O Brasil deixou de embarcar, em março, 637.767 sacas de café, o equivalente a 1.932 contêineres, por causa de gargalos logísticos e infraestrutura defasada nos principais portos do país. Segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o prejuízo para as empresas com custos extras como armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates foi de R$ 8,901 milhões. Desde junho de 2024, quando o monitoramento começou, os prejuízos acumulados já somam R$ 66,576 milhões. A não exportação dessas sacas também gerou perda cambial de US$ 262,8 milhões (R$ 1,510 bilhão), considerando o preço médio FOB de US$ 336,33 por saca e o câmbio médio de R$ 5,7462 em março.
Apesar da entressafra de produtos exportados por contêineres, os problemas logísticos persistem e afetam diretamente a remuneração dos cafeicultores, que recebem menos com a redução dos embarques. Segundo o Cecafé, os investimentos em infraestrutura anunciados pelo governo, como o leilão do Tecon 10, a concessão do canal de entrada marítima de Santos, o túnel Santos-Guarujá e a terceira via da Anchieta, são importantes, mas terão impacto apenas em médio prazo, enquanto as perdas do setor são imediatas.
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Em março deste ano, 55% dos 325 navios que operam nos portos brasileiros tiveram atrasos ou alterações de escala. O Porto de Santos, responsável por 78,5% das exportações de café no trimestre, teve 63% dos navios com atrasos, incluindo 19 omissões de escalas e 13 cancelamentos de viagens. Um navio esperou até 42 dias para embarcar no porto.
Apenas 12% dos embarques em Santos contaram com mais de quatro dias de gate aberto, enquanto 55% tiveram entre três e quatro dias e 33% menos de dois. No complexo portuário do Rio de Janeiro, que respondeu por 17,2% dos embarques no trimestre, o índice de atraso foi de 59%, com o maior intervalo de espera chegando a 15 dias. Lá, 18% dos gates abertos duraram mais de quatro dias, 36% entre três e quatro dias, e 46% menos de dois.