SÃO PAULO - Uma das principais reivindicações dos caminhoneiros, o aumento do preço do frete não é regulado. As negociações sobre o valor pago pelo transporte de mercadorias variam de acordo com a oferta e a demanda.
Parte dos contratos com as transportadoras é definido com base na média do valor do frete no ano anterior, outra parte fica mais suscetível às condições de mercado. E, neste momento, elas estão desfavoráveis aos caminhoneiros.
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Em um ano, o preço do frete de Sorriso (MT) a Santos (SP), caiu 27%, para R$ 230 por tonelada na semana passada, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola).
Segundo Daniel Latorraca, economista do Imea, o valor pago pelo frete de grãos está sendo influenciado por uma mudança na estrutura logística das próprias transportadoras, que investiram na modernização da frota nos últimos anos e hoje trabalham com carretas que possuem uma capacidade maior de transporte. O mesmo ocorreu com trabalhadores autônomos que aderiram ao programa de crédito mais barato do BNDES para a compra de caminhões.
Além disso, a recente inauguração do terminal ferroviário de Rondonópolis (MT), absorveu parte da demanda pelo transporte até Santos. E, neste ano, a colheita de soja está atrasada em relação à safra passada, diminuindo a pressão pelo aumento do preço do frete comum nessa época do ano.
Por fim, a queda no preço das principais commodities agrícolas dificulta as negociações por reajuste no valor do frete. Cerca de 30% do valor da soja no porto é referente ao valor do frete, segundo a Abiove. Com o preço internacional das commodities em queda, falta margem para negociação.
Os caminhões respondem por cerca de 58% do transporte de mercadorias no país, segundo dados do Ministério dos Transportes. No caso de alguns setores, como o de grãos, a participação do modal rodoviário nos transportes é ainda mais alta. Segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), 65% do transporte da soja no país foi feito por caminhões em 2013.
Fonte: Folha de São Paulo