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Mercado em expansão

Energia, petroquímica e construção naval estão em alta para segmento de cargas especiais >> Apesar de concluídas as obras para a Copa do Mundo e do baixo crescimento esperado para o Brasil em 2014, as empresas do segmento de cargas de projeto estão otimistas quanto às contratações não apenas para este ano, como para os próximos. Na espera de um resultado ainda melhor que em 2013, boa parte delas está investindo em novas máquinas e equipes especializadas nesse tipo de carga, caracterizada pelo grande peso e volume, precisando de transporte especial. O movimento é puxado principalmente pelos setores de energia, construção naval e petroquímica, cujo aquecimento vem compensando a retração dos investimentos na expansão das fábricas.


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O Presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC), Newton Gibson, considera que o segmento de cargas de projeto está em crescimento, principalmente devido às grandes obras no Brasil. “Eventos como a Copa do Mundo, recém-realizada, e as Olimpíadas de 2016, além das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a expansão de setores como o de mineração, petroquímico e de energia, fazem crer que o segmento de transporte de cargas especiais continuará aquecido durante os próximos anos”, diz.

Gibson informa que, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais (Sindipesa), a expectativa é de que o segmento registre 6% de aumento médio no faturamento em 2014, frente a 2013.

O que sustenta esse crescimento, na perspectiva da Triunfo Logística, é a mudança no perfil da demanda. Segundo o diretor comercial da empresa, Alexandre Lima, no ano passado as encomendas estavam ligadas principalmente à importação de peças para o setor produtivo, com destaque para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Ele relata que a demanda desse setor caiu de 60% a 70% este ano, enquanto a indústria naval ocupou o espaço, com aumento de 60% nos pedidos. Os estaleiros Inhaúma e Mauá, no Rio de Janeiro, estão com grandes encomendas para construção de plataformas da Petrobras.

Para Lima, o setor naval chegará ao pico de demanda nos próximos cinco anos. Dados da Associação das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav) confirmam que há motivo para acreditar nessa projeção, já que estão previstos investimentos de US$ 120 bilhões até 2020 no setor.

Após um primeiro semestre fraco, a BrazGlobal Projects Shipping & Logistics também nota o reaquecimento do setor naval, com a liberação dos investimentos no segundo período do ano, assim como ocorreu em 2013. Mas a previsão para o resultado acumulado em 2014 é mais otimista em relação ao ano anterior. A movimentação de carga geral em 2013 foi de 142 mil toneladas e a estimativa para 2014 é de aproximadamente 170 mil toneladas.

— Em 2013, a movimentação foi baixa em relação à quantidade de projetos por acontecer. Este ano, os projetos estão saindo do papel. Os estaleiros estão retomando os investimentos em cais, guindastes e outros equipamentos, tanto para construção de navios como para equipar embarcações — diz Vitor Amaral, diretor comercial e operacional da BrazGlobal (representante da companhia de navegação Biglift, segmentada no transporte marítimo de cargas pesadas e superpesadas).

A BrazGlobal estima que o número de navios vindos para o Brasil deverá aumentar em 50% este ano, em sua maioria com encomendas de grandes equipamentos provenientes de Coreia do Sul, Japão, Malásia e Europa, destinados a projetos não só de construção naval, mas também de energia. Em função da política de conteúdo local da Petrobras, Amaral percebe uma tendência inicial de exportação de partes, que retornam ao Brasil em equipamentos montados.

Assim como a BrazGlobal, a Ale Heavy Lift, neste segundo semestre, já aponta para um resultado superior aos primeiros seis meses deste ano e até ao mesmo período de 2013. Depois das obras da Copa e outros serviços executados na área de construção civil, a carteira da empresa se concentra agora em contratos para projetos dos Jogos Olímpicos de 2016 e o mercado offshore.

Um dos principais projetos em 2014 é o içamento de três componentes para a conversão da FPSO P-74 (unidade flutuante para produção, armazenagem e transferência de petróleo e gás) da Petrobras. Um dos componentes pesa 1,5 mil toneladas. O serviço está sendo realizado entre os meses de agosto e setembro deste ano.

A conversão do casco da P-74 está sendo feita pelo estaleiro Inhaúma (formado por Odebrecht, OAS, UTC e Kawasaki), no bairro do Caju, no Rio de Janeiro. Após a finalização dos serviços, o casco será reborcado até São José do Norte (RS), onde o estaleiro EBR (Toyo-Setal) continuará com o processo de conversão. Lá, a Ale também será responsável pelos içamentos, com guindaste de capacidade máxima de cinco mil toneladas, o que permitirá içar módulos de até 2,2 mil toneladas sem tirar o navio da sua posição de atracação.

Apesar da perspectiva de bons negócios apontada por parte das empresas, Márcio André Santos, gerente de projetos da Figwal Transportes Internacionais, vê um cenário pessimista para 2014. A empresa prevê redução de 20% no transporte de cargas de projeto.

— Essa diminuição está no mesmo nível do que as principais companhias de navegação têm nos reportado. A desaceleração da economia nos últimos anos e a acentuada retração dos investimentos da indústria verificada no primeiro semestre deste ano nos levam a crer que fecharemos 2014 com uma considerável baixa no movimento de cargas especiais, que, por suas características, exigem grandes investimentos e um ambiente macroeconômico mais estável e previsível do que o Brasil oferece no momento atual — analisa.

Segundo o gerente, para o próximo ano a expectativa é grande, mas a incerteza não fica atrás. “O único consenso é de que o resultado das próximas eleições influenciará — ainda mais do que no passado recente — a decisão de grandes investimentos em bens de capital que poderão ocorrer a partir de 2015. Por outro lado, restam dúvidas sobre como o próximo presidente conduzirá a economia diante dos grandes desafios e inevitáveis ajustes que não poderão mais ser adiados, especialmente nas áreas de energia, transportes, infraestrutura, taxa Selic, superávit primário, superávit fiscal e inflação em permanente ameaça de rompimento do teto da meta estabelecida pelo Banco Central.”

No entanto, assim como a BrazGlobal, a Ale e outras companhias relatam, a diretora comercial do Terminal de Contêineres (Tecon) de Salvador, Patrícia Iglesia, diz que o receio da Copa e das eleições desaquecerem o mercado não se concretizou na Bahia. Certos setores mantiveram os cronogramas de investimentos, mesmo que postergados para o segundo semestre.

A instalação ou expansão de indústrias na Bahia, como Jac Motors, O Boticário e Cerveja Proibida, vem estimulando o segmento de transporte de cargas de projeto no Tecon Salvador. Por ser um terminal de contêiner, a empresa do Grupo Wilson Sons movimenta cargas especiais quando há janela para operar. Quando não é possível, o navio vai para o cais comercial da Companhia Docas. No Tecon Salvador, em alguns casos, as cargas que chegam são reembarcadas para envio por cabotagem a outros estados, como obras de usinas eólicas no Rio Grande do Sul, afirma Patrícia.

Ela destaca o investimento de R$ 200 milhões feito pelo Tecon na ampliação do terminal, na aquisição de equipamentos de grande e médio porte para movimentação de cargas de contêiner, ampliação da área de armazenagem em torno de 50%, atendimento à legislação em relação a scanner e automação de gate. De acordo com a diretora, na estrutura do terminal cada berço possui três portêineres que podem ser adaptados para içar cargas de grande volume. E, no caso de necessidades especiais, como um equipamento com tonelagem superior à capacidade da empresa, as máquinas são alugadas.

— A movimentação no porto de carga eólica, por exemplo, segue descarregando e sendo movimentado a todo vapor. É um segmento que vem crescendo no Nordeste nos últimos três anos. Estamos falando não só de uma empresa, mas de várias que estão instalando polos de energia eólica no estado — afirma, ressaltando que se destacam entre os setores mais dinâmicos da Bahia os de energia eólica, petroquímico, automotivo, calçadista, de fertilizantes e agrobusiness.

Identificado pelos armadores como um dos principais motores do crescimento em cargas de projeto para os próximos anos, o setor de energia brasileiro deve receber investimento total de R$ 1,1 trilhão até 2022, segundo o Ministério de Minas e Energia. Serão destinados ao setor elétrico 23% desse montante, ficando petróleo e gás com 72% e os biocombustíveis com 5%. Por isso, o setor é uma das apostas da provedora de serviços logísticos DB Schenker no Brasil. “Também atendemos a pedidos de transporte de maquinário, mas como os investimentos no Brasil não estão tão fortes como antes, o pilar do nosso crescimento para o próximo ano está baseado no setor de energia, tanto a parte de óleo e gás, quanto a de energia sustentável”, afirma o gerente do produto marítimo Gabriel Zorzi.

A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) informa que especificamente nesta área — citada pelas empresas como uma das maiores demandantes — são 382 usinas já contratadas para serem instaladas ao longo dos próximos quatro anos. A entidade projeta a aplicação de R$ 16,8 bilhões em empreendimentos este ano, R$ 12 bilhões em 2015 e R$ 20 bilhões entre 2016 e 2018.

Na carteira da Aliança Navegação e Logística, a perspectiva para transporte de carga de projeto em 2015 é grande, principalmente de torres eólicas para o Nordeste e Sul do Brasil. Transformadores, pás e geradores são outros equipamentos transportados. Além disso, segundo o gerente geral de Assuntos Institucionais, Mark Juzwiak, a Aliança participa de leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, no Pará, para contratação de transporte de peças pesadas, como rotores e eixos dos geradores.

Este e outros empreendimentos vão garantir a demanda pelos próximos anos. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estão em construção 148 usinas de geração elétrica. O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2022 prevê 63.500 MW de potência para entrar em operação nos anos de 2013 a 2022, sendo 58% com leilões já realizados. O Ministério de Minas e Energia adianta que o PDE para 2023, em consulta pública, vai incorporar a expansão da energia solar (com leilão já em 2014) e ampliar as expectativas da geração eólica e a gás natural.

