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Regras sob medida

Representantes da navegação interior definem agenda com Antaq para tentar adaptar normas às realidades locais >> Representantes da navegação interior estão definindo uma agenda com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para tentar adequar as normas vigentes à realidade do segmento e resolver problemas que atrapalham o desenvolvimento da modalidade, principalmente na Amazônia. A primeira reunião está prevista para ocorrer em dezembro e a ideia inicial é realizar encontros bimestrais para discutir a pauta.

Na avaliação das entidades representativas, a agência reconhece algumas particularidades da navegação, mas ainda tem um longo caminho pela frente para trazer as empresas de pequeno porte para legalidade.

O presidente do Sindicato dos Armadores do Pará (Sindarpa), José Rebelo III, aponta que as regras de navegação criadas com base em grandes portos e terminais privados são muito diferentes e não podem ser aplicadas a empresas pequenas. “Não adianta nada fazer a legislação engessada numa localidade em que a realidade é outra totalmente diferente. O pequeno transportador não pode se regularizar. Ele vai ficar eternamente na irregularidade. O armador não pode ficar de lado”, afirma Rebelo III.

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Ele destaca o caráter técnico e profissional da diretoria da agência demonstrando interesse em discutir o tema. Desde 2010, a Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima Fluvial Lacustre e de Tráfego Portuário (Fenavega) e seus associados tentam estabelecer uma agenda com a Antaq para a navegação interior. As mudanças de cargos na Antaq e na Secretaria de Portos (SEP) nesse período adiaram a tomada de decisões. “Vamos montar uma agenda permanente para que os assuntos da navegação não se acumulem. Chegamos à Antaq com muitos problemas para tratar. A ideia é que cheguemos lá com soluções”, explica José Rebelo III, do Sindarpa.

Entre os temas, as entidades defendem o registro de terminais de apoio a empresas de navegação. Essas unidades dão suporte a empresas de navegação que não têm objetivo de organizar e lucrar com operação portuária. Segundo Rebelo III, o registro já foi regulamentado pela Antaq e corresponde a um subitem das estações de transbordo de carga (ETC). Entretanto, apesar dos pedidos apresentados por alguns de seus associados, ele alega que a agência não liberou nenhum registro até o momento.

A resolução 3.290/2013 exclui do procedimento de outorga as instalações rudimentares que atendam à navegação interior e instalações para apoio operacional ao desenvolvimento das atividades de empresas de navegação interior, credenciadas perante os órgãos competentes para a prestação de serviço de transporte de cargas, passageiros ou mistos.

O Sindarpa solicitou um posicionamento da Antaq quanto ao instituto do registro para as pequenas estações de transbordo de carga (ETCs). A diretoria da Antaq se posicionou favorável à concessão do registro para as pequenas ETCs. Rebelo III estima que existem mais de 100 terminais privados na Amazônia que podem ser beneficiados se esses registros começarem a ser aprovados pela agência. Ele diz que esses terminais serão legalizados no momento em que a Antaq der continuidade ao trabalho do registro, formalizado na resolução 3.290/2013.

Enquanto isso, alguns terminais buscaram equivocadamente classificação como ETC ou TUP. Outros não buscaram nada porque estão na poligonal do porto e esperam resolver o problema junto à Secretaria de Portos (SEP). “Às vezes, o terminal não buscou se regularizar porque está dentro da poligonal do porto e ele é tratado como porto público, mas na verdade não é”, afirma Rebelo III.

O Sindarpa apoia os armadores na briga com a SEP para revisar as poligonais, principalmente para Belém e Manaus. Um decreto da década de 1990 colocou diversos terminais privados de Belém (PA) dentro do porto organizado. Entretanto, Rebelo III alega que o porto público não dá estrutura para esses terminais privados, mesmo eles operando há mais de 50 anos na região Amazônica.

Ele explica que eles nada têm a ver com o poder público porque a empresa compra área, paga as taxas, licencia e monta seu terminal onde vai parar a balsa dele, e não de terceiros. O terminal consiste, basicamente, numa rampa com retroárea que distribui cargas para clientes no interior de estados como Rondônia, Pará e Amazonas.

Rebelo III observa que, como os demais portos em áreas públicas possuem movimentação mais significativa e envolvem mais dinheiro, acabam sendo os portos para quem os órgãos competentes olham na hora de criar regulamentação e na hora de trabalhar um projeto de lei. “Como tudo é pensado em porto de concessão, arrendar grandes terminais que não é realidade da região, o setor de navegação interior fica discriminado porque acaba não sendo contemplado”, argumenta.

O Sindarpa observa evolução da Antaq, reconhecendo existência de terminais privados e algumas particularidades da navegação, mas entende que a agência ainda tem muito a melhorar para reconhecer a realidade do país, principalmente na Amazônia, adaptando a regulamentação e trazendo as empresas e terminais para a legalidade. “Nossa expectativa é que a diretoria atual consiga virar esse jogo porque vem escutando o setor de maneira mais frequente e dando retorno melhor do que as anteriores”, aposta.

No final de setembro, empresários do segmento de navegação interior, se reuniram com a diretoria da Antaq, em Brasília, para debater temas relacionados ao setor aquaviário. O presidente da Fenavega, Raimundo Holanda Cavalcante Filho, trouxe à discussão a campanha dos empresários para integração dos modais, e pediu maior prioridade para a navegação. “Entendemos que o destino de toda carga gerada no Brasil são os portos, que é neles que nasce também a maior quantidade de cargas das importações, mas a navegação é fundamental para a logística. Fala-se muito de porto, têm-se muitos problemas no porto, mas a solução está na navegação", avalia.

O diretor geral da Antaq, Mário Povia, declarou que a área da navegação também é prioritária para a agência e acrescentou que a agência considera as áreas de portos, navegação marítima e navegação interior como parte de um todo, e os assuntos são tratados à medida que surgem. “Contem conosco com prioridade também nos assuntos hidroviários, sejam eles portuários, de ETC, IP4 (instalações de pequeno porte), de portos organizados nas hidrovias, seja de navegação", enfatizou.



Yanmar

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