Venho refletindo sempre sobre temas que estão moldando a nova logística e que já impactam a maneira com que interagimos com nossos clientes, fornecedores e stakeholders. A logística está em constante evolução, e para acompanhar as demandas atuais e futuras é fundamental olhar para as áreas que estão adequando este setor. O futuro da logística permeia muitos tópicos que vêm corroborando com sua modernização e transformação, mas no decorrer deste artigo quero trazer os principais deles.
É claro, se estamos falando de futuro, não tem como a tecnologia não estar envolvida. A inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina, ao meu ver, têm sido uma força motriz no desenvolvimento do setor, sendo usadas para melhorar a precisão das previsões de demanda, otimizar as rotas de entrega e melhorar a eficiência operacional geral. Os terminais e a navegação já estão utilizando essa tecnologia para automatizar, prever e até mesmo reagir a movimentação real da carga.
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A automação também está transformando a indústria, permitindo que as empresas automatizem tarefas que eram anteriormente manuais, como a separação e a movimentação de mercadorias. Além disso, os robôs estão cada vez mais presentes nos armazéns, onde podem realizar tarefas repetitivas de forma mais eficiente do que os humanos.
Permitindo que as empresas rastreiem e monitores seus produtos em tempo real ao longo de toda a cadeia de suprimentos existe a Internet das Coisas (IoT), que não só melhora a eficiência das entregas, como também ajuda a reduzir o desperdício e a aprimorar a qualidade do produto.
Para além da tecnologia em si, há serviços disponíveis que fazem parte deste futuro, como por exemplo: Logística as a Service, que traz um conceito de serviços sob uma demanda específica; Sharing ou Service pooling, baseado na economia colaborativa com o compartilhamento de serviços e/ou ativos por usuários ou empresas; termo usado para trazer as produções para perto de seus mercados consumidores tendo um impacto grande na necessidade de otimizar a logística.
Diversificar a matriz de transporte, olhando para modalidades como a navegação costeira, por exemplo, também é de extrema importância. Com a união das tecnologias modernas e práticas inovadoras, a cabotagem tem se tornado uma alternativa atraente para reduzir custos e melhorar a eficiência logística, bem como trazer melhoria significativa na segurança do transporte e se incluir na agenda da economia circulante, como agente de otimização e melhora de eficiência atrelado a sustentabilidade social, econômica e menor impacto ambiental.
Vale ressaltar que um futuro não se constrói apenas com tecnologia e soluções inovadoras, é preciso levar em consideração hoje, pensando no amanhã, ações sustentáveis. À medida que a sociedade se torna mais consciente dos impactos ambientais, há uma crescente pressão sobre as empresas para que adotem práticas verdes e tecnologias limpas.
Tendo isto em vista, optar por soluções sustentáveis não só beneficia o meio ambiente, mas também tem potencial para criar valor a longo prazo, aprimorando a imagem das empresas e reduzindo custos operacionais. Para isso, é possível ser implementado no setor de logística o uso de tecnologias e combustíveis de baixa emissão, a minimização do desperdício de embalagens, a otimização das rotas de entrega para reduzir o consumo de combustível, ou mesmo a diversificação da matriz de transporte saindo da dependência sistêmica e histórica do transporte rodoviário, por exemplo.
A cabotagem no Brasil tem ganhado destaque como uma opção eficiente e ambientalmente responsável para o transporte de cargas, emitindo menos poluentes e estressando menos a rede de infraestrutura terrestre. Um estudo feito pela ABAC, realizado pela ILOS em 2018, avaliou quais os impactos gerados pelo uso ineficiente dos modais de transporte, analisando o fluxo de cargas no modal rodoviário que teria perfil para migrar para a cabotagem. Em questões de redução nos custos logísticos, seria possível economizar R$1,7 bilhão em frete por ano. Já em termos sustentáveis, um único navio tem potencial de reduzir a emissão de GEE (Gases Efeito Estufa) em quatro vezes que um caminhão.
Atualmente, na navegação temos metas pré estabelecidas de descarbonização, onde até 2030 temos de identificar fontes de energia alternativa ou tecnologias que substituam as atuais, para que em 2050, após investimentos serem feitos, tenhamos uma navegação 100% sustentável com emissão zero de GEE. Neste sentido apoiamos e somos membros ativos do GTZ (Getting to zero Coalition) que é um grupo de empresas ligado à IMO (International Maritime Organization) que promove a descarbonização da indústria de navegação internacional, que está presente no Brasil e que promove as melhores práticas mundiais na indústria de navegação, visando os objetivos de : 1) Identificar uma tecnologia ou combustível alternativo sem emissão de GEE ate 2030. 2) Até 2050 promover a adoção desta nova tecnologia e alcançar, neste ano, o objetivo de zerar as emissões de GEE na indústria, nos tornando uma indústria com zero emissões.
Não vejo apenas um ou outro caminho a seguir, é um conjunto de fatores que estão preparando o futuro da indústria e a crescente adoção dessas soluções e ações já está revolucionando a logística, tornando-a mais eficiente, sustentável e competitiva. As transformações estão acontecendo, a pandemia acelerou os processos de mudanças e as evoluções tecnológicas de uma maneira exponencial, e continuaremos vivendo uma busca de futuro na logística que seja verde/sustentável, mais diversa, com uso de novas tecnologias, e tendo um olhar mais holístico dos impactos que esta produz na economia e na sociedade como um todo.
Gustavo Paschoa é diretor executivo da Norsul