O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) não deve mais contar com a chegada da fabricante de equipamentos eólicos Fuhrländer. Em setembro de 2012, a empresa alemã deu entrada no pedido de falência no tribunal de Montabaur (Alemanha) e, no mesmo mês, rescindiu o contrato com a Eletrobrás Furnas para o fornecimento de aerogeradores e torres eólicas, os quais seriam produzidos a partir de uma unidade que seria instalada no Ceará.
A fábrica, que seria construída numa área de 10 hectares no Cipp, teve até a pedra fundamental cravada em abril do ano passado durante cerimônia promovida pelo governo estadual e o Ministério de Minas e Energia FOTO: ALEX COSTA
No entanto, segundo dados apurados pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cede), o protocolo de intenções da Fuhrländer com o governo estadual venceu em julho e, até agora, não teve nenhum pedido de renovação.
A atitude, aliada à falência da empresa na Alemanha, cancela o investimento de R$ 15milhões no Estado para a fabricação de aerogeradores e torres eólicas.
Sem benefício
Informações colhidas pelo Cede com a Junta Comercial, no entanto, dão conta que a razão social da empresa segue ativa. O órgão estadual ainda esclareceu que nenhum benefício foi dado para que o investidor instalasse a unidade no Ceará e nenhuma contrapartida era esperada. A fábrica, que seria construída numa área de 10 hectares no Cipp, teve até a pedra fundamental cravada em abril do ano passado durante cerimônia promovida pelo governo estadual e o ministério das Minas e Energia. Na ocasião, com a presença do ministro Edison Lobão e do proprietário da empresa alemã, Joachim Führlander, o governador Cid Gomes ainda destacou os produtos fabricados como os únicos elementos da cadeia eólica que faltavam ao complexo cearense.
No Ceará, além dos empregos e do retorno em impostos, a unidade da Führlander beneficiaria diretamente os parques eólicos de Aracati e Formosa, que são de responsabilidade da Furnas e teriam equipamento produzido pela unidade da empresa alemã que seria instalada no Pecém.
Além do investimento inicial de R$ 15 milhões, um novo montante de R$ 30 milhões - que já era cogitado pelos diretores alemães no dia da implantação do projeto, em abril de 2012 - ficaram para trás. Também fizeram companhia às aplicações a estimativa de contratação de 200 funcionários, os quais seriam levados à Alemanha para treinamento e, principalmente, para a tão esperada transferência de tecnologia para brasileiros.
Contrato cancelado
A empresa para a qual a Fuhrländer iria construir os aerogeradores, a Eletrobras Furnas - proprietária de dois parques eólicos no Ceará, em Aracati e Formosa -, possuía acordo firmado com a alemã desde antes de aportar no Ceará, mas rompeu definitivamente relações comerciais no fim da setembro de 2012, quando a alemã entrou em concordata.
Na época, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o presidente da Furnas, Flávio Decat, já anunciava um novo parceiro nacional para dar conta da produção de equipamentos que atenderiam a demanda de 14 parques eólicos sob a responsabilidade da estatal brasileira.
Apenas para Aracati e Formosa, a unidade pretendida pela Fuhrländer no Ceará estimou, na época da cravação da pedra fundamental, a produção de 147 máquinas, nas quais seriam usados os aerogeradores de 2 megawatts e 3,5 megawatts, além de torres de até 140 metros de altura.
A derrocada
A crise que abalou os cofres e, consequentemente, os projetos do engenheiro Joachim Fuhrländer, no entanto, não tem origem no Brasil. É resultado de um abalo nas finanças que resultou na quebra da sede da companhia, na Alemanha, o que repercutiu por todo o mundo devido à credibilidade dele no setor de energias renováveis.
De acordo com o alegado pelo proprietário da empresa de equipamentos eólicos no pedido de falência encaminhado à Justiça alemã e à imprensa internacional, "o problema está no atraso nos projetos de parte dos clientes, que têm dificultado a saúde financeira dos negócios, por resultado do atraso de pagamentos". Com a quebra da empresa, projetos da Fuhrländer - maiores até que o do Ceará - na Europa, Vietnã e Ucrânia, também estacionaram.
Fonte: Diário do NOrdeste (CE)/ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
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