Nem só dos campos em águas ultraprofundas da nova fronteira do pré-sal vive a Petrobras. A empresa vai investir US$ 20 bilhões nos próximos quatro anos para recuperar a produção na Bacia de Campos, região histórica de exploração de petróleo em alto mar e que já está em operação há 42 anos, com muitos campos entrando em sua fase de declínio natural.
Com isso, o Estado do Rio deve receber R$ 9 bilhões a mais de royalties até 2024, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado do Rio de janeiro (Firjan).
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O montante destinado à Bacia de Campos representa mais de um quarto do volume total de investimentos previstos pela Petrobras em seu Plano de Negócios 2020-2024, que é de US$ 75,7 bilhões.
- A maior parte do investimento previsto na Bacia de Campos será realizado em áreas localizadas no Estado do Rio de Janeiro - confirmou o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Pereira de Oliveira.
Analistas afirmam que o Estado do Rio vai se beneficiar principalmente com a instalação de bases de empresas prestadoras de serviços, o que deve ocorrer sobretudo em Macaé. A estimativa de arrecadação com royalties, feita pela Firjan a pedido do GLOBO, considera a produção adicional de 550 mil barris por dia de petróleo na Bacia de Campos que consta no plano da Petrobras para a revitalização da área.
Todos os esforços da Petrobras serão para que a produção na Bacia de Campos em 2024 seja a mesma deste ano, ou seja, de cerca de 1 milhão de barris por dia de óleo equivalente. Se os investimentos não fossem feitos, a previsão era de que a produção em Campos cairia à metade até 2024.
Região já foi 78% do total
Para se ter uma ideia de como os campos da região vêm entrando em declínio, em outubro a Bacia de Campos foi responsável por 1,18 milhão de barris por dia, 31% da produção total do país, que é de 3,78 milhões de barris por dia.
Em outubro de 2010, a Bacia de Campos produziu 1,86 milhão de barris por dia, o que na época representava quase 78% da produção total do Brasil, que era de 2,4 milhões de barris.
Um dos principais focos do plano para a Bacia de Campos será a revitalização do campo de Marlim, com a substituição das antigas nove plataformas de produção por duas novas, com capacidade conjunta para processar 150 mil barris por dia de óleo.
O campo de Marlim atualmente tem sete plataformas, responsáveis pela produção de cerca de 80 mil barris por dia de petróleo. Duas unidades já estão em processo de descomissionamento (desativação): a P-33 e a P-37.
O diretor da Petrobras explicou que, até o final de 2024, será interrompida a produção em todas as plataformas atuais do campo, com a operação apenas nas duas novas, que são do tipo FPSO (navio-plataforma).
O início de operação do primeiro sistema está previsto para 2022, com capacidade de produção de 80 mil barris por dia. O segundo sistema está previsto para 2023, com capacidade de 70 mil barris diários. As duas plataformas já tiveram os contratos para construção assinados.
Será instalada também uma nova plataforma de produção na área Parque das Baleias, com capacidade para 100 mil barris por dia de óleo. Com isso, serão interligados cerca de 100 poços em plataformas nos campos de Roncador, Jubarte, Albacora, Albacora Leste, Marlim Sul, Marlim Leste, Barracuda, Caratinga, Tartaruga Verde e Espadarte.
Outro projeto é o de aumentar a eficiência operacional das unidades existentes. Para isso, serão realizados testes de sísmica, para perfurar mais de dez poços exploratórios que foram adquiridos pela Petrobras nos leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) a partir de 2017.
A Petrobras também quer aumentar o chamado fator de recuperação, com a aplicação de tecnologias avançadas que permitem ampliar a capacidade de extrair petróleo dos reservatórios.
Segundo o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, atualmente o fator de recuperação na Bacia de Campos é de 15% — ou seja, do volume existente de petróleo nos reservatórios, 15% são retirados. O objetivo é chegar a um fator de recuperação de 23%.
— Com o uso de sísmica 4D, bombas centrífugas de alta potência e iniciativas de redução de custos, pretendemos aumentar ainda mais esse fator — afirmou Oliveira.
A Gerente de Óleo & Gás da Firjan, Karine Fragoso, disse que não é possível calcular quantos empregos poderão ser gerados por conta desse projeto na Bacia de Campos, mas certamente serão alguns milhares, graças à instalação de duas novas plataformas e à adoção de novas tecnologias. E esse tipo de serviço exigirá mão de obra especializada. Segundo a executiva, o Estado do Rio será um dos mais beneficiados.
- Não tem como fugir, o negócio é no Rio de Janeiro, seja com serviços diretos de suporte logístico ou serviços indiretos no comércio, em acomodação, hotelaria - ressaltou Karine.
Ela lembra que as encomendas da Petrobras têm efeito multiplicador: ao contratar uma empresa para afretar uma plataforma, por exemplo, a estatal acaba levando a uma cadeia de compras com fornecedores.
Fonte: O Globo