A Secretaria de Aviação Civil (SAC) do governo federal recebeu, nos últimos meses, mais dois pedidos de autorização para uso de aeródromos em áreas privadas. Um deles é do grupo paranaense JMalucelli, que pretende erguer um novo aeroporto na região metropolitana de Curitiba (PR). A SAC já encaminhou o pedido à Aeronáutica, que vai avaliar a viabilidade do projeto.
A empresa planeja construir o empreendimento no município de Balsa Nova (PR), a 46 quilômetros da capital. O objetivo inicial do projeto é atender a indústria local. Segundo Joel Malucelli, fundador do grupo e coordenador do projeto, o aeroporto também pode ser beneficiado pela demanda de passageiros da região.
Em Curitiba e outros municípios vizinhos ao Aeroporto JMalucelli - como está sendo chamado - estão, por exemplo, multinacionais do setor automotivo, como Volkswagen, Renault e Volvo. A Audi também deve iniciar operação na capital em dois anos, com investimentos estimados em R$ 500 milhões. O novo aeroporto poderá atender ainda fabricantes da região de Ponta Grossa (PR), a 54 quilômetros do local.
Malucelli defende o potencial aeroportuário da região com base nos números da Infraero, estatal que administra a maioria dos terminais brasileiros. Em 2012, o Afonso Pena, em Curitiba, foi o sétimo aeroporto mais movimentado do Brasil em termos de cargas - com 51 mil toneladas de mercadoria movimentada - e o décimo em passageiros, com 6,8 milhões de pessoas ao ano.
Outra vantagem, defende Malucelli, é o fato de as pistas do atual aeroporto - com cerca de 2 mil metros - não possibilitarem pousos e decolagens com toda capacidade dos aviões (quanto mais carga, maior o comprimento de pista necessário). A pista do novo aeroporto teria o dobro das do Afonso Pena, ou cerca de 4 mil metros.
Mas o grupo também pretende que, já durante a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, o aeroporto seja usado para movimentar passageiros por meio da aviação executiva.
O empreendimento ficará em um terreno de propriedade do grupo. Hoje, há uma plantação de pinus no local prestes a ser cortada. A área total é calculada em 360 hectares (ou 360 campos de futebol, aproximadamente).
Segundo Malucelli, ainda não há um valor estimado de investimento. Os estudos avançarão com a eventual aprovação da SAC. Ele diz também que avalia a entrada de um eventual sócios, inclusive de um operador com expertise aeroportuária. Mas já adianta que o grupo tem interesse de ficar com pelo menos 50% de participação.
Outro projeto que passou oficialmente a ser analisado para autorização pelo governo federal é o de um heliponto no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. A floresta é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - órgão com responsabilidade de gerir unidades de conservação vinculado ao Ministério de Meio Ambiente.
Procurado, o ICMBio informou que o motivo da nova solicitação ao governo é fazer com que o heliponto possa estender suas operações, hoje feitas de forma "limitada". Em seguida à autorização, a autarquia planeja fazer uma licitação para uma empresa explorar, via concessão, voos turísticos sobre o parque. Antes, quem operava o serviço era a empresa Helisul - mas a licença já venceu.
Os projetos em questão surgiram depois que o governo estabeleceu, em julho deste ano, diretrizes para a exploração de aeródromos (toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de aeronaves) civis públicos. O plano define cinco modalidades de exploração: por concessão, por autorização, pela Infraero ou suas subsidiárias, pelo Comando da Aeronáutica e por delegação a governos estaduais ou municipais.
Além de JMalucelli e ICMBio, cinco outros projetos já foram solicitados, depois das diretrizes divulgadas, para serem operados em regime de autorização - destinada à exploração comercial de aeródromos de propriedade privada.
Um deles é o Naesp, da construtora JHSF, que ficará em São Roque. Há ainda o Helicidade, no bairro de Jabaquara, em São Paulo. Na mesma cidade, o Harpia - dos empresários André Skaf e Fernando Augusto Botelho, no bairro de Parelheiros. Também foram recebidos pedidos para o Aeroclube da Paraíba e para o Aerovale - este, da Penido Construtora, em Caçapava (SP).
O empreendimento da construtora JHSF já chegou a ser liberado, mas vem encontrando dificuldades no licenciamento ambiental. As obras não começaram porque não houve liberação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) - do governo paulista. Mesmo assim, a expectativa da JHSF é iniciar a construção no começo de 2014.
Fonte: Valor Econômico/Fábio Pupo | De São Paulo
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