DO RIO - Há coincidências entre o plano atual de revitalização do porto e o lançado no início do século 20, levando ao aterro da área que agora se pretende resgatar.
A obra na então capital foi bancada pela União, depois do fracasso de três projetos privados (o empréstimo de bancos ingleses equivaleu a 46% do Orçamento federal de 1903). O porto foi inaugurado em 1910 e tinha um terço dos 3,5 km de cais. A empreiteira inglesa só concluiu a obra no ano seguinte.
O aterro uniformizou uma faixa litorânea recortada, que abrigava, em 1906, 10% dos cariocas. Na época, as famílias mais ricas já corriam para os bairros oceânicos, que hoje se estendem ao Recreio dos Bandeirantes, a 40 km.
O plano atual reserva 3% dos R$ 8 bilhões para a preservação do patrimônio histórico. O cais do Valongo, onde chegavam africanos escravizados, foi desenterrado. Dividirá espaço com um VLT (veículo leve sobre trilhos) e "edifícios verdes".
O passado dificulta a regularização dos lotes públicos na zona. Um deles, registrado nos anos 1910, continua em nome da Prefeitura do Distrito Federal.
"O Rio deixou de ser capital do país, passou a capital da Guanabara, depois do Estado do Rio. Nada disso está no cartório", diz Jorge Arraes, presidente da Companhia de Desenvolvimento da Região do Porto.
Fonte: Folha de São Paulo
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