A pandemia de coronavírus parece não afetar somente a rotina socioeconômica dos municípios da região, mas também à do Porto de Santos - o maior da América Latina. Segundo o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos e Região e da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros, Nívio Perez dos Santos, a previsão é de redução de 30% na movimentação de cargas e a situação tende a se agravar se o mercado internacional não reagir.
"Os impactos serão grandes para economia nacional e local. As empresas que trabalham no Porto estão fazendo seus planejamentos estratégicos. O porto já sente os impactos da pandemia. Algumas cargas ficaram retidas na origem. Mas sentiremos mais nos próximos meses, apesar da retomada lenta da China, que é o nosso maior parceiro em comércio exterior", afirma.
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Nívio Perez revela que os órgãos que atuam nos portos, aeroportos e fronteiras tiveram que se adaptar e mudar sua forma de atuação diante do Covid-19 por conta do impedimento de contato pessoal. "Nesse sentido tivemos reuniões com inúmeros órgãos de controle e fiscalização para buscar uma forma de operar sem infringir seus regulamentos e atender a demanda do Porto. Buscamos ainda falar com terminais e agências marítimas que também tiveram que se adaptar, pois muitas ações para liberação de mercadorias ainda são presenciais", afirma.
EMPREGOS
O sindicalista ainda não tem informações a respeito de demissões parciais ou em massa no setor, que ele acredita só acontecer se o mercado não reagir. "A China está voltando a embarcar e receber mercadorias. Os EUA também são parceiros. Se eles voltarem ao normal rapidamente e o dólar baixar, um pouco o nosso movimento tende a crescer evitando demissões".
Apesar de tudo, Nívio Perez garante que o Porto de Santos está trabalhando normalmente, pois as autoridades criaram formas de atender e liberar os processos para mitigar os problemas. Para ele, as grandes portas de entrada do Covid-19 são os aeroportos. "Ainda que algumas embarcações cheguem com tripulantes contaminados, existe o trabalho muito bem fiscalizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com respeito a orientação e procedimentos. Os tripulantes ficam confinados nos navios e, em casos mais graves, são encaminhados a hospitais locais com toda segurança necessária", afirma.
PORTO-CIDADE
O sindicalista garante que as agências marítimas também têm dado apoio aos órgãos de fiscalização informando previamente suspeitas de tripulantes infectados. Exemplo disso, segundo ele, é o navio de passageiros Costa Fascinosa que, antes de sua atracação, já se sabia que havia infectados a bordo.
"O maior problema são os locais de grande movimentação e, aqui na Baixada Santista, temos várias cidades bem próximas do Porto. Muitos trabalhadores têm que pegar ônibus e barcas para chegar ao trabalho. Mesmo com o confinamento exigido pelos órgãos responsáveis, há vários trabalhadores de serviços essenciais, como o próprio setor portuário. Temos ainda supermercados, postos de gasolina, farmácias, hospitais, policiais e pessoal do delivery. Enfim, uma série de pessoas que não podem ficar em casa", completa.
Sobre a possibilidade das empresas portuárias colaborarem com o poder público doando valores para combater a pandemia, o sindicalista acredita que "cada um está fazendo o que pode. Creio que se eles mantiverem seus empregados já estão ajudando muito. Esses permissionários já pagam taxas e impostos à Prefeitura, ao que não impede de ajudarem com seus serviços e seu pessoal. Entendo que vivemos um momento diferente em que todos nós temos que nos conscientizar e buscar ajuda aos mais necessitados que, com certeza, serão os mais atingidos nessa pandemia", conclui.
Fonte: Diário do Litoral