Ainda é pouco perceptível, mas o rio Negro voltou a subir e, até a última sexta-feira, encheu sete centímetros. O início da cheia demorou cinco dias se comparado com 2010, ano da seca recorde, quando o nível do rio voltou a subir no dia 25 de outubro. Conforme, especialistas estimavam, a vazante deste ano não superou a maior seca registrada no Amazonas.
Na orla da Manaus Moderna, a seca do rio ainda é o que mais chama atenção. Barqueiros e feirantes ainda não perceberam a subida. “Acho que lá para a metade do mês é que vai dar pra notar que o rio está enchendo, por enquanto, ainda parece bem seco”, comentou o carregadir José Lucindo Carneiro, 41.
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No ano passado, neste mesmo período, o rio enchia mais lentamente. Foram quatro centímetros até o dia 31, mas como a estiagem não foi tão intensa, marcava a cota de 19,94 centímetros. Este ano, até o dia 30, a cota do rio era de 15,99 cm, segundo o serviço de hidrologia do Porto de Manaus.
Enquanto que no ano da maior cheia, 2010, a cheia começou no dia 25 de outubro e até o dia 31 havia subido 28 centímetros, atingindo a cota de 13,91 cm, 2,8 metros a menos que em 2015.
O superintendente regional do Serviço Geológico do Brasil, Marco Antônio de Oliveira, já havia estimado que o período da estiagem seria no final do mês de outubro. “Este ano houve uma conjunção do período de estiagem na Amazônia, agosto a outubro, com o fenômeno El Niño, que provoca chuvas abaixo da média na região.
Isto fez com que o nível dos rios, principalmente o Solimões e Negro, caísse vertiginosamente entre o meses de setembro e outubro”, explicou.
No entanto, esta queda acentuada do nível dos rios, ainda de acordo com Marco, chegou a um limite, imposto pela descarga das águas subterrâneas, cujo fluxo em direção a calha dos rios fez com que o ritmo de descida das águas diminuísse.
Seca dos rios preocupa O motorista Marcos Santos de Araújo, 35, disse, que quando o rio desce, o lixo aparece ao longo do igarapé do Tarumã. “Além de lixo doméstico, como garrafas e sacos de lixo, ainda tem os bichos que aparecem e trazem doenças, como ratos, e animais peçonhentos, como o escorpião”, afirmou.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informou que “mantém a vigilância e o alerta permanente” para a ocorrência das chamadas “doenças da vazante”. A principal preocupação dos profissionais de saúde é a prevenção de doenças como hepatites A e E, leptospirose, febre tifóide, verminoses, gastroenterites, dermatites (doenças de pele), conjuntivites e doenças diarreicas, além de ataques de animais peçonhentos (cobras, aranhas e escorpião) e casos de malária na área rural de Manaus.
Ao menos 60 mil famílias desabrigadas
Em 2010, mais de 60 mil famílias em pelo menos 40 dos 62 municípios amazonenses foram atingidas. Ainda em 2010, ano da maior vazante, no dia 30 de outubro, o Negro subiu cinco centímetros e a cota foi de 13,85 metros. No dia 11 deste mês, o rio Negro registrou a maior descida dos últimos 112 anos.
Fonte:A Crítica(Manaus)/LUANA CARVALHO