A MLog, ex-Manabi, está dando um primeiro passo para transformar o antigo projeto de um terminal marítimo de minério de ferro em um porto multicargas. Hoje a empresa assina no Palácio Anchieta, em Vitória (ES), memorando de entendimentos com o governo do Estado e com o município de Linhares para desenvolver o Distrito Empresarial Norte Capixaba. A ideia é criar um porto-indústria à semelhança de Suape, em Pernambuco. Com base em incentivos fiscais, empresas nacionais e estrangeiras poderão se instalar em área de 12 milhões de metros quadrados pertencentes à MLog no distrito de Degredo, em Linhares.
Em uma primeira fase, a ser implementada em 18 meses, a MLog poderá investir cerca de R$ 800 milhões no projeto, segundo estimativas. O investimento inclui estudos com licenciamento ambiental, zoneamento e obras de infraestrutura. Do valor total previsto, 40% devem ser de capital próprio da companhia e 60% financiados. A MLog foi criada a partir da fusão, no ano passado, da mineradora Manabi com a empresa de navegação Asgaard, da empresária Patricia Tendrich Coelho. Na operação, Patricia passou a controlar a empresa tendo como sócios acionistas da mineradora, entre os quais Korea Investment Corporation (KIC), OTPP, EIG e Southeastern Asset Management, entre outros.
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O Valor apurou que a MLog entrou com pedido de consulta de financiamento para o projeto do Distrito Empresarial Norte Capixaba no Banco do Nordeste (BNB). O BNB disse que a informação sobre a consulta da empresa é protegida por sigilo bancário e não deu informações sobre o projeto. O empreendimento da MLog poderá contar com incentivos fiscais da Sudene, que inclui a região de Linhares (ES), e também de programas do governo do Espírito Santo.
Apesar da crise pela qual passa o país, MLog e o governo capixaba acreditam que, quando houver uma recuperação da economia, o norte do Estado poderá atrair investimentos. "É uma região que tem atrativos para novos negócios", disse o secretário de desenvolvimento do Espírito Santo, José Eduardo Faria de Azevedo. Ele disse que o memorando com a MLog prevê estudos para criar um polo empresarial na área da empresa. Esse polo, com porto associado, poderá atrair investimentos em petróleo e petroquímica, serviços logísticos, metalmecânica e rochas ornamentais, entre outros setores.
"É um projeto de longo prazo e confiamos na recuperação da economia [brasileira]", disse Patricia Coelho, presidente da MLog. Ela estará hoje em Vitória para a assinatura do memorando de entendimentos. Inicialmente, o porto da empresa em Degredo seria utilizado para exportação de minério de ferro dentro do projeto da Manabi, que detém direitos minerários em Morro do Pilar (MG). O projeto previa entre as alternativas logísticas a construção de um mineroduto para levar o minério de ferro até o litoral capixaba.
A partir da assinatura do memorando de entendimentos, a MLog deverá encaminhar estudos de licenciamento do projeto. Também serão feitos estudos de mercado e de viabilidade e montado um plano de negócios. A empresa precisará de autorização da Secretaria de Portos (SEP) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para o terminal multiuso. O memorando entre MLog, Espírito Santo e Linhares prevê ainda a criação de uma Zona de Processamento à Exportação (ZPE).
fONTE: valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio