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Transporte interior bate recorde histórico no terceiro trimestre de 2023

Todos os três meses apresentaram crescimento em comparação ao mesmo período do ano anterior

De julho a setembro deste ano, o transporte de carga por vias interiores no país foi de 33.79 milhões de toneladas, o que representa o recorde histórico do terceiro trimestre no Brasil. Os dados são do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).


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De acordo com o levantamento, o número representa um aumento de quase 6,1% em comparação ao terceiro trimestre de 2022, ano em que houve a maior movimentação por vias interiores no período. Quando comparado a 2019, até então considerado o ano recorde de movimentação de cargas por vias interiores, o crescimento é de quase 7,6%.

O recorde foi impulsionado pelos transportes de soja, contêineres e minério de ferro. Ao todo foram transportadas 4,1 milhões de toneladas da commodity agrícola, o que representa uma variação positiva de 79,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O transporte de contêineres foi de 2,6 milhões de toneladas pelas vias interiores, representando aumento de 13,23% em comparação ao terceiro trimestre do ano passado. Já o volume de minério de ferro transportado foi de 1,7 milhão de toneladas, aumento de 45,4% em comparação de julho a setembro de 2022.

Outro destaque fica para o petróleo e seus derivados, sem óleo bruto. No terceiro trimestre foram transportadas 2,5 milhões de toneladas do combustível, o que reflete em um aumento de 0,85% em volume transportado quando comparado ao ano anterior.

Todos os meses do trimestre apresentaram crescimento em comparação a esses meses de 2022. O destaque do trimestre é o mês de agosto, onde foram transportados quase 12 milhões de toneladas, representando um crescimento de 9,26% em comparação ao mesmo período de 2023. Julho registrou 12,45 milhões de toneladas transportadas (+ 6,9%) e setembro com 9,41 milhões de toneladas (+1,4%).

Regiões hidrográficas

Mais uma vez o principal destaque no transporte por vias interiores fica para a região hidrográfica amazônica, que movimentou 20,27 milhões de toneladas entre julho e setembro de 2023, representando uma variação positiva de 5,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A região hidrográfica foi responsável ainda por mais da metade de todo o transporte feito por vias interiores durante este período.

A região hidrográfica do Paraguai foi o principal destaque percentual ao longo deste período com crescimento de 71,4% (mais de 2,1 milhões de toneladas transportadas). Na região hidrográfica do Tocantins-Araguaia, responsável por pouco mais de um terço de todo o transporte do período, foram transportadas 12,8 milhões de toneladas, um aumento de 0,5% quando comparado ao período de julho a setembro do ano anterior.

A navegação de longo curso em vias interiores representou mais de 16,5 milhões de toneladas de julho a setembro (alta de 13,32%). A Navegação Interior, por sua vez, apresentou 11,3 milhões de toneladas transportadas (variação positiva de 9,1% em comparação ao mesmo período de 2022), enquanto a Cabotagem em vias interiores apresentou decréscimo de 13,5%, com 6 milhões de toneladas transportadas.

Rios amazônicos

A seca no Amazonas teve efeito mais pontual na navegação de alguns rios. No terceiro trimestre, a navegação interior pelo Rio Negro apresentou redução de 18,3% em comparação com o terceiro trimestre de 2022, com efeitos na circulação de óleo bruto (-83%), derivados de petróleo (-23%) e Contêineres (-35%). As rotas mais afetadas foram as de Manaus-Porto Velho e Manaus-Itacoatiara.

A cabotagem utilizando o Rio Negro também foi bastante impactada, com redução de 17,1% no trimestre, puxada por quedas no transporte de derivados de petróleo (-74%), que tiveram sua logística muito afetada, e Cimento (-31%).

Já na Hidrovia do Rio Amazonas, ocorreu crescimento na navegação interior (+1,8%) e no longo curso em vias interiores utilizando o rio (+3,7%), mas percebe-se também o impacto da seca na cabotagem utilizando essa hidrovia (- 12,3%), com impacto no transporte da bauxita, que caiu 19,7%.

O Rio Madeira, apesar da seca, não apresentou redução nos volumes transportados nesse terceiro trimestre. O transporte no rio, que foi apenas de navegação interior, cresceu 5,1% no período, com crescimento de 43% no total de soja transportada. Os contêineres que circulam pelo rio apenas registraram queda significativa (-42%).

Hidrovias como solução

O estabelecimento das hidrovias que, para assim serem denominadas pressupõem a existência de serviços sistemáticos de dragagem, balizamento e sinalização, é resposta de médio e longo prazos para amenizar consideravelmente os problemas de estiagem e seca nos rios, como os que temos observado nos últimos anos e, em 2023, de forma mais intensa na região amazônica.

Esse é o entendimento do diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, que defende que a consolidação do modal atenuará futuros impactos de estiagens, secas e outros fenômenos climáticos nas regiões hidrográficas.

“Contamos com uma natureza pródiga, que nos presenteou com abundância de rios navegáveis, contudo, como pudemos observar nos últimos anos, essas regiões navegáveis são suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas. Por sua vez, uma hidrovia propriamente instalada, tem em seu planejamento a execução de serviços de infraestrutura que proporcionam previsibilidade para a navegação. O nosso PGO Hidroviário, aprovado em outubro pelo Ministério de Portos e Aeroportos, apresenta projetos prioritários para a elaboração de estudos de viabilidade que embasarão futuras concessões.”

Ainda de acordo com Nery, a Antaq tem em seu planejamento realizar o leilão da primeira concessão hidroviária, a do Rio Madeira, em 2024.






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