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Um ícone e dois destinos: qual o futuro do ‘Prof. W. Besnard’?

Há mais de um ano em posse da Prefeitura de Ilhabela, o navio oceanográfico Prof. W. Besnard continua atracado no Porto de Santos, à espera de uma definição para o seu destino. 

Existe a possibilidade da embarcação, um ícone da pesquisa marinha no País, virar um museu que conta a história da nau, ou ser afundada para se transformar em um recife artificial. A decisão final deve ser tomada, em agosto, pela Administração Municipal depois de uma audiência pública, prevista para o dia 10.


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Pesam para a escolha a importância do navio, que, durante os mais de 40 anos em que permaneceu à disposição do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), navegou por seis vezes para a Antártida, transportou cerca de 50 mil amostras de organismos marinhos e funcionou durante 23 anos sem interrupções. Todo esse trabalho pioneiro no País está registrado em 68 diários de bordo que contam as inúmeras pesquisas e muitas histórias.

Uma das propostas apresentadas veio do Instituto do Mar (Imar), que propõe manter emersa a embarcação para utilização como um espaço cultural marítimo de visitação contínua. Neste caso, a implantação do projeto e a manutenção do espaço ficariam a cargo da entidade. Já a outra opção é de que o Prof. W. Besnard seja naufragado. O trabalho seria realizado pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE), fundação ligada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

O secretário municipal de Meio Ambiente, Mauro de Oliveira, vai se reunir com o prefeito Márcio Batista Tenório para apresentar os dois projetos. O chefe da pasta deve aconselhar a Prefeitura a não colocar a decisão da escolha em votação durante a audiência pública, marcada para o dia 10 de agosto. “O ideal é que a opção seja feita levando em consideração a parte técnica. Na audiência, corre-se o risco, por exemplo, de um grupo favorável a uma proposta lotar a Câmara e fazer com que isso seja aprovado”.

Pesando a favor do afundamento do W. Besnard, em reunião no início do mês, o Conselho Municipal de Turismo de Ilhabela tomou a posição de apoiar a proposta do naufrágio. A decisão do colegiado deve ser levada à audiência pública.

Prazos

De acordo com Oliveira, se a escolha de Ilhabela for a do naufrágio, a retirada da embarcação de Santos pode levar, no mínimo, seis meses até que sejam feitos os trabalhos de descontaminação, reboque e afundamento, além da parte de licenciamento ambiental. 

Para a proposta do Museu, a Prefeitura afirma que, neste caso, a transferência da posse do navio seria feita na sequência. 

Destino

No ano passado, a Prefeitura de Ilhabela manifestou interesse no navio e, em julho, conseguiu oficialmente a doação por parte do IOUSP. A intenção inicial era de que a carcaça seria destinada ao naufrágio. Uma licitação para a contratação da empresa responsável pela descontaminação, reboque e afundamento chegou a ser feita, mas acabou impugnada pelo Tribunal de Contas do Estado. Com a mudança no comando do Executivo, antes de dar andamento ao destino do barco, a gestão atual resolveu promover audiências, ouvir todos os interessados e receber propostas.

Muitas propostas

Depois de passar por um incêndio, em 2008, dois anos depois da USP anunciar a aposentadoria da embarcação, e com a chegada dos navios de pesquisa Alpha Crucis e Alpha Delphini, na década de 2010, o W. Besnard ficou em completo desuso e começou seu processo de deterioração, parado na região dos armazéns 7 e 8. 

Antes do interesse de Ilhabela, muitas propostas chegaram a ser feitas. A Prefeitura de Santos cogitou transformá-lo em um museu, mas a iniciativa não teve sucesso e foi descartada. O barco quase foi vendido ao Uruguai, onde seria reformado para auxiliar em pesquisas acadêmicas, o que também não se concretizou.

Naufrágio seria incentivo ao mergulho na cidade

 A proposta para o naufrágio prevê que o W. Besnard seja afundado na região costeira ao norte do Município, próximo à Praia da Serraria. A embarcação ficaria a 30 metros de profundidade, numa área considerada ideal pelas características geomorfológicas e de qualidade de água, a profundidade, os tipos de sedimentos e os tipos de uso do espaço marinho.

Em seu projeto, além da questão da proteção da biodiversidade marinha, a FTDE defende a instalação do recife artificial como alternativa para a retomada do turismo. “A atividade de mergulho recreativo no Estado de São Paulo vem diminuindo nos últimos anos devido à redução de locais atrativos e à saturação dos pontos de mergulho existentes, fazendo com que o turista se desloque para o Estado do Rio de Janeiro (Paraty e Angra dos Reis) e de Pernambuco (Recife, “capital dos naufrágios”) para prática desta atividade”, justifica o relatório técnico.

Apenas para o diagnóstico ambiental do parque dos naufrágios, planejamento para adequação e posicionamento do navio, coordenação do afundamento com a empresa responsável pela limpeza do navio, acompanhamento da viagem até Ilhabela e vistoria subaquática após o naufrágio, a empresa pede no projeto R$ 388 mil.

Mais caro

Esses valores não incluem o trabalho de descontaminação ou do naufrágio. A Prefeitura de Ilhabela terá que contratar empresas especializadas para a realização deste serviço. “Não sabemos o valor total desta proposta. Ainda estamos pedindo orçamentos, mas, apenas a descontaminação pode chegar a R$ 3 milhões”, afirma o secretário do Meio Ambiente.

Imar quer manutenção da história

O objetivo principal do Instituto do Mar (Imar) é assumir a responsabilidade sobre o navio oceanográfico e transformá-lo em um espaço cultural de visitação contínua, integrado a uma marina pública. 

De acordo com o projeto apresentado, depois de revitalizado, ele permaneceria atracado e aberto à visitação pública, como um espaço lúdico, com diversas atividades gratuitas ligadas à preservação da história do navio e ações de conscientização sobre a preservação do meio ambiente marítimo. Além de receber visitação de escolas, a embarcação realizaria palestras educativas sobre a preservação ambiental para o público em geral, exposição de imagens históricas e especialização de profissionais da área náutica. A história das expedições do W. Besnard e sua importância também seriam foco do museu.

A área escolhida pela entidade é um terreno público, no bairro Barra Velha, perto da entrada da balsa. Sem especificar no projeto a cargo de quem ficaria a implantação da marina ou orçamento necessário para a ideia, o instituto quer firmar parcerias com a iniciativa privada e buscar patrocínios por meio de leis de incentivo fiscal. “Nossa intenção é salvar o navio, que está em boas condições. Seria um pecado afundar algo com tanta importância histórica”, diz o presidente do Imar, o advogado Fernando Liberalli Simoni.

O detalhamento financeiro seria apresentado após uma análise técnica, que ocorreria caso o navio viesse a ser liberado para o instituto. Simoni acredita que para a implantação do projeto seja preciso captar cerca de R$ 3 milhões, além de ações de merchandising.

Fonte: A Tribuna






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