A produção de petróleo e gás no campo de Tupi (antigo Lula), no pré-sal da Bacia de Santos, emite menos carbono do que alguns dos maiores campos dos Estados Unidos e do Canadá, mas ainda tem uma intensidade de emissões mais alta do que áreas na Noruega e África, aponta um levantamento da consultoria S&P Global Platts.
O campo, que é operado pela Petrobras e está entre os maiores do mundo em volumes de produção, teve uma intensidade de emissões de 24,69 quilos de carbono por barril de petróleo equivalente (kgCO2 /boe) no mês de julho.
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Ao todo, Tupi teve produção de 917 mil barris por dia de petróleo e 42,3 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural em julho, por meio de nove plataformas, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O volume de emissões em Tupi é maior do que o do campo de Girassol, em Angola, por exemplo, que teve intensidade de 14,86 kgCO2 /boe no mês. As emissões também superam grandes áreas produtoras na Noruega. Os campos de Johan Sverdrup e Ekofisk registram emissão de 3,73 kgCO2 /boe e 11,18 kgCO2 /boe em julho.
Por outro lado, o campo brasileiro ainda emite menos do que outras grandes áreas produtoras nos Estados Unidos, a área de Bakken, nas reservas de xisto não convencionais (shale), que teve emissão de 30,86 kgCO2 /boe.
Os volumes medidos pela Platts foram antecipados ao Valor. A consultoria passará a divulgar, a partir de outubro, a intensidade de carbono na produção de 14 dos maiores campos de petróleo e gás do mundo, de modo a auxiliar a tomada de decisão de investidores e empresas da cadeia de refino, transporte, distribuição e comercialização.
A consultoria estima que, para compensar as emissões geradas durante a produção, um comprador do petróleo do campo de Tupi precisaria investir US$ 0,49 (cerca de R$ 2,6) por barril equivalente de petróleo em ações de reflorestamento, por exemplo.
Analistas têm apontado que as áreas capazes de produzir petróleo e gás com menos emissões de carbono vão ser mais competitivas na transição para uma economia de baixo carbono. Nesse cenário, o petróleo ainda vai ser consumido globalmente, mas vai ocupar espaço cada vez menor na matriz energética global.
“O conhecimento sobre os valores de intensidade de carbono, trabalhado em conjunto com mercado de carbono, vai acelerar investimentos em projetos que vão reduzir ou evitar emissões de gases de efeito estufa no futuro”, afirma a chefe da área de mercados de baixo carbono da Platts, Deb Ryan.
Em produção desde 2010, Tupi foi uma das primeiras grandes descobertas do pré-sal. A Petrobras opera a área em parceria com 65% de participação, em parceria com a Shell Brasil (25%) e Petrogal Brasil (10%).
Este mês, a estatal brasileira anunciou a intenção de atingir a neutralidade nas emissões de gases de efeito estufa nas operações sob seu controle em um prazo compatível com o estabelecido pelo Acordo de Paris. O tratado, assinado por quase 200 países em 2015, prevê a adoção de políticas para limitar o aumento médio da temperatura global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais até o fim do século.
Fonte: Valor