Até o final de 2019, os 15,4 mil moradores de Buritama terão de conviver com o barulho de explosões no Rio Tietê. É o prazo para a conclusão das obras de aprofundamento no leito do rio para possibilitar a passagem de barcaças com cargas mesmo quando o nível das águas estiver mais baixo. Com o rio 2,4 metros mais fundo, os comboios poderão navegar pela Hidrovia Tietê-Paraná usando a maior parte de sua capacidade.
As obras devem evitar que se repita o fechamento da hidrovia por falta de calado – profundidade mínima do rio para permitir o deslocamento da embarcação – como aconteceu na grande estiagem de 2014. Na época, a hidrovia ficou fechada por quase dois anos porque os barcos não conseguiam transpor um trecho de dez quilômetros no Canal de Avanhandava, devido à falta de profundidade. Mensalmente, segundo o Departamento Hidroviário do Estado (DH), navegam em média 200 comboios pela hidrovia, movimentando cerca de 300 mil toneladas de carga, principalmente de grãos, etanol e celulose, o que também movimenta a economia da região.
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O aprofundamento tornará o uso do reservatório, formado pela barragem de Nova Avanhandava, mais favorável também para a geração de energia elétrica. A escavação do leito rochoso é feita com auxílio de explosivos. As detonações são precedidas de aviso sonoro, com detonação de espoletas simples para afugentar a fauna e acionamento de uma cortina de bolhas para amortecer a propagação do ruído. As vibrações são medidas com sismógrafos e microfones para controlar o volume do barulho. Conforme o DH, as obras foram aprovadas pelos órgãos ambientais.
Em 2017, a hidrovia movimentou 8,91 milhões de toneladas de cargas, frente a 6,29 milhões em 2013, ano anterior à paralisação causada pela seca. A expectativa é de alcançar 9,7 milhões de toneladas em 2018, com crescimento de 10%. O volume corresponde à carga transportada por 277 mil carretas bitrem, que deixam de circular pelas rodovias. A Hidrovia Tietê-Paraná tem 2,4 quilômetros de extensão, sendo 1,6 mil no Rio Paraná e 800 km no Estado de São Paulo, sob a gestão do DH. Seu percurso conecta os Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, grandes produtores de grãos, madeira e etanol.
Fonte: Estadão