O World Shipping Council (WSC) manifestou apoio ao objetivo do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) de fortalecer o setor marítimo norte-americano, mas se posicionou firmemente contra a proposta de tarifas sobre navios construídos na China ou frotas que incluam embarcações chinesas ou com pedidos ativos na China. Segundo a entidade, a medida agravaria a inflação para consumidores e empresas nos EUA, ameaçaria empregos e afetaria especialmente agricultores e exportadores de commodities sensíveis ao preço.
Durante audiência do USTR sobre o tema, o CEO do WSC, Joe Kramek, afirmou que as propostas de tarifas e exigências para uso de navios construídos ou com bandeira dos EUA resultarão em aumento de custos e ineficiências logísticas, sem induzir mudanças eficazes nas práticas chinesas. A proposta prevê cobrança de até US$ 1,5 milhão por entrada em porto para navios construídos na China e até US$ 1 milhão para embarcações operadas por empresas com navios chineses em sua frota ou encomendas.
PUBLICIDADE
Kramek alertou que tais tarifas causariam congestionamento nos grandes portos e redução de serviços em portos menores, além de praticamente dobrar as tarifas de frete entre Nova York e Roterdã para navios médios. Ele ressaltou ainda que estaleiros norte-americanos enfrentam longas filas de encomendas e escassez de mão de obra, dificultando qualquer aumento na produção, enquanto a falta de marinheiros certificados limita a possibilidade de reverter navios estrangeiros à bandeira dos EUA.
O executivo também questionou a legalidade da proposta, alegando que ela extrapola os limites da Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA de 1974, cujo objetivo é eliminar práticas comerciais estrangeiras prejudiciais, e não gerar receita ou promover produtos domésticos. Kramek defendeu que o governo trabalhe com o Congresso em uma estratégia de longo prazo e se colocou à disposição para contribuir com a experiência dos membros do WSC, que representam mais de 90% da capacidade global de navios porta-contêineres.