O programa Pró-Brasil, lançado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, na semana passada, ao lado de vários ministros, com a proposta de criar até um milhão de empregos, recuperar a economia e durar até 30 anos, deverá ser reformulado, para caber no Orçamento, disse uma fonte da equipe econômica.
Segundo ela, venceu a tese de que não é hora de pôr dinheiro público nas mãos de intermediários para tocar obras e gerar empregos, mas “na veia”, ou seja, diretamente nas mãos da população.
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O lançamento do programa, na semana passada, foi feito sem a presença da equipe econômica, gerando especulações sobre a saída do ministro Paulo Guedes do governo.
O ministro nunca escondeu a aversão à ideia de usar recursos públicos para a retomada. A equipe de Guedes defende o capital privado nesse processo, para não flexibilizar o ajuste fiscal.Salim
Nesta segunda-feira, o Pró-Brasil foi classificado por Guedes como "estudos".
— O programa Pró-Brasil, na verdade, são estudos, justamente na área de infraestrutura, de construção civil. São estudos adicionais para ajudar nessa arrancada de crescimento que nós vamos fazer. Agora, isso vai ser feito dentro dos programas de recuperação de estabilidade fiscal nossa. Nós não queremos virar a Argentina, não queremos virar a Venezuela, estamos no caminho da prosperidade — disse o ministro, em entrevista na porta do Palácio do Alvorada, ao lado do presidente Jair Bolsonaro.
Na prática, o programa Pró-Brasil, idealizado pelo ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Rogério Marinho, com apoio de generais palacianos, deverá ser reformulado, para caber no Orçamento, disse uma fonte da equipe econômica.
Semana passada, Marinho e Guedes trocaram farpas em reunião ministerial em que o plano foi apresentado. Guedes chegou a chamar o Pró-Brasil de “Dilma 3”, numa alusão crítica ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo petista. Ontem, o ministro voltou a criticar o uso de recursos públicos:
— O que não podemos fazer são Planos Nacionais de Desenvolvimento, como era antigamente. O excesso de gastos de governo corrompeu a democracia brasileira, estagnou a economia brasileira.
Procurado, o ministro Rogério Marinho não quis se manifestar, mas a auxiliares teria dito esperar que Guedes apresente alternativas para fazer com que o país volte a crescer e gerar empregos.
Marinho também teria afirmado que se sente “confortável” com a entrada do ministro da Economia nas discussões sobre o Pró-Brasil, porque não interessa uma nova crise que leve a um processo de rupturas.
O anúncio do plano sem Guedes preocupou investidores. Com apoio das áreas política e militar do Planalto, o Pró-Brasil seria baseado em obras públicas, nos moldes do Plano Nacional de Desenvolvimento, do governo Geisel.
Fonte: O Globo