consequência das vendas mais focadas na região Amazônica, por conta da forte atuação do representante local. Temos expectativa de que em 2014 poderemos repetir o desempenho do ano anterior. Já que teremos estabeleido nossa filial em Manaus, onde daremos suporte técnico aos usuários locais”, explica Jaime Jun Tamaki, gerente comercial da Yanmar South America, sem revelar números de faturamento e vendas.

A Yanmar não tem fábrica instalada no Brasil. Assim, a flutuação da cotação do dólar afetou as operações da companhia no país, mas de maneira positiva. “A desvalorização da moeda japonesa contou a nosso favor”, explica. A empresa não promoveu nenhum lançamento no ano passado e não tem previsão para lançar nenhum novo produto em 2014.

De acordo com o executivo, a cesta atual dos produtos Yanmar não atende a grande parte das necessidades do pré-sal. “Promovemos vendas de produtos prontos, fabricados pela matriz do Japão. Todas as pesquisas e desenvolvimentos são realizadas no Japão. A empresa ainda não tem nenhum posicionamento oficial sobre a prospecção na região.” Para Thomas Püschel, da MWM, a exploração de petróleo na camada pré-sal vai impulsionar principalmente embarcações movidas a diesel, por atender aos requisitos necessários para a prospecção de petróleo em alto mar.

Alguns armadores, como a Wilson, Sons estão aumentando o porte e a potência das próprias embarcações, o que, aos poucos, muda o perfil dos navios em operação no país. A Yanmar diz que está atenta a essas transformações. Segundo Tamaki, a companhia possui uma outra linha de motores que pode atender a essas novas necessidades — de 1.180 a 3.310 kW, classificadas como low speed engines.

Da mesma maneira que aconteceu com a Yanmar e a MWM, os investimentos realizados na área de suporte ao cliente e ao produto também ajudam as vendas da MTU do Brasil no segmento. Em 2011, a Rolls Royce, juntamente com a Daimler, comprou ações da multinacional Tognum, que é a holding à qual a MTU pertence. A holding passou a se chamar Rolls Royce Power Systems AG. Por ter um reconhecimento forte no mercado, as empresas decidiram manter em operação a marca MTU. A subsidiária brasileira é responsável por comercializar e prestar assistência técnica nos produtos em território nacional.

Rodrigo Miranda, gerente de Óleo e Gás da MTU do Brasil, diz que a aquisição criou uma grande sinergia entre os produtos da Rolls Royce e os da MTU. “Atuar em conjunto só aumenta as chances de sucesso de ambas as empresas. Recentemente fechamos dois contratos no Brasil, um para o segmento de rebocadores e o outro no segmento offshore com propulsão Rolls Royce/MTU. Outro contrato importante, que conseguimos juntamente com a Rolls Royce, aconteceu no Chile também para rebocadores e embarcações offshore”, detalha.

Tradicionalmente, a MTU opera nos setores de embarcações militares e de lazer, mas nos últimos anos os setores offshore e de apoio portuário têm ganhado destaque dentro da empresa. “Nossos motores se aplicam muito bem a estas aplicações”, explica. A série de motores MTU 4000 é a mais aplicada neste segmento, diz Miranda, pois oferece a potência exigida pelo mercado, tem um baixo consumo de combustível e controle de emissões, é compacto e leve. A faixa de potência desses motores gira entre 746Kw e 2240Kw.

— O setor marítimo é um dos que mais cresce na empresa e o Brasil é um dos mercados mais atrativos para o grupo. Recentemente conseguimos novos contratos de fornecimento para rebocadores, embarcações offshore e plataformas — conta Rodrigo Miranda. “Graças aos aportes na área de atendimento ao cliente, conquistamos uma importante fatia do mercado de embarcações de serviço”, diz.

