Preocupação. Esse foi o principal sentimento demonstrado pelo público presente esta manhã durante o seminário de Salvador, terceira cidade a receber o projeto “Confea/Crea em Campo”. Sentimento também destacado pelo presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, principalmente após a apresentação do painel que abordou o tema “Planejamento do evento – apresentação dos projetos existentes”.
“Não houve discussão técnica, com apresentação de projetos, etapas, cronogramas e ações que já estão sendo desenvolvidas. Houve uma apresentação de intenções somente. E não vemos isso como suficiente. O que podemos perceber até aqui é que o cronograma pode estar atrasado, isso comparando com o que vimos nas outras cidades – Brasília e Belo Horizonte – onde já realizamos as audiências. Isso nos preocupa”, afirmou Marcos Túlio.
Essa preocupação também foi compartilhada pelo presidente do Crea-BA, Jonas Dantas, ao destacar que as discussões mais aprofundadas sobre infraestrutura não aconteceram. “A execução dos projetos está aquém do tempo estabelecido, mas isso não significa que Salvador esteja inviabilizado como sede. É preciso correr contra o tempo e ser mais transparente”, afirmou.
Na mesa, coordenada pelo presidente do IAB-BA, Daniel Colina, o secretário Ney Campello, da Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 na Bahia (Secopa), e o coordenador do Escritório Municipal da Copa (Ecopa), em Salvador, Leonel Leal, falaram de algumas ações que os governos estadual e municipal estão realizando.
Ney Campello, ao falar sobre a agenda do governo baiano, focou no Plano Diretor da Copa de 2014. “O Programa Copa 2014 de Salvador acabou de concluir o arranjo de governança, com o programa de obras estruturantes. Uma estrutura de gestão capaz de integrar todos os atores, numa matriz de responsabilidade compartilhada, por ser um regime de cooperação entre entes federativos, com a necessidade de gestão qualificada e compartilhada”, destacou.
Ao defender a necessidade de um Plano Diretor da Copa de 2014, o secretário enfatizou que para a Federação Internacional de Futebol (Fifa), a Copa é tão somente a necessidade de estruturação do evento, mas para o país sede vai além. “O viés da qualidade é importante porque temos que realizar um evento com qualificado. Se os números nos dão uma grande dimensão é preciso discutir ações que justifiquem a aplicação de recursos públicos. Essa é a real perspectiva de um legado”, defendeu Campello.
Para o secretário, ter um ciclo de eventos já montado é importante para assegurar a sustentabilidade. “O Brasil é um país com grande capacidade para atrair investimentos, por isso estamos vivendo um ciclo em que o esporte se apresenta como uma estratégia de desenvolvimento, se afastando somente da visão lúdica e proporcionando a redução das assimetrias regionais. Com cinco cidades localizadas nas regiões norte e nordeste, vamos democratizar o desenvolvimento. Todos os brasileiros e os municípios precisam se beneficiar de alguma forma”, ressaltou, lembrando que “não adiante ter portos, aeroportos e estádios, se o nosso povo não estiver pronto para receber. Qualificar a mão de obra é fundamental para reforçarmos esse legado”, propôs.
Plano Diretor da Copa 2014 – o propósito do governo da Bahia, de acordo com Ney Campello, é transformar o evento em legado para a sociedade. “O Plano será entregue no início de maio. Nele, desenvolvemos uma estratégia para os jogos, coma montagem de uma carteira estratégica de projetos. Não é com uma Copa do Mundo que vamos solucionar todos os problemas baianos e de Salvador. O que vamos iniciar com a Copa é um ciclo de crescimento, mas é necessário priorizar, pois não há recursos suficientes para o equacionamento de todos os problemas. Pode agora iniciar um ciclo importante de transformação.
“O documento traz uma proposta de governança para uma Bahia economicamente forte, ambientalmente sustentável e socialmente justa”, finalizou Campello.
Leonel Leal, coordenador do Escritório Municipal da Copa (Ecopa) em Salvador, apresentou o planejamento que está sendo feito pela capital baiana para receber os jogos da Copa. “A prefeitura de Salvador entendeu que o planejamento estratégico é necessário não só para o cumprimento das ações, mas para gerar o legado que todos esperam da Copa, por isso trabalhamos com os conceitos de legado institucional e social. O legado físico é mais perceptível, por isso é importante que tenhamos a visão dos outros legados, sobretudo a social”, destacou.
Focando na matriz de responsabilidades e no papel que cabe à prefeitura de Salvador – signatária do acordo das cidades-sede (Host City Agreement), o palestrante falou que o órgão é o responsável direto pela viabilização do evento junto ao governo do estado e à União, além de ser o principal interlocutor junto à FIFA. Na gestão da cidade, estabelece os compromissos firmados com a comunidade, além de exercer o papel de articulador com os setores públicos e privados.
Sobre os recursos que serão alocados para o Mundial, sobretudo para infraestrutura, o coordenador da Ecopa fez um breve relato do montante envolvido, sem detalhar os cronogramas:
Arena Fonte Nova – com um custo orçado de R$ 591,7 milhões, está com o cronograma em conformidade com a Fifa, estando na fase de troca de solo; estaqueamento; contenção em solo grampeado verde; terraplenagem do edifício garagem e área externa. O prazo para finalização está previsto entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013.
Porto de Salvador – tem o custo orçado em R$ 36 milhões e, de acordo com o palestrante, está com o cronograma em conformidade com a Fifa. A conclusão do projeto básico está previsto para junho deste ano, com prazo de finalização previsto para maio de 2013.
Reforma aeroporto Salvador – o orçamento prevê investimentos variando entre R$ 45 a R$ 127 milhões. O cronograma, de acordo com o palestrante, está em conformidade com a Fifa, estando atualmente no início do projeto básico. A finalização da reforma está prevista para abril de 2013.
Corredor estruturante aeroporto/acesso norte – orçada em R$ 570,3 milhões, o cronograma, de acordo com Leonel, está em conformidade com a Fifa, com a entrega do projeto básico até o final deste mês e previsão de entrega da obra para maio de 2013.
Diante de uma descrição superficial dos investimentos que serão feitos para a infraestrutura, a platéia demonstrou muita preocupação com a falta de detalhamento por parte dos dois palestrantes. Nas intervenções houve críticas à falta de projetos de impacto ambiental, a apresentação de ações práticas para que o Mundial que de fato deixe um legado para as comunidades mais carentes e, sobretudo, o pouco detalhamento sobre os projetos para melhorar a mobilidade urbana e a acessibilidade.
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