Ao menos 70 trabalhadores portuários foram demitidos ontem, terça-feira (29), pelo terminal Ecoporto Santos. A empresa culpa a crise econômica ao confirmar os desligamentos, mas sem quantificá-los. O sindicato da categoria, que homologa os cortes, acredita que ao longo da semana até 500 funcionários sejam afetados e ameaçam uma greve a partir desta quinta-feira (1º).
Os demitidos ocupavam cargos operacionais nos pátios da companhia, localizada na Margem Direita (Santos) do Porto: controle de acesso, fiscal de serviço, supervisão de operações entre outras funções. Eles foram surpreendidos com a decisão, comunicada oficialmente pela manhã, quando se apresentavam para iniciar o turno normalmente.
O presidente do Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários de São Paulo (Settaport), Francisco Nogueira, condenou a decisão do terminal e disse que deverá recorrer à Justiça para reverter. Nos últimos meses, os sindicalistas dizem ter tentado evitar que novos cortes ocorressem, mas não houve sucesso.
“Negociamos até mesmo a redução de salário para que os trabalhadores continuassem empregados, mas não houve acordo”, fala Nogueira. Ele refere-se ao cenário desanimador, enfrentado depois de julho, quando outros 150 funcionários da mesma empresa foram desligados em razão de ajustes internos para atender à demanda do mercado.
O sindicalista, apesar de concordar com os desafios comerciais diante de uma economia instável, culpa as estratégias de competitividade adotadas pela firma no cais santista. “A crise pode ter responsabilidade, mas acredito que o departamento comercial do Ecoporto não está conseguindo suportar a chegada de novos terminais de contêineres”, afirma.
Por meio de nota, a empresa reiterou que os desligamentos ocorrem para adequar a estrutura operacional para os volumes hoje trabalhados na instalação. “Esta é uma medida necessária em qualquer indústria que precisa ajustar seu quadro de trabalhadores às circunstâncias de mercado”, pontua, ao complementar que tentará reverter o quadro.
O Ecoporto não informou o total de desligamentos nessa leva. No entanto, o presidente do Settaport acredita que mais demissões ocorram ainda esta semana. “Por isso, vamos avaliar uma greve por tempo indeterminado. Pelo menos 800 trabalhadores cruzariam os braços no Porto de Santos”, afirmou.
A paralisação será decidida nesta quarta-feira (30) em quatro assembleias extraordinárias marcadas para acontecer às 8h, 13h30, 16h30 e 19h30 no auditório do sindicato (Rua XV de Novembro, 152, Centro).
Fonte: Tribuna online/José Claudio Pimentel
PUBLICIDADE