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Embraport busca R$ 1,6 bi para financiar terminal

Controlada pela Odebrecht e pela Dubai Ports World, dos Emirados Árabes Unidos, a Embraport está buscando financiamentos de R$ 1,6 bilhão para seu empreendimento bilionário no porto de Santos. Essa quantia representa 70% do total de investimentos programados - ao todo, R$ 2,3 bilhões. De acordo com ata da assembleia de acionistas, estão em negociação contratos de até US$ 430 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e de até R$ 633 milhões com a Caixa Econômica Federal. O presidente da Embraport, Francisco Nuno Neves, espera que os contratos sejam fechados entre julho e agosto. A quantia de R$ 1,6 bilhão será buscada também com outras instituições, como BNDES e bancos privados.

Os investimentos no terminal portuário serão aplicados em duas fases. A primeira e mais cara delas refere-se à implantação de dutos para escoamento de etanol e da construção de 1110 metros para abrigar três berços de atracação. A previsão é que essa etapa seja concluída em outubro de 2012. No ano que vem, a empresa planeja operar o terminal em estágio experimental. A intenção é que a operação real comece em 2013 e que a receita alcance R$ 700 milhões anuais.

No futuro, pretende-se faturar um número ambicioso: R$ 1,2 bilhão anualmente, segundo Neves. Entretanto, isso só deve ocorrer em 2017, quando a segunda etapa de investimentos estiver concluída. Essa fase inclui a entrada em operação efetiva do terceiro berço de atracação e da compra de máquinas e equipamentos, como guindastes, para a movimentação de contêineres e outras cargas.

O objetivo é que o terminal movimente todo tipo de carga para clientes externos. A movimentação de cargas da própria Odebrecht é uma realidade. "O grupo, certamente, acaba trazendo mais carga própria para o terminal. Por exemplo, se a ETH [empresa de produção e comercialização de etanol do grupo] quiser fazer movimentação do álcool com transporte em mar, ela provavelmente vai usar o terminal. A Braskem, se precisar movimentar suas cargas, também. O objetivo é movimentar carga geral", informa. Quando o terminal operar com toda a capacidade, os gestores planejam movimentar aproximadamente 2 bilhões de litros de álcool anualmente (a Embraport tem autorização para operar como um terminal privativo de uso misto - uma figura jurídica que permite a movimentação de carga própria e também de terceiros).

Neves conta que o cronograma de investimentos foi alterado em 2009, devido à retração econômica global e à dificuldade na negociação com credores. "Desde quando compramos [a posição majoritária, em 2009], queríamos que as obras começassem a ser feitas no início do ano passado. Mas só começamos entre setembro e outubro, devido à crise e a negociações com bancos em relação a financiamento", diz.

A crise de 2009, inclusive, levou à alteração societária na empresa. Com o encarecimento da operação, o grupo Coimex (então controlador) buscou injeção de capital. Hoje, tem somente a menor parte da companhia: 15,2%. O Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que é administrado pela Caixa, entrou em 2008 e hoje possui 33,3% de participação. Um ano depois, entraram Odebrecht e DP World - com 51,4% em conjunto.

Controlada pelo governo de Dubai, a DP World - um dos principais operadores do setor portuário no mundo - anunciou na última semana a expansão na América do Sul com a compra do controle de duas empresas portuárias no Suriname. Há ainda quatro terminais em operação nas Américas: Vancouver (Canadá), Caucedo (República Dominicana), Callao (Peru) e Buenos Aires (Argentina). Participou da construção de 49 terminais e tem nove projetos em execução no portfólio em 31 países. Há menos de dois anos, passou por uma reestruturação de dívidas. Neste mês, a DP World anunciou a expansão de suas atividades na América do Sul com a compra do controle de duas companhias portuárias no Suriname.

Já a Odebrecht Transport, criada em 2010, tem atualmente nove investimentos, dentre os quais a ViaQuatro - empresa operadora de uma das linhas de metrô de São Paulo. Neves também diz que a Odebrecht "está de olho" em novos negócios no setor portuário. "Quando houve a movimentação de acionistas no terminal de Paranaguá, por exemplo, olhamos. Sempre estamos atentos a novas oportunidades", adianta o executivo, sem mencionar detalhes.

(Fonte: valor Econômico/Fábio Pupo | De São Paulo/Colaborou Carolina Mandl, de São Paulo).


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