Longe de se refrear por causa do catastrófico derramamento de petróleo no Golfo do México, a indústria petrolífera mundial planeja fazer investimentos recordes no ano que vem, com uma boa quantidade de dinheiro para a exploração em águas profundas.
De gigantes como a Saudi Aramco, a ExxonMobil Corp. e a Petróleo Brasileiro SA a pequenas empresas com cinco funcionários, a indústria planeja gastar quase meio trilhão de dólares no ano que vem para encontrar e extrair petróleo e gás natural, segundo uma nova pesquisa do banco de investimento Barcalys Capital
Pela primeira vez em mui-tos anos, as grandes petrolíferas dos países ricos é que estão encabeçando a investida, aumentando seus orçamentos mais rápido que as estatais do setor, que dominaram os investimentos nos últimos anos."Isso está sendo alimentado pelo apetite por mais petróleo, a certeza de que os preços atuais continuarão e as empresas saindo da hibernação causada pela recessão", disse James West, analista do setor petrolí-fero no Barclaysque foi um dos autores do estudo, produzido anualmente desde 1982.
O Barclays calcula que o investimento em novos poços, plataformas de produção e outras infraestruturas chegará a US$ 490 bilhões ano que vem, 11% a mais que em 2010. O número se baseia numa pesquisa com 402 empresas. O investimento planejado reflete parcialmen-te o custo maior de encontrar e extrair petróleo em áreas de mais difícil acesso.
A cotação do petróleo chegou a US$ 90 uma semana atrás na Bolsa Mercantil de Nova York, pela primeira vez desde outubro de 2008, e tem se mantido nesse patamar no período entre o Natal e o ano-novo.As maiores produtoras de petróleo, um clube seleto formado por Exxon, Royal Dutch ShellPLC, ChevronCorp. e BP PLC, deve aumentar as despe-
sas de capital em 16% ano que vem, para US$ 108,6 bilhões, segundo o Barclays. Dez anos atrás, essas empresas demoraram demais para elevar o investimento após um período de baixa no petróleo e tiveram a pagar mais por plataformas de perfuração e outros serviços. Desta vez, elas parecem comprometidas a não cometer o mesmo erro.
A Chevron, que anunciou este mês uma alta de 29% nas despesas de capital, citou a vontade de desenvolver vários projetos marítimos de grande porte na costa do Estado de Austrália Ocidental, no Mar do Sul do China e no Golfo do México, apesar do processo de licença nos Estados Unidos ter ficado mais lento depois da explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril. Os outros grandes produtores ainda não divulgaram seus planos para as despesas de capital de 2011.
O vazamento de petróleo no golfo - de um poço operado pela BP - não diminuiu a crença da Chevron de que ela pode perfurar com segurança em águas profundas. "Isso não nos intimida porque há demanda e precisamos conquistar os recursos disponíveis para nós", disse o porta-voz Kurt Glaubitz.
A exploração em águas profundas deve abocanhar uma fatia ainda maior das despesas de capital das empresas.
Os estaleiros mundiais lançaram 25 novas plataformas de águas profundas este ano - e se espera mais 35 em 2011. A moratória no Golfo do México barrou a exploração em águas profundas da região por cinco meses e a aprovação de novos poços ainda está demoran-do muito. Mas a atividade em outras partes do mundo continuou praticamente inalterada.
A Petrobrasdeve orçar US$ 28,2 bilhões para as despesas de capital em 2011 - mais que qualquer outra empresa, segundo o Barclays. A maior parte vai para desenvolver as recém-descobertas jazidas em águas profundas na costa do Sudeste.
As petrolíferas também são motivadas pela lenta alta na cotação do petróleo. Durante uma reunião este mês no Equa-dor, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo não mostrou que pretende aumen-tar a produção, uma ação que o cartel geralmente consideraria se sentisse que a alta na cotação poderia coibir o crescimento econômico.
Fonte: Valor Econômico/Russell Gold | The Wall Street Journal
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