Em mais uma ação em defesa do projeto do túnel imerso entre Santos e Guarujá, o movimento Vou de Túnel, fez uma blitz no Mercado do Peixe, em Santos, no sábado passado. O evento teve por objetivo conscientizar a população sobre importância do projeto, em especial no que se refere à segurança da comunidade e ao desenvolvimento da operação do Porto de Santos.
PUBLICIDADE
“Do ponto de vista técnico, não há dúvida de que o túnel imerso é uma opção melhor e mais segura do que uma ponte”, diz O ex-presidente da Autoridade Portuária de Santos e porta-voz da campanha Vou de Túnel, Casemiro Tércio de Carvalho. “Nosso objetivo agora é que esse projeto já saia integrado ao modelo de desestatização do Porto de Santos”, completa ele, em referência ao processo que o Ministério da Infraestrutura desenvolve para leiloar o complexo portuário.
Carvalho explica que o túnel imerso trará benefícios tanto para a cidade como para o porto. Do ponto de vista do município, além da passagem para carros e outros veículos entre Santos e Guarujá, o projeto prevê a construção de uma via para pedestres e uma ciclovia. O linhão da Usina de Itatinga, que traz a energia elétrica de Bertioga, também ganharia cabos subterrâneos.
“É possível prever até um regime de uso diferenciado para os caminhões que entram e saem do porto, de modo a evitar os horários de pico e desafogar o trânsito na região”, diz o porta-voz da campanha.
A ligação seca é um antigo anseio dos operadores do porto de Santos e dos moradores da cidade e do Guarujá. Por anos, prevaleceu a ideia de se construir uma ponte — proposta ressuscitada pelo atual governo estadual. Na avaliação de Carvalho, politizar a questão não é um bom negócio.
“Um projeto importante como esse não pode ficar submetido a um Fla-Flu de opiniões”, observa ele. “No mundo todo, há a recomendação de que ligações secas sejam feitas por túneis, de forma a separar o tráfego de navios do movimento do perímetro urbano”, completa Carvalho, lembrando que as ligações secas seguem as recomendações da Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo (Pianc).
O porta-voz da campanha Vou de Túnel observa que, por vezes, o serviço de ferry-boas é interrompido pelas condições climáticas ou marítimas — correntes, ventos ou temporais, circunstâncias que dificilmente atingiriam um túnel. Na semana passada, um navio de grande porte colidiu e destruiu o atracadouro de balsas causando a interrupção de travessia Santos-Guarujá. Já em uma ponte, há outro fator problemático:
"Sempre há o risco de um navio atingir um pilar”, afirma ele. “Não há a menor possibilidade de construir uma ponte no canal de navegação do maior porto da América Latina. A colisão de um navio com um pilar, por exemplo, poderia interromper a navegação no canal, com impactos negativos na operação do Porto de Santos e na economia do país"
O Ministério da Infraestrutura decide, até setembro, se será ponte ou túnel. Para Carvalho, o mais importante é que a obra aconteça juntamente ao processo de desestatização do porto.
“Deixar para 2023 ou 2024 é perder o momento certo de fazer essa obra tão importante”, diz ele.
A campanha Vou de Túnel recolhe assinaturas em uma petição online, disponível no site https://voudetunel.com. Até agora, 4,5 mil pessoas já subscreveram o texto.