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Cenário incerto não afeta interesse em novos leilões

Mesmo com as mudanças no cenário econômico e com uma percepção mais nítida sobre o risco político no negócio de concessões de infraestrutura, o que aumentou a tensão de investidores do setor, grandes empresas mantêm seus planos de disputar os leilões do governo federal previstos para este ano. Apesar de citarem mais receios e alguns mencionarem até maior dificuldade em obter capital, os executivos dizem que o interesse continua.

O diretor-presidente da Odebrecht TransPort, Paulo Cesena, descarta mudanças de estratégia da companhia nos leilões diante de um crescimento menor que o esperado para o país ou das oscilações do câmbio. "Diante de certos eventos, sempre tem algum tipo de reação exagerada. Mas é normal que exista volatilidade [do cenário econômico]", resume.

As manifestações populares no país também não devem trazer mudança. "Eu já passei por momentos como o 11 de setembro [de 2001], depois a quebra do Lehman [Brothers, banco de investimentos americano, em 2008]. Aqueles foram macro eventos. O que está acontecendo agora é compatível com a exposição de negócios de longo prazo. Não vi ninguém esfriar interesse", afirma. Mesmo sobre custo de capital no país, Cesena acredita que não há sinais de encarecimento para a empresa e para o setor. "Não tive nenhuma indicação contrária. Continua havendo forte interesse de investidores exatamente porque se fala de projetos de longo prazo", diz.

A companhia estuda todos os projetos de rodovias e aeroportos do governo federal, sendo que vai oferecer propostas mais robustas a "duas ou três" estradas - que começam a ser leiloadas em setembro. Para as concessões de Galeão (RJ) e Confins (MG), em outubro, Cesena diz que a companhia firmará parceria com a operadora asiática Changi dentro dos próximos 60 dias. A companhia ainda tem interesse em crescer no setor portuário e negocia a compra de um terminal de grãos no Nordeste.

O presidente da Triunfo Participações e Investimentos (TPI), Carlo Alberto Bottarelli, também diz que a companhia mantém os planos para disputar os contratos neste ano. "Estamos no Brasil há muito tempo. Continua o mesmo apetite", resume. Ele ainda descarta dificuldades com o suposto encarecimento do capital necessário para esses projetos, lembrando que os recursos - em maior parte - não precisam ser obtidos no mercado. "A maior parte do capital é público", diz. Os bancos estatais, principalmente por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), poderão financiar até 70% do investimento.

Bottarelli, no entanto, defende melhorias para os projetos ficarem ainda mais atrativos. Ele reivindica que a consolidação da dívida dos projetos não entre no balanço das empresas, mas que fique restrita ao endividamento do projeto. "É o mesmo problema que outras empresas têm. É uma agenda comum", diz. Em evento recente sobre infraestrutura, o vice-presidente da CCR, Ricardo Castanheira, fez comentários semelhantes. Segundo ele, as empresas não podem "colocar o próprio balanço como garantia" dos empreendimentos. Segundo o executivo, a companhia estava falando sobre o assunto com bancos públicos e autoridades do governo.

Presidente da Construcap, Roberto Ribeiro Capobianco diz que a empresa pode enfrentar custo de captação de capital mais alto. "De fato, os últimos acontecimentos [políticos e econômicos] trazem um custo e um risco adicional para as concessões", diz. Mas, segundo ele, isso não modifica os planos da empresa. "Nossa preferência é ter um bom contrato de concessão", resume. "Nas concessões rodoviárias, já houve vários movimentos para redução e eliminação de tarifas. Isso é um processo normal", diz. A empresa é a oitava maior empreiteira do país (em termos de faturamento, conforme ranking da revista "O Empreiteiro").

Entre especialistas e analistas de mercado, a preocupação com um suposto esfriamento do interesse nos leilões ganhou força depois das manifestações populares surgidas contra o aumento das tarifas de transporte urbano. Diante dos protestos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), chegou a congelar as tarifas de pedágio no Estado. As empresas afetadas divulgaram comunicados em que disseram aceitar a proposta do governo, mas mesmo assim houve queda das ações do setor.

O banco HSBC acredita que mesmo que não acarrete prejuízos às concessionárias, a medida adotada pelo governo de São Paulo para impedir o reajuste de preços de pedágio é arriscada. "Um dos principais riscos de baixa [para as ações na bolsa] continua sendo a intervenção regulatória. Acreditamos que a possível continuidade da interferência do governo cria potencial para desequilíbrios econômicos no futuro", informa relatório dos analistas Alexandre Falcão e Ravi Jain.

Procuradas, empresas como CCR (controlada por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido), EcoRodovias (CR Almeida) e Invepar (do grupo OAS e fundos de pensão) preferiram não comentar o assunto. Nos bastidores, sabe-se que os acontecimentos das últimas semanas deixaram os executivos em dúvida sobre os próximos passos do governo federal para o setor. Algumas empresas estão esperando serem chamadas a Brasília para conversar.

Mas a interpretação dos próprios executivos é que os acontecimentos não interferiram diretamente nos planos. As reivindicações que os grupos propõem em geral são as mesmas de antes das manifestações. Algumas empresas, por exemplo, ainda temem os prazos apertados para investimentos. Procuradas, a estatal Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que coordenam o assunto, descartaram alterações de cronograma e mudanças na rentabilidade dos projetos.

Fonte: Valor Econômico/Fábio Pupo | De São Paulo


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