O ministro dos Portos, Edinho Araújo (PMDB), indicou na sexta-feira (14) dois novos diretores para a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária de Santos. Eles foram sugeridos por deputados federais paulistas, em um ofício entregue ao vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), no último dia 22 de julho.
A indicação foi confirmada pela Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP). Procurada, a assessoria da Codesp informou que não comentaria a questão.
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Segundo a assessoria do ministro, um dos futuros diretores é o administrador e engenheiro ambiental Francisco José Adriano, funcionário de carreira da Docas e seu atual gerente de Segurança do Trabalho, além de atuar como corretor de seguros. Ele foi escolhido para assumir a Diretoria de Operações Logísticas (nova denominação da Diretoria de Planejamento Estratégico), substituindo o engenheiro de transportes Luís Cláudio Santana Montenegro.
O outro indicado é o engenheiro Cleveland Sampaio Lofrano, da Superintendência Regional em São Paulo do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes. O ministro o selecionou para ficar à frente da Diretoria de Relações com o Mercado e a Comunidade (antiga Diretoria Comercial e de Desenvolvimento), hoje ocupada pelo engenheiro naval e funcionário de carreira das Docas José Manoel Gatto dos Santos.
As indicações dos novos diretores foram comunicadas à Codesp na manhã de sexta-feira(14), segundo a SEP. Os nomes devem ser apresentados oficialmente na próxima reunião do Conselho de Administração (Consad) da Docas, que ainda não foi agendada. Em tese, até lá, alterações podem ocorrer – o que já aconteceu na história da empresa.
Apesar dessa possibilidade, na sexta-feira(14), nos corredores da empresa, as mudanças na diretoria e as posses de Lofrano e Adriano eram consideradas como certas.
A diretoria da Docas é formada por cinco executivos: o presidente (atualmente, o engenheiro Angelino Caputo e Oliveira), e os diretores de Engenharia (o engenheiro civil e funcionário de carreira da empresa Paulino Moreira Vicente) e administrativo e financeiro (o administrador e economista Alencar Costa), além do diretor de Relações com o Mercado e Comunidade e o de Operações Logísticas. Segundo a SEP, a princípio, as mudanças vão ocorrer apenas nessas duas últimas pastas.
Ministro dos Portos, Edinho Araújo, indicou na sexta-feira(14) os novos diretores para a Codesp
Segundo fontes ligadas à Secretaria de Portos, inicialmente o ministro Edinho Araújo indicaria mais um diretor para a Codesp, o engenheiro civil Carlos Eduardo Bueno Magano. Profissional do setor, ele foi diretor de Administração da Docas de 21 de julho de 1995 e 10 de setembro de 1996, diretor do terminal açucareiro da Cosan no Porto de Santos na década passada e, nesse mesmo período, chegou a presidir do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp). Entretanto, seu nome foi vetado no Governo Federal por já ter atuado na Codesp.
Padrinhos
Os nomes de Adriano, Lofrano e até Magano foram propostos oficialmente ao ministro dos Portos por deputados federais de São Paulo. A relação integrou um ofício encaminhado pelo deputado federal Beto Mansur (PRB), primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, ao vice-presidente da República, Michel Temer.
No documento, com data de 22 de julho passado, Cleveland Lofrano aparecia como sugestão dos deputados Milton Monti (PR) e Nelson Marquezelli (PTB) para a Diretoria de Infraestrutura e Obras (hoje, de Engenharia). O ministro acabou indicando-o para a Diretoria de Relações com o Mercado e a Comunidade.
Em reportagem publicada em A Tribuna em 8 de agosto, Marquezelli informou que havia a necessidade de “indicar pessoas corretas, que ainda não passaram pela Codesp, mas que tenham conhecimento da empresa e do mercado”. Mas não soube dizer qual a experiência do profissional no setor portuário.
No ofício enviado a Temer, Francisco José Adriano foi apresentado como indicação dos deputados federais Marcelo Squassoni (PRB) e Baleia Rossi (PMDB) para a pasta de Operações Logísticas - o que ocorreu. Em entrevista a A Tribuna publicada em 8 de agosto, Squassoni disse que o profissional “foi uma indicação conjunta. Ele (Adriano) é de Santos, está há mais de 25 anos na empresa e é gerente do Porto, além de não ser político. Considero que a melhor coisa é indicar alguém que tenha cargo de carreira”. Ao comentar a indicação, Squassoni voltou a destacar o fato de Adriano ser um funcionário de carreira.
Já o deputado Baleia Rossi destacou ter ficado surpreso com a citação de seu nome na mensagem ao vice-presidente. “Não indiquei e não conheço nenhum dos nomes listados no ofício do deputado Beto Mansur, o que me causou muita estranheza ao ver meu nome citado e publicado no referido ofício. Esclareço que meu nome, portanto, foi usado indevidamente”, afirmou, em entrevista publicada no último dia 26 em A Tribuna. O parlamentar é filho do ex-presidente da Codesp e ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi.
O nome de Carlos Eduardo Magano também foi citado no ofício, como uma indicação dos deputados federais Beto Mansur e Ricardo Izar (PSD) para o cargo de diretor comercial e de Desenvolvimento.
Mansur confirmou a proposta. Na reportagem de 8 de agosto, disse que defendia “o nome que indiquei, que é do Magano. Ele é engenheiro, competente, já foi da Codesp e saiu limpo. Nunca indiquei ninguém no governo do PT, mas me pediram indicações porque eu sou de Santos, já fui prefeito, e, por isso, eu conversei com outros parlamentares durante o recesso, que indicaram outros nomes”.
Fonte: A Tribuna