— Para os próximos três ou quatro anos, haverá licitações no setor eólico feitas e concessões definidas. Serão parques de 150 a 200 torres. A própria indústria eólica tem cada vez mais limitações na importação, então elas são obrigadas a fabricar no Brasil. Toda a indústria eólica está se instalando no país e montando fábricas para criar os componentes aqui. Isso faz parte dos contratos das licitações — avalia Juzwiak.

Com a fabricação local, ganha impulso o transporte de cabotagem, serviço lançado pela Aliança este ano com um navio multipropósito, o Aliança Energia, que começou a operar em maio, com capacidade para, aproximadamente, 19 mil toneladas de carga. A embarcação é equipada com três guindastes, que, juntos, podem içar peças de até 800 toneladas. Afretado de um armador alemão, o Aliança Energia tem bandeira e tripulação brasileiras.

A empresa estima que as cargas de projeto responderão por 6% dos negócios de cabotagem. No momento, a Aliança tem um contrato de cinco meses para atender à montagem de 150 torres eólicas no Nordeste e outros clientes estão sendo negociados. A expectativa é até o fim do ano faturar em torno de US$ 12 milhões.

— No ano passado, vários clientes, principalmente do setor eólico, nos procuraram perguntando: ‘Bom, qual é a solução de vocês para o transporte dessas peças diferentes que não cabem em contêineres?’. Começamos então a estudar o mercado e descobrimos que existia um crescimento muito grande desse tipo de cargas, que eram transportadas por rodovias, por linhas de eixo com caminhões especializados ou por barcaça em via marítima. Ou, ainda, por armadores estrangeiros com liberação, já que a bandeira brasileira é exigida por lei na cabotagem, mas, quando não há navios de empresas brasileiras de navegação, é dada abertura para que os estrangeiros operem — explica Juzwiak.

Confiante nas perspectivas para os próximos anos, a BrazGlobal lançou um navio em 2013 (chamado Happy Sky) e outro em 2014 (Happy Star), cada um com dois guindastes de 900 toneladas e capacidade germinada de até 1,8 mil toneladas para transporte de módulos de plataformas. Além disso, estão contratados mais dois navios que chegarão ao Brasil em 2015 vindos da China para o transporte de equipamentos modulares. As embarcações devem começar a operar até o início de 2016.

Há possibilidade, ainda, de contratação de outros dois navios entre 2016 e 2017. Amaral destaca também o investimento em navios para movimentação rolante que suportam sete módulos cada.

Como o cronograma para o transporte das cargas de grande volume é de seis meses a um ano de antecedência, a BrazGlobal já tem contratos firmados para 2015. A maré boa, de acordo com Amaral, é incentivada pelo Plano Estratégico da Petrobras para 2030, que preconiza o crescimento da produção de petróleo para uma média de quatro milhões de barris de óleo por dia. Diante da meta, o plano da empresa é investir US$ 220,6 bilhões entre 2014 e 2018.

Procurando garantir novas oportunidades de mercado, a DB Schenker assume a partir deste ano estratégia mais proativa. A empresa criou sua primeira equipe no Brasil especializada no segmento de transporte de cargas de projeto e, até julho, recebeu cotação de 270 projetos. Antes, a operação brasileira do grupo alemão Deutsche Bahn se concentrava no atendimento a pedidos de projetos europeus.

Com a nova linha de atuação, a DB Schenker Brasil espera um crescimento em 2014 “na casa de dois dígitos” e já tem alguns contratos firmados para 2015 no segmento de cargas de projeto.

— No ano passado, não havia grandes atividades geradoras de projeto no Brasil. Portanto, estávamos mais conservadores quanto às perspectivas para este ano, mas superamos nossas expectativas. Criamos então do zero um departamento que entra em contato com clientes, descobre demandas, pesquisa o mercado dando soluções rodoviárias, de armazenagem, de guindastes e de navios, sob nosso gerenciamento. Para nós, está sendo um grande crescimento em cargas de projetos — conta Gabriel Zorzi.

A aposta em equipe especializada para dar conta do crescimento da demanda também foi o caminho do Tecon Salvador, que contratou e treinou pessoal para atuar no segmento, desde a prospecção de clientes e venda até a operacionalização do transporte.

— Quando você descarrega mil contêineres, as caixas são todas iguais. Quando você traz uma carga de projeto, um embarque nunca é igual ao outro, porque no primeiro você pode empilhar e armazenar ao ar livre; no segundo, a carga não pode molhar; no terceiro, não pode empilhar, e assim por diante. São demandas específicas — detalha a diretora comercial do Tecon Salvador, Patrícia Iglesia.

O presidente da ABTC, Newton Gibson, diz que desenvolvimento e capacitação são justamente o necessário para o segmento de cargas de projeto se aprimorar. “É preciso ir além da melhoria na infraestrutura do transporte. Faz-se necessária uma renovação na frota de cavalos-mecânicos em uso no Brasil, que está superada tecnologicamente e conta com veículos com até 30 anos de uso. Além de solucionar o problema da insuficiência de veículos específicos, é preciso investir em treinamentos e reciclagem de profissionais, a fim de capacitá-los para exercer essa função. E não se pode prescindir da participação dos demais modais”, opina.






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