Especialistas defendem o multimodalismo no lugar do intermodalismo em logística
Com mais de dez mil quilômetros de costa marítima, mas com o transporte de cargas internas realizado praticamente pelo modal rodoviário, o Brasil começa aos poucos a discutir e a buscar os meios adequados para dinamizar e expandir o transporte de cabotagem - movimentação de cargas entre portos de um mesmo País. Para tanto, muitos fatos, ou remadas, ainda precisam ser dados para quebrar, inicialmente, a cultura do caminhão, que subsiste apesar das péssimas condições das estradas brasileiras.
A observação é do consultor e professor de logística, Heverson Inamar Souza, para quem o transporte de cabotagem não crescerá sozinho, sem antes assegurar uma maior interface com os modais rodoferroviários e até aeroviário. Nesse sentido, ele aponta a necessidade de se melhorar os acessos aos portos para caminhões e trens; bem como equipá-los com melhor estrutura de logística, com equipamentos modernos para agilizar os procedimentos de carga e descarga, além de uma legislação mais ágil e menos burocrática. "Continuamos a praticar o intermodalismo, em vez do multimodalismo", alerta Souza.
Palestrante da Feira de Transporte Intermodal e Logística (Transmodal Brasil) que transcorre até amanhã, em Fortaleza, ele avalia ainda que as relações trabalhistas também precisam ser melhor discutidas, como forma de melhor capacitar e elevar a produtividade dos trabalhadores portuários.
Mar calmo
Souza ressalta no entanto, que nem tudo é só dificuldades e que muitos dos problemas poderiam ser facilmente resolvidos, tendo em vista a boa disposição e localização dos portos brasileiros. "Nossos portos são de fácil acesso, nosso mar é calmo e o clima é bom e sem intempéries, o que torna a navegabilidade mais segura e tranquila", (em relação ao transporte rodoviário), ressalta o professor.
Apesar de tudo, reconhece que "as tarifas portuárias ainda são muito elevadas" e os custos para transporte de cabotagem entre portos de uma mesma região também não são ainda, competitivos. "Mas entre regiões, em distâncias maiores, os custos se diluem e pode se tornar mais competitivo", defende.
Opinião semelhante tem o diretor da Transmodal, Feliciano Monte Ramos, para quem a interface entre os vários modais beneficiará a todos, à medida em que favorece a ampliação do volume de cargas transportadas. "A melhoria do ferroviário favorece até as transportadoras, que podem operar em trechos menores, a partir da criação dos centros de distribuição", diz.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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