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Pé no freio

 

 


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Fretes baixos e custos altos não têm previsão de reversão em curto prazo. Armadores globais podem ter perdido U$ 6 bilhões em 2011

 

A recupeção da economia mundial em 2010 exerceu impacto positivo sobre a atividade marítima e os armadores internacionais viram os volumes de carga crescerem. Mas o quadro declinou em 2011, resultando em pressão sobre as receitas, como resultado do excesso da disponibilidade de espaço para cargas e um aumento significativo dos custos, especialmente de combústível.

A Hamburg Sud e a Aliança Navegação, ambas da divisão marítima do Grupo Oetker, não foram exceção. Em 2011, as empresas transportaram mais 9% TEUs, que em 2010 — foram 3,1 milhões de TEUs no ano passado. As taxas de frete mantiveram-se estáveis em comparação a 2010. E com o dólar mais fraco a receita somou 4,2 bilhões de euros. Segundo a companhia, este foi um resultado desproporcional ao volume embarcado. Com a inclusão do break-bulk e produtos petrolíferos, o faturamento total somou 4,8 bilhões de euros, cerca de 7% maior que o obtido em 2010. O resultado da Hamburg Sud em 2011 ficou abaixo do orçamento e aquém do ano anterior.

A Maersk Line espera perder dinheiro este ano, apesar de aumentos da taxa recentes, informa o presidente Michael Pram Rasmussen. A empresa espera um resultado negativo em 2012 como consequência do excesso de capacidade. A margem de lucro, estima o executivo, será inferior ao de 2011. “A Maersk Line vai colocar o foco específico sobre a rentabilidade, em parte, com aumentos das taxas e em parte com o aumento da competitividade, alcançada através de poupanças contínuas e melhorias de eficiência”, diz Rasmussen.

O armador recuperou mercado em 2011 e terminou o ano com participação de cerca de 15,5% do mercado global de contêineres. A Maersk e outras linhas têm anunciado aumentos de tarifas  após  as  linhas de porta-contêineres terem perdido cerca de US $ 6 bilhões em 2011.

 

Em todo o mundo, os embarques de contêineres aumentaram 8%, para cerca de 150 milhões de TEUs. As principais vias de comércio Leste-Oeste tiveram crescimento abaixo do esperado, diferentemente do que ocorreu no trade intra Ásia e no Norte-Sul, que obtiveram taxa de dois dígitos. Com novos navios entrando em operação, a capacidade global aumentou cerca de 8%. Navios com capacidade de mais 10 mil TEUs foram registrados, com tráfego quase que exclusivamente entre Ásia e Europa.

O excesso de capacidade vem aumentando desde meados de 2008, com um breve período de arrefecimento no primeiro semestre de 2010, o que exerceu uma forte pressão descendente sobre as taxas de fretes. Entre a Ásia e a Europa do Norte, as taxas spot despencaram em mais de 60% em comparação com os picos de 2010. As rotas da Ásia para a América do Sul e Austrália/Nova Zelândia também foram seriamente afetadas, com taxas de frete caindo em até 50%. Ao mesmo tempo, no início de 2011 o preço da tonelada de bunker em Roterdam estava abaixo de US$ 500, chegando a até US$ 675 no final do ano. Segundo a Hamburg Sud, outros custos pressionaram a queda das receitas, como os portuários e rodoviários. A valorização das moedas do Brasil, Austrália e Nova Zelândia em relação ao euro também causaram impacto.

Os especialistas  estimam que os armadores globais devem sofrer uma perda entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões em 2011, após lucro de US$ 14 bilhões em 2010.

 

A Hamburg Sud operava em dezembro de 2011 uma frota de 160 navios, 43 deles próprios. Do total, 107 eram empregados em serviços regulares e 53 como tramp. O número é inferior em seis unidades comparado a 2010, mas a capacidade de slots aumentou 6%, para 395 mil TEUs. Um total de cinco navios da série Santa entrou em serviço em 2011. Os maiores navios conteineiros do grupo têm capacidade de 7,1 mil TEUs. A empresa informa que pretende prosseguir em sua estratégia de aumento da frota própria nos próximos anos. Os três últimos navios da série Santa, bem como quatro menores (de 3,8 mil TEUs), serão entregues em 2012. A empresa encomendou em março de 2011 seis navios de 9,6 mil TEUs, “aproveitando a queda acentuada dos preços de construção”, informa a empresa.

Atualmente, os armadores estão abandonando as rotas deficitárias. Os observadores consideram que de 6% a 7% da frota mundial serão colocados em laid-up até o final do ano. E com o alto custo do combustível, a tendência é de desmanche em prazo inferior à média histórica. Para recuperar parte do excedente de espaço, os navios devem navegar ainda mais lentamente.

Apesar do quadro, a Hamburg Sud vê, em 2012, alguns sinais positivos, embora isolados. Um movimento moderado de recuperação das taxas de fretes vem sendo observado em nichos desde o final de 2011. A expectativa do armador é de um resultado melhor do que o do ano anterior, “mas ainda não satisfatório”.  n

 






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