As eleições acabaram e agora é o momento da cobrança de melhorias por diversos setores econômicos. Uma das entidades que espera por mudanças é a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP). Entre as propostas da instituição, que foram apresentadas aos candidatos aos governos federal e estadual e que serão aprofundadas a partir de agora, está a criação de uma agência autônoma para administrar a hidrovia gaúcha.
O presidente da associação, Wilen Manteli, defende que uma melhor utilização das vias fluviais, como ocorre nos Estados Unidos e em países europeus, pode propiciar um salto de desenvolvimento econômico. O dirigente acrescenta que o fortalecimento da hidrovia beneficiaria também o acesso ao porto do Rio Grande. Cálculos preliminares divulgados pela ABTP apontam que pelo menos R$ 1 bilhão é perdido por ano no Rio Grande do Sul devido à logística inadequada de transporte, apenas no escoamento das exportações, através desse complexo.
Manteli ressalta que a agência precisará ser independente para realizar a organização, fiscalização e regularização do setor. A estrutura integraria todos os 66 municípios gaúchos que têm margem de rio, com potencial para o aproveitamento da hidrovia. Caberia às prefeituras oferecer incentivos para a implantação de empreendimentos junto às margens fluviais.
Outro ponto destacado pelo presidente da ABTP é que a gestão da agência não poderá ser modificada a cada mudança de governo por causa de interferências partidárias. A iniciativa contaria com a participação do Estado, mas também do meio empresarial.
Para Manteli, um modelo que pode servir de exemplo, sem a necessidade de copiá-lo na íntegra, é o do rio Mississipi, nos Estados Unidos. O dirigente lembra que são movimentadas através dessa via fluvial aproximadamente 600 milhões de toneladas em cargas ao ano. O presidente da ABTP comenta que a região norte-americana conta com uma agência que dispõe de profissionais para atrair investidores para a hidrovia.
A associação ainda debaterá com o governo estadual a dragagem do rio Gravataí, entre a ponte da BR-116 (na divisa de Porto Alegre com Canoas) e o encontro com o Guaíba. Ali estão situadas companhias com terminais portuários, alguns de grande porte, que movimentam mais de 2 milhões de toneladas ao ano, através de navios e barcaças. Entre essas cargas estão: fertilizantes, cereais, soja, combustíveis e outros granéis.
Essas empresas (Oleoplan, Merlin, Petrobras, Yara e Bunge) desejam assumir a dragagem do Gravataí. Porém, para isso, precisam da autorização do governo. Conforme Manteli, com um investimento de R$ 2 milhões seria possível dragar o rio em até 60 dias.
Sobre a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o presidente da ABTP comenta que uma das suas expectativas é de que não seja retomada a ideia do governo federal de apoiar a construção de um porto na região de Rocha, no Uruguai. A medida impactaria o mercado de vários terminais brasileiros. “Também precisamos de uma política portuária mais clara”, defende o dirigente.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)/Jefferson Klein
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