A ALL Logística redefiniu seu projeto de transporte de contêineres para Santos para tentar lançá-lo mais cedo. Com custo estimado em R$ 600 milhões, a maior parte destinado à ampliação dos túneis que levam as linhas da operadora em direção ao porto, o projeto ganhou uma versão mais barata para poder ser colocado em funcionamento mais rapidamente - possivelmente ainda este ano.
Hoje, a ALL tem dois grandes projetos de transporte de carga em elaboração. Um deles de contêineres, e o outro, de minério de ferro. Ainda em negociação com a Vale, o projeto de minério pretende trazer até 15 milhões de toneladas anuais da operação da mineradora em Corumbá (MS). A mina produz apenas 3 milhões de toneladas, mas um projeto da Vale, ainda sem data para sair do papel, quer elevar a capacidade de produção, e a empresa negocia rotas de escoamento. Segundo o presidente da ALL, Paulo Basílio, um dos dois projetos - o de mineração ou o de contêineres - será lançado em 2010.
Em contêineres, a ALL quer abocanhar parte das 30 milhões de toneladas de carga movimentadas em Santos, cerca de 97% disso por caminhão. Segundo a administração do porto, essa carga poderá chegar a quase 90 milhões de toneladas em quinze anos, e o perfil de seu transporte precisará mudar - dando mais ênfase à ferrovia.
Na visão da ALL, o transporte dessa carga por trem só é economicamente competitivo frente ao rodoviário se for feito em vagões "double stack", com dois andares de contêineres. Isso exigiria obras para aprofundar leito dos túneis de pelo menos uma das duas linhas usadas pela ALL na Serra do Mar de São Paulo, para que os vagões, mais altos, possam passar.
A nova versão abandona a ideia de aprofundar o leito dos túneis. A reforma, além de cara, implicaria paralisar uma das duas linhas da companhia, algo considerado inviável no momento, dado o crescente volume de carga encaminhado para o trecho - só o projeto Rumo Logística pretende colocar mais 9 milhões de toneladas de açúcar no trajeto.
Para driblar a dificuldade da profundidade dos trilhos, a ideia é levar os vagões double stack até o início dos túneis, e terminar os últimos 40 km de viagem em vagões simples. O principal centro de logística do projeto deve ficar em Campinas, a 290 km do porto. Na visão da empresa, a realização dos primeiros quilômetros sobre os vagões de dois andares já tornaria a operação viável.
A longo prazo, com o crescimento da operação, a saída da empresa seria reativar uma terceira linha sob concessão da ALL na Serra do Mar, sem uso. Isso exigiria investimentos no ativo, mas evitaria a suspensão do fluxo nos dois ramais em uso pela malha.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Teixeira | De São Paulo
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