Expansão do porto e descoberta do pré-sal atrai investidores à região. Metro quadrado em áreas valorizadas pode chegar a R$ 9.000.
A descoberta do pré-sal e a ampliação do maior porto da América Latina têm incentivado grandes construtoras a investirem no mercado imobiliário corporativo em Santos, cidade no litoral sul de São Paulo, a 72 quilômetros da capital. Estagnado durante duas décadas, o setor começa a se recuperar, e o número de lançamentos comerciais começa a alcançar o de residenciais, segundo o sindicato que representa o setor.
Vivemos em um momento de muita expectativa quanto ao petróleo, à expansão do porto. Diante desse cenário de retomada, vemos muita demanda por escritórios não só para empresas, mas para o setor de serviços”, disse o diretor-geral do Secovi-SP na Baixada Santista, Renato Monteiro.
Em Santos, os empreendimentos se concentram na orla da praia e no bairro do Valongo, conhecido como o centro velho, na zona portuária. Em regiões valorizadas como essa, o preço do metro quadrado pode chegar a R$ 9.000, de acordo com imobiliárias da região. Cinco anos atrás, era possível encontrar o metro quadrado a R$ 3.000.
“Os imóveis, tanto comerciais quanto residenciais, estão passando sim por um processo de valorização. No entanto, é preciso considerar que os preços subiram, mas o padrão dos imóveis construídos também mudou, as demandas são diferentes, e o preço do metro quadrado acaba incorporando tudo isso”, disse Domingos Nini de Oliveira, da construtora Conpral.
Essa retomada do mercado de imóveis corporativos começou a ser observada no final do ano passado. “Produtos comerciais no litoral é uma realidade recente. Em Santos, por exemplo, nos últimos 3 anos, foram lançados apenas 6 produtos, sendo efetivamente o ano de 2010 responsável por grande parte destes lançamentos”, lembrou Luiz Carlos Siciliano, Diretor Superintendente de Vendas e Marketing da Gafisa.
Só o Porto de Santos, por exemplo, grande rota de escoamento das exportações brasileiras, deverá receber investimentos – do governo federal e da iniciativa privada - que ultrapassarão US$ 6 bilhões até 2024, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
“Acreditamos no potencial da cidade e região, estamos adquirindo áreas para seguir com os investimentos, mas ainda não temos novidades para anunciar”, disse a diretora de incorporação da Cyrela São Paulo, Rosane Ferreira.
Na região central de Santos, está sendo erguida uma das maiores torres comerciais de Santos, o Wave Offices, da construtora Cyrella. Em um terreno de 2.090 metros quadrados, 210 unidades deverão ficar prontas até dezembro de 2013. Todas foram vendidas em apenas quatro meses. "Os escritórios foram adquiridos por investidores que acreditam neste potencial e por moradores da cidade que tem negócios voltados à atividade portuária”, disse a diretora.
Também atraída por uma localização estratégica, a Petrobras escolheu o Valongo para construir o que virá a ser a sede da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos. O projeto inclui a construção de três torres, com capacidade para 6.000 trabalhadores, em uma área de 25 mil metros quadrados. A primeira delas deverá começar a sair do papel ainda no final deste mês, com previsão de término em 2013.
Lugar para trabalhar, lugar para morar
Segundo estudo sobre o mercado imobiliário da Baixada Santista, divulgado pela primeira vez pelo Secovi-SP nesta terça-feira (14), de fevereiro de 2007 a abril de 2011, foram lançadas 20.542 unidades nos segmentos de residências verticais e horizontais em Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande.
Os imóveis de dois dormitórios tiveram, no período, a maior participação na oferta (42,8% ou 8.801 unidades), seguidos pelos de três dormitórios (36,6% ou 7.523 unidades); um dormitório (10,3% ou 2.125 unidades) e quatro dormitórios (10,2% ou 2.093 unidades).
Do total de lançamentos, 98,8% são empreendimentos verticais (20.299 unidades) contra 243 unidades horizontais.
Quanto aos preços dos imóveis verticais, o valor médio do metro quadrado na região ficou em R$ 3.254 mil (1 dormitório), R$ 3.631 mil (2 dormitórios), R$ 4.469 mil (3 dormitórios), R$ 5.552 mil (4 dormitórios). Por ser a primeira vez que o estudo é realizado, não há base para comparação.
“A performance pelo preço de venda ficou bem semelhante em todas as faixas de valores. Consequentemente, a região teve boa liquidez em todos os segmentos”, disse o Secovi, por meio de nota.
Já em relação aos horizontais, o preço do metro quadrado de um imóveis de 2 dormitórios foi de R$ 4.167 mil, 3 dormitórios, de R$ 6.541 mil e 4 dormitórios, de R$ 3.893 mil. Não foi divulgado preço de imóveis de apenas um dormitório.
Baixada tem aerporto e é sondada para novo porto
Diante da expansão do setor e da consequente escassez de terrenos que começa a preocupar o setor, os mercados das cidades que compõem a chamada Baixada Santista, já sentem os reflexos do aumento da demanda por imóveis em Santos.
Essa á uma região que tende muito a crescer, que está com o mercado residencial muito aquecido. Santos está começando a ficar sobrecarregada. Então, as pessoas que saem de outras cidades para trabalhar em Santos, acabam comprando imóveis em Guarujá, Praia Grande, Mongaguá...porque é perto e é mais barato”, afirmou Nini de Oliveira.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana, o preço do metro quadrado de um imóvel de dois a três dormitórios em Praia Grande, por exemplo, chega a R$ 3.500, dependendo do bairro. Em Santos, um imóvel equivalente, mas de alto padrão, pode custar até R$ 7.000.
De olho nesse potencial, as grandes construtoras também estão apostando nessas localidades. A Rossi, por exemplo, tem dois lançamentos na praia da Enseada, no Guarujá – sendo um deles um condomínio horizontal de alto padrão. Na Praia Grande, a construtora lançou um empreendimento de frente para o mar. “Até o final do ano, teremos outros lançamentos na região”, disse Rubens Junior, Diretor da Regional São Paulo da Rossi.
Na região, que ainda não despertou para o mercado de imóveis comercial, também conta com seus atrativos, ainda que os investimentos ainda sejam tímidos. Na cidade de Itanhaém, por exemplo, há um aeroporto que, em fevereiro deste ano, recebeu autorização da Agência Nacional de Avião Civil (Anac), para voos 24 horas. “Após essa resolução, algumas empresas demonstraram interesse em realizar voos comerciais no aeroporto itanhaense”, segundo informou a prefeitura municipal.
Ao lado de Itanhaém está Peruíbe, que chamou a atenção da LLX, empresa de Eike Batista, que estuda a construção de um porto que levaria o nome de Porto Brasil. No entanto, “em razão da crise econômica”, segundo nota da empresa, o projeto está suspenso. Porém, a companhia disse que a instalação do porto continua sendo reavaliado.
Fonte: Expresso MT/Do G1, em São Paulo/Anay Cury
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