O Porto de Santos vive a expectativa de grandes investimentos a partir de 9 de agosto, quando acontece o leilão das áreas STS13-A e STS20. O Ministério da Infraestrutura espera arrecadar ao menos R$ 335 milhões. Especialistas ouvidos pela Reportagem apontam que o primeiro lote, com vocação para operar com granéis líquidos combustíveis, tem maior potencial por lances.
O terminal em questão fica na Ilha Barnabé, na Margem Esquerda do cais santista, onde operava a Vopak, que encerrou as atividades em 2012 – desde então a região está ociosa. Nessa área, a previsão é obter mais de R$ 115 milhões por um contrato de 25 anos.
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De acordo com consultor Portuário e diretor da V2PA, Marcos Vendramini, o lote fica em uma região nobre e deve gerar grande interesse. Ele acredita empropostas superiores a R$ 250 milhões.
Vendramini conta ter visitado o terminal recentemente e que o estado de abandono é lamentável. “Quem assumir vai gastar entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões para recuperar (os equipamentos) e voltar a ser do jeito que era. Roubaram pedaços de tanques, ar-condicionado, há mato, tem que substituir tubulações, entre outras coisas”.
O consultor portuário e sócio da Agência Porto, Ivam Jardim, também acredita no sucesso do lote, com uma grande concorrência e altos valores de outorgas. “Essa expectativa vem dos recentes sucessos dos leilões no setor de líquidos (combustíveis). Além disso, a área do STS13-A é a última disponível no atual layout da Ilha Barnabé”.
Contraponto
O presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino, acredita no potencial das áreas que serão leiloadas, mas, entende que a STS20, em Outeirinhos, terá mais interessados. O governo espera uma outorga de pelo menos R$ 220 milhões.
Atualmente, a área é explorada pela Pérola, empresa que tem entre os seus acionistas o Grupo Rodrimar.O terminal opera através de contrato de transição, vigente até outubro.
“São poucos operadores que atuam nesse segmento (sal marinho). Inegavelmente é um mercado de operação estratégica do Porto de Santos. A distribuição de sal para várias destinações é algo muito estratégico”, diz Aquino.
Sobre a STS13-A, o executivo vê muita concorrência de granéis líquidos combustíveis. Aquino ressalta que a área em que o lote está situado precisaria de, ao menos, dois píeres de atracação. “Se a Codesp construísse seria um grande atrativo”.
Novo edital
O Governo Federal já tentou leiloar o STS20, mas não obteve sequer um lance. O edital foi revisto e atualizado.
O consultor portuário e diretor da Agência Porto, Fabrizio Pierdomenico, acredita que o principal ponto de desinteresse da iniciativa privada foi o governo ter colocado um preço máximo de cobrança do serviço portuário para fertilizante e sal.
“O relançamento do edital corrigiu essa falha. Hoje, só o sal marinho tem price cap (preço máximo de R$ 50,28 por tonelada) - por não ter concorrência. Para fertilizante o preço é livre, o que é justificável, pois há concorrência, inclusive intraporto (no mesmo cais)”.
Pier do menico acredita, portanto, que, com a mudança, surgirão empresas interessadas em participar do leilão do STS20. “Mas é claro. O número de players interessados na movimentação de granéis líquidos é sempre maior do que de fertilizantes, que é muito específico”.
Fonte: A Tribuna