No ano passado, a MTU do Brasil criou um time exclusivo, baseado no Rio de Janeiro, dedicado a atender exclusivamente ao mercado de embarcações comerciais. Toda a equipe passou por treinamentos na matriz na Alemanha sobre os produtos da empresa. “Além disso, temos a presença de um especialista alemão que ajuda no suporte e desenvolvimento dos novos contratados”.

A empresa espera que o mercado continue aquecido em 2014. “A Petrobras precisa de novas embarcações para que consiga cumprir as metas de produção”, diz. “Nas rodadas de licitações que aconteceram até o momento, poucos AHTS (Anchor Handling Tug Supply) foram licitados. A maior parte foram para os PSVs (Platform Supply Vessel) e OSRVs (Oil Spill Response Vessel), por isso esperamos que a demanda por AHTS aumente nas próximas licitações”, avalia.

Mas, como outros executivos do setor, ele sabe que o campo de Libra ainda demorará a influenciar os negócios. “Ele realmente é um marco importante para o país. Porém, ainda deve demorar alguns anos para que ele comece a produzir. É certo que ele atrairá muitos investimentos em longo prazo”, completa. A MTU não divulga dados sobre faturamento.

O ano também foi positivo para a Scania, pois a empresa atingiu os objetivos previstos, superando os números registrados em 2012. A empresa, que fornece motores de propulsão e auxiliares de bordo para embarcações de trabalho como empurradores, embarcações de apoio a plataformas de petróleo, dentre outros, anunciará os resultados do ano passado apenas em fevereiro. “Mas podemos adiantar que tivemos bons resultados na venda de motores para o setor”, diz Roberto Leoncini, diretor-geral da Scania. A Scania não divulga os resultados da venda de motores industriais dos marítimos separadamente.

A expectativa da empresa é que 2014 seja um ano produtivo, assim como o ano passado. “Entendemos que é um setor que tende a crescer. Os transportes fluvial e marítimo abrirão oportunidades de negócios para a comercialização de motores de propulsão, auxiliares e motores industriais para equipamentos utilizados em plataformas.”

De acordo com Leoncini, está sempre de olho nas oportunidades do mercado, como o pré-sal. “Nossos motores são reconhecidos pela qualidade, desempenho superior, maior disponibilidade, menor consumo de combustível e baixo custo operacional. Além disso, a marca oferece uma ampla rede de concessionárias”, enumera o executivo.

A linha de motores marítimos da Scania para propulsão oferece modelos de 220 Hp até 1.000 Hp e de motores auxiliares de bordo de 199 a 596 kW. Além dos motores a diesel, a companhia produz motores com gerenciamento eletrônico com baixo consumo de combustível. As plantas de motores industriais e marítimos da multinacional estão concentradas no Brasil e Suécia. Anualmente, são destinados investimentos para a manutenção e atualização do seu parque industrial de São Bernardo do Campo (SP).

A Sotreq é uma das companhias que enfrentaram dificuldades no ano passado. A representante da Caterpillar (CAT) no Brasil registrou crescimento de 40% nas vendas em 2012 ante o ano anterior. Em 2013, esperava uma alta de 25%, mas não atingiu a meta. “O mercado se comportou um pouco abaixo do esperado devido ao gargalo de estaleiros, atraso na assinatura de alguns contratos e dificuldades de financiamento”, diz Rodrigo Feria, gerente de Vendas do Mercado Marítimo da Sotreq, sem revelar quanto as vendas da companhia cresceram no ano passado.

Mesmo com esses contratempos, Feria acredita que o mercado nacional de motores continuará crescendo em 2014 e nos anos subsequentes, mas em parte por razões técnicas. “Os principais estaleiros estão adquirindo maior experiência em embarcações mais sofisticadas, o que deve diminuir o tempo de construção. Além disso, a confirmação de novas contratações pela Petrobras com certeza manterá o mercado aquecido. No mercado fluvial, com a realização dos investimentos necessários, vemos uma grande oportunidade de crescimento do segmento”, afirma.

