A lei para o controle das jornadas dos caminhoneiros tornará mais clara a precariedade de portos, terminais e estradas do país. Segundo especialistas, as excessivas jornadas ao volantes, agora proibidas, camuflavam os problemas de infraestrutura.
A longa espera nos terminais de carga e descarga, ou os congestionamentos, era compensada em parte nas jornadas de até 20 horas.
As primeiras negociações com clientes para revisar o valor do frete já foram abertas, diz Dirceu Capeleto, dono da transportadora Bergamaschi, uma das maiores do país.
A nova lei obriga todos esses profissionais, contratados, comissionados ou autônomos, a ter 11 horas de descanso a cada 24 horas.
As 13 horas restantes devem ser divididas entre o trabalho, as refeições e um descanso, também obrigatório, de 30 minutos a cada quatro horas ao volante.
A missão de fiscalizar será da Polícia Rodoviária Federal. Mas há um componente da lei que pressiona a própria transportadora a exigir o cumprimento das regras.
Numa eventual ação trabalhista, é a empresa que terá de provar que o funcionário não excedeu a jornada. Isso só será possível pelos instrumentos de medição dos caminhões, como o tacógrafo.
Representante de 70% do agronegócio da soja, produto que depende das rodovias para ser escoado, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) admite que a nova lei vai encarecer o frete rodoviário.
Fonte: Folha de São Paulo/AGNALDO BRITO DE SÃO PAULO
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