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ArcelorMittal almeja porto Sudeste da LLX

O porto do Sudeste, na região de Sepetiba, litoral do Rio de Janeiro, é o ativo que mais atrai a gigante ArcelorMittal, do magnata do aço indiano Lakshmi Mittal, segundo apurou o Valor com fontes do setor próximas às negociações que envolvem uma potencial aquisição desse ativo e das minas de ferro da MMX em Minas Gerais. Em junho, o empresário Eike Batista, controlador da MMX e da LLX, que será a operadora do terminal portuário, estiveram em Londres num encontro com Aditya Mittal, principal executivo de finanças da ArcelorMittal e responsável por fusões e aquisições no grupo.

Eike busca uma solução para a MMX, que enfrenta problemas para atingir seus planos de produção de 33,5 milhões de toneladas a partir de 2014. No momento faz apenas 2 milhões de toneladas e a empresa tem dificuldades para atender seus clientes, principalmente da China, conforme apurou o Valor. O empresário buscou sociedade com vários grupos que detêm operações de minério de ferro na região de Serra Azul (MG), onde ficam suas duas minas - AVG e Minerminas - e uma jazida, Bonsucesso, ainda na fase de avaliação de recursos minerários.

O problema, segundo consultor da área de mineração ouvido pelo Valor, é que a MMX, que propôs troca de ações para adquirir ativos que lhe permitissem fazer frente aos compromissos de fornecimento de minério assumidos, é o valor da relação de troca. Ela seria desfavorável ao candidato a sócio, pelo fato de a MMX ter um valor de mercado muito superior ao valor patrimonial de seu ativo.

O patrimônio líquido da MMX no fim de março era de R$ 833,6 milhões. Ontem, seu valor de mercado na BM&FBovespa alcançou R$ 5,99 bilhões, dia em que a ação ordinária da empresa fechou cotada a R$ 12,70, com aumento de de 6,54%, a maior alta do Ibovespa. Ou seja, o valor de mercado representa cerca de sete vezes o seu patrimônio. A Vale, também da área de mineração, tem um valor de mercado que é pouco mais de duas vezes o patrimônio líquido da companhia. Na Gerdau essa relação é de quase duas vezes.

O porto do Sudeste, cujo projeto está orçado em R$ 1,8 bilhão e fica no município de Itaguaí, começou as primeiras obras no mês passado. A LLX já acertou a compra dos principais equipamentos do terminal, incluindo dois carregadores de navios para minério de ferro, e as obras civis serão realizadas pelo consórcio ARG-Civilport. Está desenhado para exportar, em uma primeira fase, 50 milhões de toneladas por ano de minério de ferro extraído em Minas Gerais.

De acordo com os contratos feitos com os fornecedores, o porto terá de estar pronto no fim de 2011 para fazer o primeiro embarque de minério no início de 2012. Pelo cronograma, no primeiro ano o porto vai movimentar 20 milhões de toneladas, volume que sobe para 40 a 50 milhões em 2013. A partir de 2014, o terminal alcançaria ritmo pleno.

Para a ArcelorMittal, tornar-se dona ou sócia do porto é uma decisão estratégica. Atualmente, ela opera em Minas ativos adquiridos da London Mining em agosto de 2008, mas não dispõe de logística para escoar sua produção. A empresa utiliza um terminal da Vale, em Itaguaí, mas é limitada a 2 milhões de toneladas ao ano. Sua produção para este ano está prevista em 3,5 milhões de toneladas e no futuro pode atingir, apenas nessa mina, 10 milhões de toneladas.

Ontem, o presidente da ArcelorMittal Serra Azul, Sebastião Costa Filho, informou à agência "Dow Jones" que o grupo está em negociações com a MMX. "Teremos uma reunião na sexta-feira no departamento de fusões e aquisições da ArcelorMittal em Londres para tratar desse assunto", acrescentou o executivo, que acaba de assumir o cargo.

Eike tem reiterado ao mercado que não deseja sair da mineração de ferro no Brasil e muito menos desfazer-se do projeto do terminal Sudeste. No entanto, qualquer sociedade envolvendo venda ou associação da MMX não deve avançar sem incluir o porto.

As duas minas da empresa têm ainda o problema de serem arrendadas de um empresário em Minas, até 2021. O minério produzido é considerado de bom teor - 63,5% -, e a vida útil das suas reservas seria suficiente para 15 a 20 anos. Já a jazida de Bonsucesso sequer tem sondagem realizada para saber seu potencial. O investimento previsto para atingir a meta de produção é elevado e a MMX vem operando no prejuízo. Relatório da Itaú Securities aponta nova perda no segundo trimestre.

A siderúrgica chinesa Wuhan comprou 21,3% da empresa neste ano por US$ 400 milhões, o que aliviou o perfil financeiro da MMX. O novo sócio comprometeu-se a comprar até metade da produção de 33,5 milhões de toneladas.

Procuradas pelo Valor, tanto a MMX quanto a LLX informaram que não comentariam o assunto envolvendo negociações com ArcelorMittal ou outros grupos. O grupo siderúrgico ficou atraído pela proposta e a previsão é que um desfecho pode ocorrer antes do fim deste ano, após avaliações.

A Usiminas, outra potencial interessa no porto Sudeste (ao lado de so seu terminal), informou que vinha avaliando uma parceria com a LLX como uma das várias alternativas ao seu projeto.

Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão, Francisco Góes e Ivo Ribeiro, do Rio e de São Paulo






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