A Superintendência do Porto de Rio Grande (Suprg) e a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) assinaram, ontem, quinta-feira (3), convênio objetivando uma nova etapa do projeto Bioconversão dos Sedimentos de Dragagem do Porto do Rio Grande em Energia Elétrica. Esse projeto consiste no desenvolvimento de tecnologia para a valoração dos sedimentos de dragagens do canal do porto, a qual permitirá o aproveitamento da lama na produção de energia elétrica. O convênio visa à consolidação dessa tecnologia, com a construção de uma planta piloto para o tratamento do material removido pelas dragagens, tornando o porto rio-grandino pioneiro no uso deste processo e agregando valor às atividades portuária e de proteção ao meio ambiente.
Conforme relatou o professor Fabricio Santana, desde 2008/2009 o Laboratório de Controle Ambiental da Escola de Química e Alimentos (EQA) da Furg vem se dedicando a esse projeto. Em 2010, a Furg firmou um convênio com a Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Governo do Estado do Rio Grande do Sul para avaliação conceitual do processo de bioconversão, trabalho desenvolvido em laboratório em pequena escala. Agora, a intenção é verificar a viabilidade de aumento da escala e implantar uma planta piloto na Furg, junto ao laboratório. A bioconversão é a transformação da matéria orgânica presente nos sedimentos, por meio de microorganismos, em eletricidade.
A partir da assinatura do novo convênio, feita ontem, serão adquiridos e instalados os equipamentos necessários e colocada em execução a nova etapa do projeto. "Acredito que, em breve, o processo dessa tecnologia trará bons frutos para o porto e a comunidade de Rio Grande", disse o professor Fabrício Santana. A Suprg está investindo nesta etapa R$ 600 mil, dos quais 30% são destinados à formação de recursos humanos, 6% na divulgação, 30% em equipamentos, 4% em material de consumo e outros 30% em infraestrutura.
O convênio é por um período de um ano, sendo que ao final deste deverá ocorrer a implantação da planta piloto. O projeto é coordenado pelos professores Fabrício Santana e Christiane Saraiva Ogrodowski, ambos da EQA. "A tecnologia está sendo desenvolvida levando em consideração os conceitos sociais, econômicos e ambientais", observou Christiane.
O superintendente do Porto, Dirceu Lopes, observou que, atualmente, os sedimentos resultantes da dragagem precisam ser despejados a 23 milhas do canal, o que, além de ter reflexos ambientais, aumenta o custo da dragagem de 30% a 40%. "Gastamos em 2012 R$ 53 milhões em dragagem. Se essa tecnologia estivesse implantada, economizaríamos R$ 20 milhões e ainda teríamos ganho ambiental, além da geração de energia", destacou. Isso porque os sedimentos deixariam de ser descartados para serem usados na geração de energia.
Fonte: Jornal Agora (RS)/Carmem Ziebell
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