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Estudo defende aprofundamento do canal de Santos

Evitar o cancelamento de atracações no Porto de Santos e custos excedentes, causados pela falta de profundidade no canal de navegação, é o objetivo de um projeto desenvolvido por alunos do curso de MBA em Logística Nacional e Internacional do campus da Esamc na Cidade. A pesquisa defende que o cais santista seja aprofundado para 17 metros e, assim, navios cada vez maiores possam realizar suas operações em segurança, sem o risco de cancelar suas escalas. “Todo cancelamento (de atracação) gera uma desperdício de tempo e custo monetário, principalmente quando atrelado à falta de calado (profundidade que pode ser atingida pelo navio sem o risco de encalhar). Tendo como base o trabalho desenvolvido, aumentado o calado, poderíamos atracar navios com maior capacidade de carga e assim tornar o Porto de Santos competitivo e muito mais moderno”, destacou a professora Amália Borges, que orientou o trabalho. A pesquisa foi desenvolvida por quatro alunos, que atuam no setor portuário. O tema foi proposto justamente por conta de suas experiências profissionais. Apesar disso, a maior dificuldade no trabalho acadêmico foi o levantamento dos dados financeiros a respeito do impacto do cancelamento de escala para os armadores. O princípio é básico. As grandes embarcações, que atracam em modernos complexos portuários, têm limites de calados maiores. Assim, a entrada desses cargueiros em portos menos profundos é cercada por dificuldades. Nesse cenário, a divulgação de cronogramas de dragagem e as previsões de novos investimentos portuários se tornam elementos essenciais para a competitividade dos portos brasileiros, tendo em vista as estratégicas logísticas e comerciais dos armadores, destaca o estudo. Em Santos, isto tem um peso ainda maior, já que o complexo recebeu, no ano passado, 5.193 embarcações e movimentou 111,15 milhões de toneladas de cargas. “Podemos evidenciar que é imprescindível para os armadores considerar o impacto comercial de uma decisão e, também, apurar antecipadamente e estrategicamente todos os custos decorrentes desta escolha de cancelamento, independente das razões que incentivaram o início do estudo relacionado ao cancelamento”, explicou a orientadora da pesquisa. Assoreamento A manutenção da profundidade do Porto de Santos requer investimentos constantes. Isto porque o canal de navegação sofre um assoreamento (deposição de sedimentos, como areia e lama, que tornam o canal mais raso) intenso, demandando uma dragagem contínua. E quanto mais profundo a via, maior é o assoreamento. Segundo dados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a urgência da dragagem cresce “exponencialmente” quanto mais fundo fica o canal. Quando o Porto trabalhava com um limite de calado de 11,2 metros de calado, essa medida era mantida com a retirada de 2,7 milhões de metros cúbicos de sedimentos por ano. Hoje, para 13,2 metros de calado, é necessário extrair 6 milhões de metros cúbicos de sedimentos anualmente. Quando o limite do calado for de 14,5 metros – possível com uma profundidade de 17 metros–, 18 milhões de metros cúbicos de lama terão de ser dragados a cada ano. Levantamentos do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar) apontam que, nos navios conteineiros, a cada um centímetro de redução de calado, deixa-se de carregar de sete a oito caixas metálicas. Já no caso das embarcações graneleiras, a cada um centímetro reduzido no calado, deixa-se de embarcar 100 toneladas. A estimativa leva em conta navios tipos Cape Size ou Panamax. Inspirado em reclamações Dois profissionais do setor de Informática e dois da área de Comércio Exterior com uma mesma observação: o grande número de reclamações de clientes por conta do cancelamento de escalas no Porto de Santos. E, em parte dos casos, os motivos eram os limites de calado (profundidade que um navio pode atingir sem correr risco de encalhar) do canal do cais santista. Alexandre Fernandes, Marcelo Matheus, Reinaldo Augusto de Carvalho e Denilson Andrade resolveram se debruçar sobre a questão e identificar os principais impactos das restrições de calado no Porto de Santos, pelo ponto de vista de vários envolvidos no setor. Para Reinaldo de Carvalho, que é formado em Comércio Exterior e atua no departamento comercial de uma armadora, o impacto comercial é um dos mais maiores. Isto porque, com o cancelamento de uma escala, o cliente (no caso, o dono da carga) deixa de receber sua mercadoria e fica insatisfeito. Com isso, é possível que ele cogite outra alternativa de transporte, por conta da falta de confiabilidade do setor, além de repassar o custo excedente para o consumidor. “O calado é um dos principais pontos que influenciam a operação. Há muitas reclamações de clientes por omissão, que é o cancelamento de escala. E isso é bem crítico para os clientes, porque eles deixam de receber o contêiner a tempo, o que pode comprometer até mesmo uma fábrica, no caso de produtos de importação”, explica Carvalho. Já Alexandre Fernandes, que é formado em Ciências da Computação e atua como analista de suporte na mesma empresa, destaca as dificuldades logísticas que surgem quando uma escala de navio é cancelada. Neste caso, o transtorno é operacional. “A gente sabe que as estradas da região são bastante saturadas e, com isso, o cancelamento de escala é um dos piores fatores que a gente tem. Cancelou uma escala, então a carga do cliente fica parada no terminal ou o caminhoneiro tem que ficar na estrada por um tempo até outra janela, o próximo navio”, explicou. Todo esse rearranjo gera custos. É o que lembra Marcelo Matheus, que é engenheiro da computação e atua como analista de suporte. “Em uma viagem de importação, era para recebermos contêineres em Santos e essa escala foi cancelada. Eles vão ter que ser descarregados em outro porto. O armador vai ter que despender de espaço em outro navio para pegar a carga e transportá-la e isso gera um custo, além do stress comercial”. Investimentos públicos Para evitar os problemas causados por restrições de calado no Porto de Santos, o grupo aponta apenas uma solução: um maior comprometimento por parte do Governo para a regularidade da dragagem. Os profissionais apoiam o atual plano dos operadores portuários de aprofundar para 17 metros o canal de navegação até 2017 e, assim, consolidar o cais santista como um distribuidor de cargas (hub). Para eles, esta seria uma situação ideal para o complexo mas, antes, é preciso garantir a solução do problema mais urgente, que é a manutenção das profundidades atuais. Fonte: A Tribuna online/Fernanda Balbino





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