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Construção de molhe guia-corrente pode proteger praias da erosão na Bacia de Santos

Uma obra de abrigo portuária a ser construída na Baía de Santos, na região da Ponta da Praia, pode ajudar a conter ou mesmo reduzir o processo de erosão na orla e ainda diminuir a necessidade de dragagem em áreas do estuário santista. A ideia, segundo especialistas entrevistados por A Tribuna, tem até o potencial para se tornar uma atração turística.

A proposta, apresentada inicialmente na década de 60, envolve a implantação de um molhe guia-corrente. Trata-se de uma espécie de quebra-mar, com uma estrutura de rochas ou concreto, que sairia da margem do canal, na Ponta da Praia, seguiria ladeando a via de navegação e passaria em frente à faixa de areia.

Esse tipo de obra afetaria a hidrodinâmica do estuário, especialmente nessa região, explica o engenheiro civil e professor universitário Gilberto Berzin, que ministra aulas de Hidrologia e Hidráulica Geral na Universidade Católica de Santos (UniSantos) e é especialista em circulação oceânica utilizando modelagem hidrodinâmica e emissários submarinos.

Em tese, um molhe guia-corrente nesse trecho da baía pode confinar parte das correntes de maré que circulam pelo canal de navegação do Porto. Essa medida dificultaria a passagem delas pela região das praias, reduzindo a erosão da faixa de areia – que estaria protegida pela estrutura. Simultaneamente, a obra evitaria a dispersão dessas correntes pela baía e elas manteriam a velocidade e a energia. Como consequência, conseguiriam transportar, por maiores distâncias, os sedimentos que carregam, largando-os em pontos com maior profundidade.

“O guia-corrente é uma bela solução. Ele direciona o fluxo da água, evitando que ela deixe os sedimentos na baía e, dependendo de sua posição, (o molhe) pode proteger a faixa de areia das correntes e da movimentação de água causada pela passagem dos navios. Assim, a princípio, pode impedir que as partículas sólidas das praias sejam arrastadas, diminuindo a erosão”, explicou o professor.

A coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Universidade Santa Cecília, a engenheira civil e professora universitária Alexandra Sampaio, concorda que um molhe guia-corrente é uma opção para combater a erosão na orla, especialmente na Ponta da Praia, e reduzir a demanda por dragagem. Para ela, é possível que a estrutura “possa impedir as correntes que saem e correm paralelas à orla, de passar pelas praias”.

Alerta

Mas tanto Alexandra como Berzin alertam que a opção de se construir um molhe deve ser objeto de estudos, que vão determinar a viabilidade, a eficácia e as próprias características da obra – como e onde deve ser construída e qual sua extensão, altura e largura.

“O estuário é uma região complexa. Qualquer alteração em sua hidrodinâmica, o que ocorreria com a construção do molhe, pode mudar a movimentação de correntes e ondas. Por isso, qualquer interferência tem de ser precedida de estudos complexos. A princípio, o molhe pode ser uma boa solução para a erosão, mas não se pode afirmar nada com certeza sem que a questão seja muito bem estudada”, explicou a coordenadora do NPH, da Unisanta.

Segundo o professor Gilberto Berzin, a construção de um molhe guia-corrente demanda um estudo hidrodinâmico de circulação oceânica de todo o estuário, com um maior detalhamento na área da Ponta da Praia e em suas proximidades. "Essa é uma pesquisa bem completa, com informações sobre as correntes provocadas pelas marés, as ondas e seu correspondente transporte de sedimentos, localizando áreas de erosão e sedimentação”, explicou.

Segundo Berzin, com base nesses dados, é possível construir um modelo computacional do estuário, simulando o movimento das correntes e das ondas. E com dados captados a partir de sensores instalados na Baía de Santos, pode-se calibrar a simulação, aumentando sua exatidão.

“Com um modelo bem calibrado, é possível prever as diversas situações e definir a melhor solução (para o controle da erosão), dentre elas, um molhe guia-corrente ou até um molhe com área suficiente para abrigar diversas atividades em sua estrutura”, afirmou o professor, referindo-se à possibilidade de a obra ter um potencial turístico, abrigando um calçadão para a circulação de pedestres. “Mas tudo isso só podemos definir após os estudos”.

E a coordenadora do NPH, Alexandra Sampaio, complementa: “Serão essas pesquisas que vão nos dizer o que podemos fazer e até onde podemos ir, inclusive em relação aos custos da obra”

Fonte: A Tribuna online/LEOPOLDO FIGUEIREDO






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