Para o executivo, à medida que os estaleiros brasileiros ganham mais experiência na construção de embarcações, a mão de obra se torna mais qualificada e adquire experiência, o tempo de construção diminui. “Isso tudo libera mais slots de produção (espaços disponíveis de construção), tornando possível construir mais barcos, o que aumenta as vendas de motores. O setor naval do Brasil está passando por um gradual ganho de escala.”

Alcides Furuno, gerente comercial da Mitsubishi Heavy Industries (MHI) Sul-Americana Distribuidora de Motores Ltda., revela que o resultado das vendas da representante da japonesa Mitsubishi no Brasil no ano passado dependia das encomendas relacionadas ao pré-sal. Após um 2012 com vendas “razoavelmente boas”, o resultado não foi como o esperado. Ele é um dos que acreditam em uma recuperação do mercado do setor em 2014.

— Consideramos que 2013 não foi um bom ano para o nosso ramo. Alguns dos nossos principais clientes de motores são empresas que prestam serviços na área de petróleo, ramo que se mostrou totalmente paralisado no ano passado — diz Furuno. “A nossa expectativa é que o mercado de motores de embarcações de serviço se recupere o mais breve possível, pois nossas vendas ficaram no seu mais baixo nível em 2013. Esperamos aumento no faturamento, mas no momento não temos nenhum prognóstico”, avalia.

A oscilação da cotação da moeda brasileira no mercado internacional também afetou os resultados da companhia. “Esperamos que a moeda norte-americana se mantenha estável no nível atual do mercado”, diz.

Atualmente, todos os motores da MHI são mecânicos. A empresa aguarda o melhor momento para investir em motores eletrônicos e está atenta a toda possibilidade de demanda oriunda do pré-sal. “Havendo mercado, a empresa sempre estará pensando em ampliação e investimento”, afirma.

A Cummins espera atingir os resultados projetados para 2014, bem como atender à demanda dos projetos atrasados do ano passado. No ano passado, a Cummins investiu principalmente no atendimento às regras de conteúdo local. “Em dezembro, entregamos nosso primeiro gerador de emergência para drillship com conteúdo local. A Cummins contratou técnicos e gerentes para atender esta crescente demanda e deverá continuar ampliando a estrutura e o quadro de funcionários em 2014”, conta Rodrigo Teixeira, gerente de Negócios Marítimos da Cummins. A companhia também criou um centro de treinamento no Rio de Janeiro, para atender aos clientes e dealers, especialmente com motores eletrônicos.

Segundo o executivo, para acompanhar a demanda do mercado oriunda do petróleo, a Cummins vem sistematicamente ampliando os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos. “Portanto, mais investimentos deverão vir com o pré-sal”, explica. Como Furuno, da Mitsubishi, Teixeira acredita que a influencia do campo de Libra deverá vir apenas dentro de alguns anos, quando a fase de exploração começar, e novos barcos de apoio offshore se tornarão necessários.

“A exploração do campo de Libra depende ainda de projetos que se encontram na fase de desenvolvimento e financiamentos. Isso deve levar alguns anos. Dessa forma, acreditamos que esse campo não influenciará por enquanto no mercado de motores em 2014 e anos subsequentes”, avalia Rodrigo Feria.

Em novembro, a produção de petróleo no Brasil foi de aproximadamente 2,081 milhões de barris por dia (bbl/d), alta de 1,8% ante igual período de 2012 e de 0,1% em relação ao mês anterior. As informações são do Boletim da Produção da Agência Nacional de Petróleo (ANP) de novembro.

Em outubro ocorreu o leilão do campo de Libra, maior campo de petróleo da camada pré-sal do país. A ANP acredita que a quantidade de óleo no campo é 40% maior do que o previsto anteriormente: 1,4 milhão de barris de petróleo por dia em 2020 ante um milhão previsto anteriormente. O rendimento estimado é de R$ 900 bilhões ao longo de 30 anos, segundo estimativa da ANP.






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