Integrantes do Parlamento Europeu estiveram nesta terça-feira (30) em Florianópolis para estreitar as relações da União Europeia com o Mercosul. Os empresários do Estado aproveitaram o encontro para apresentar a capacidade industrial de Santa Catarina.
Se no início da reunião, realizada na Fiesc, parlamentares e empresários mostraram-se positivos sobre a relação comercial entre os blocos, ao longo do encontro, uma série de divergências começaram a aparecer.
A principal delas foi o Sistema Geral de Preferências (SGP), medida que torna os produtos brasileiros mais competitivos na Europa, porque reduz a zero a tarifa alfandegária das mercadorias. A previsão dos europeus é de que o acesso diferenciado do Brasil ao mercado do velho continente termine em 2014.
O SGP foi idealizado pela União Europeia para privilegiar as exportações dos países em desenvolvimento. O problema, conforme comentou o presidente da delegação do Parlamento Europeu para o Mercosul, Luís Yañez-Barnuevo García, é que o Brasil não pode nem mais ser considerado uma nação emergente, mas sim uma potência mundial.
Do lado brasileiro, o diretor da Fiesc, Cid Erwing Lang, levantou o problema da valorização do real provocada por investimentos europeus. Os juros baixíssimos praticados na Europa favorecem a entrada de dinheiro nos países do bloco. O investidor europeu, por sua vez, escolhe colocar parte do seu capital em países de juros altos, como o Brasil, que façam o dinheiro render. Mas, como defendeu Lang, a entrada do capital europeu valoriza o real, prejudicando a competitividade dos produtos brasileiros para exportação.
Os parlamentares europeus responderam que o real só está valorizado pelo crescimento econômico do Brasil, mas, que de qualquer maneira, vão levar a preocupação da indústria brasileira para a União Europeia.
Jean Pierre Audy, vice-presidente da delegação, reclamou, ainda, da imagem do Mercosul, dizendo estar degradada.
— O Uruguai continua sendo um paraíso fiscal, a Argentina expropriou empresas europeias, e o Brasil suspendeu os direitos de voto do Paraguai, o que nos coloca interrogações quanto à solidez do bloco — disse.
O diretor da Fiesc rebateu dizendo que, na verdade, estão todos "empurrando o acordo com a barriga". O argumento é de que se a Argentina, Uruguai e Paraguai (que deve voltar ao Mercosul) não conseguirem crescer e chegarem mais perto do patamar brasileiro, irá se formar um acordo que não serve para o Brasil.
Para ele, a real intenção da União Europeia nesse estreitamento de relações com o Mercosul é negociar com a maior potência da América do Sul, o Brasil, sem ter que manter um acordo apenas com o país, mas sim com o bloco como um todo.
— A Europa nos vê como um exportador agressivo, que está engolindo a indústria deles. Os europeus não querem se associar apenas com o Brasil, porque sabem que serão dominados — opinou.
Sobre as perspectivas das exportações catarinenses para a Europa em 2013, Lang respondeu que o Estado está dependente do fim da crise no velho continente. Mas que, enquanto isso, o empresário catarinense busca outros mercados, como o asiático, o árabe e o latino americano.
Fonte: A Notícia/SC / Janaina Cavalli
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