O membro do Conselho da Autoridade Portuária (CAP) de Paranaguá Luiz Antonio Fayet afirma que as denúncias que vieram à tona com as investigações da Polícia e da Receita Federal não são novidades para os agentes envolvidos na operação portuária em Paranaguá. Mas, para ele, os desdobramentos das investigações podem representar o início de um processo de resgate da credibilidade e eficiência do porto. “Isso mostra para o importador que o poder público não está alheio aos problemas”, afirma.
“Desde 2003 estamos tentando mostrar isso à sociedade, através da apresentação de dezenas de pedidos de investigação ao Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União, Agência Nacional de Transportes Aquaviários, Secretaria de Portos, Ministério dos Transportes e até à presidência da República. São oito anos de denúncias e as consequências, até agora, representam apenas uma gota d’água diante de tudo o que ocorreu no porto”, afirma.
Segundo ele, as recorrentes reclamações de diferenças no volume das cargas geraram diversos protestos, alguns deles transformados em litígios judiciais entre importadores e exportadores. “Existem entidades que estão interligadas com os comandantes de navios e todos os elos da cadeia logística portuária e fazem o rating [classificação e avaliação de riscos] de diversos portos do mundo. O Porto de Paranaguá sempre foi altamente conceituado, mas desde 2003 vem perdendo credibilidade por conta dos sucessivos problemas e reclamações. A imagem do porto foi destroçada no mercado internacional.”
“O Porto de Paranaguá não é um porto de Paranaguá, muito menos do Paraná. É um porto do Brasil, cuja interlândia [área de abrangência] atinge sete estados e o Paraguai”, diz Fayet. Segundo ele, o prejuízo pode chegar à casa dos bilhões de dólares. “Essa é uma conta muito difícil de ser feita, pois envolve diversas variáveis, mas posso garantir que os números que tenho ouvido até agora são brincadeira perto do prejuízo que pode ter sido causado. Se a fraude custou R$ 1 a mais por saco de soja, imagine o quanto custou ao longo dos últimos oito anos para todo o Brasil”.
Fonte: Gazeta do Povo/Alexandre Costa Nascimento
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