Definitivamente Mato Grosso integra o núcleo dos estados do eixo mineral. Isso, a partir da constatação da existência de jazidas de minério de ferro e fosfato no município de Mirassol D’Oeste na região de Cáceres, fronteira com a Bolívia.
Tanto o minério de ferro quanto o fosfato de Mirassol exigem logística para exportação, escoamento para outros estados e também para o transporte de produtos de aciaria, que seguramente serão industrializados em Cáceres, onde deverá se instalar um pólo siderúrgico atraído por benefícios fiscais e aduaneiros concedidos pela Zona de Processamento de Exportação (ZPE) daquela cidade.
Escoamento de minério de ferro, de bobinas e chapas de aço, e de fosfato em grandes carregamentos exigem matriz de transporte barata e confiável. Como se sabe, no mundo inteiro, o frete mais viável economicamente é o hidroviário. Hidrovia para atender à nova demanda a região mineral de Cáceres tem. Para utilizá-la basta que se observem os devidos cuidados ambientais e que algumas barreiras jurídicas sejam desmontadas. Felizmente o Governo de Mato Grosso tem tanto interesse na navegação pelo rio Paraguai quanto na extração do minério de Mirassol. Com o minério de Mirassol a Hidrovia Paraná-Paraguai, que tem seu porto mais ao Norte em Cáceres, torna-se ainda mais importante ao desenvolvimento mato-grossense, por ser rota natural para o transporte da riqueza que será extraída do subsolo.
Espera-se que a utilização de hidrovia obedeça todas as normas de segurança da navegação fluvial internacional, que respeite todas as regras ambientais e que os comboios que se encarregarão do transporte do minério e dos produtos industrializados de aciaria sejam perfeitamente adaptados ao rio, para que não haja nenhum risco de acidente com as embarcações.
A Hidrovia Paraná-Paraguai tem ligações históricas e culturais com Cáceres, porque foi por suas águas que os colonizadores da fronteira Oeste do Brasil ali chegaram para assegurar a titularidade daquela região à Coroa Portuguesa.
Nos 232 anos de sua existência a população cacerense sempre foi umbilicalmente ligada ao rio Paraguai, que banha a cidade. Cáceres construiu sua história de tal modo associada ao seu rio, que a ele se funde e com ele se confunde. O sentimento na cidade é de respeito e amor ao grande curso d’água que é o principal formado do Pantanal.
Com a descoberta das jazidas em Mirassol, a retomada da navegação pelo rio Paraguai, em grande escala, reacende a chama do reencontro da cidade com suas origens. A população cacerense aguarda ansiosa pela entrada em exploração das minas no vizinho município e de igual modo conta os dias para que o processo de instalação do pólo siderúrgico ocorra o quanto antes em sua ZPE ainda embrionária. Paralelamente a isso vibra com a expectativa do vaivém dos comboios transportando água abaixo as novas riquezas da região e em sentido contrário trazendo mercadorias como aconteceu por mais de 200 anos ininterruptamente.
A Hidrovia Paraná-Paraguai tem ligações históricas e culturais com Cáceres
Fonte: Diário de Cuiabá
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