De São Paulo - Há quatro anos, o grupo asiático Noble Grouptinha seis funcionários no Brasil e uma operação que se limitava basicamente ao negócio de compra e venda de commodities. Em velocidade asiática, nesses últimos quatro anos a Noble entrou num ciclo de crescimento no país que significou aportes de cerca de US$ 2 bilhões em um vasto portfólio de negócios, extrapolando a originação de matérias-primas agrícolas e minerais, para serviços logísticos, processamento de grãos e café, produção de biocombustíveis e de açúcar.
O brasileiro Ricardo Leiman, que há um ano deixou a diretoria de operações mundiais da empresa para ser o CEO global da Noble, antecipa que a empresa no Brasil deve fechar 2010 com uma receita de US$ 1 bilhão, um crescimento nada desprezível de 66% ante os US$ 600 milhões registrados em 2009. Mundialmente, a companhia, listada na bolsa de Cingapura, fatura US$ 40 bilhões.
A tendência é que a fatia brasileira nas receitas grupo cresça. Ele afirma que o Brasil foi o país escolhido pelo grupo como região estratégica em produtos agrícolas. Com terras disponíveis, solo e clima favoráveis, o Brasil tem os patamares de custos de produção adequados às estratégias da empresa. "Nosso modelo de negócio é controlar a cadeia de suprimento. Para isso, precisamos estar presentes em países de baixo custo de produção e repassar o produtor final a países de alta demanda", esclarece.
O fato é que hoje, o Brasil, onde a Noble tem 8 mil funcionários, é um celeiro de projetos da empresa. A multinacional colocará em breve em operação uma esmagadora de soja com capacidade para processar 1,3 milhão de toneladas do grão por ano e uma planta de biodiesel no Estado de Mato Grosso, maior produtor nacional de soja.
Além disso, vai inaugurar, no segundo semestre de 2011, um terminal intermodal de açúcar e grãos em Votuporanga (SP), com capacidade para movimentar 1 milhão de toneladas. O objetivo, diz Leiman, é usar a infraestrutura para volumes próprios e também prestar serviço a terceiros.
O investimento mais recente da Noble no Brasil foi a aquisição das duas usinas paulistas de açúcar e álcool do grupo Cerradinho, por R$ 1,6 bilhão, há duas semanas. A empresa já tinha duas unidades e, agora, com quatro usinas passará a processar 17,5 milhões de toneladas de cana, o que a posicionará entre os maiores do setor.
Juntas as unidades vão produzir 1,34 milhão de toneladas de açúcar, 600 milhões de litros de etanol e cogerar 750 mil megawatts-hora a partir do bagaço da cana. "Essa posição já é bem representativa. Nossa estratégia é diversificar, não sermos apenas produtores de açúcar e etanol. Não estamos olhando outras aquisições", afirma Leiman.
A empresa já está operando um terminal de combustíveis líquidos no porto de Itaqui, no Maranhão, e construindo um terminal graneleiro em Santos. Também tem duas misturadoras de fertilizantes, produto objeto de troca com produtores rurais por commodities. (FB)
Fonte: Valor Econômico
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