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Navalshore

Tempos desafiadores para exportadores de carga refrigerada

No início do ano publicamos um artigo (O que o novo combustível dos navios e o kiwi neozelandês têm a ver com os fretes da carne brasileira?) alertando para uma possível escassez de contêineres refrigerados em razão da iminente mudança do combustível dos navios e que levaria à demolição muitos navios full reefer antigos e “beberrões”, catalisando o processo de conteinerização de muitas cargas refrigeradas mundo a fora (ex.: Banana da Equador/Costa Rica, Uva do Chile, Pescados da Patagônia, Kiwi da Nova Zelândia etc).

A verdade é que ao escrever aquele artigo ainda não tínhamos a real dimensão da ASF – Febre Suína Africana e seus efeitos sobre a demanda por contêineres reefer que está crescendo 7% no acumulado de 2019, portanto, mais que o dobro da taxa de crescimento do combalido Comércio Internacional. Segundo a Seabury Consulting, somente na Europa e na América Latina os embarques de carnes congeladas para a China cresceram este ano 26% e 27%, respectivamente. O navio Maersk Madrid inclusive registrou em Setembro desse ano a marca histórica de 984 x 40’Rh com porco dinamarquês de Aarhus à China Central.


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A situação se torna ainda mais dramática a medida em que as encomendas de novos equipamentos vêm caindo desde 2017, alegadamente em razão das quedas de fretes e dos resultados financeiros ruins reportados pelos armadores ao longo da última década. Especialistas estimam que as encomendas estejam atualmente na casa do 60.000 contêineres refrigerados enquanto seriam necessários 140.000.

Falando na Cool Logistics em Valência, Espanha, no último dia 18 de setembro, Frank Ganse, VP Global & Head Reefer da Kuehne & Nagel, que movimenta cerca de 350.000teu em cargas refrigeradas por ano (o equivalente ao volume somado de JBS e BRF – exportação Brasil), disse que o setor está à beira de um grande dilema: “à medida que os armadores começarem a reposicionar contêineres antes da alta temporada de frutas no hemisfério sul, essa demanda inesperada da China será o ponto de inflexão”.

Em outras palavras, “o cobertor estará curto”, não haverá contêiner para todos e, diante desse cenário, os armadores certamente privilegiarão as rotas mais rentáveis. Os exportadores de frutas do nordeste do Brasil, que recém iniciaram os embarques da Safra 2019 já estão sentido no bolso aumentos substanciais nos fretes em comparação com os anos anteriores.

Diante de um cenário tão desafiador e que tende a se prolongar até que a China consiga estancar o surto de ASF e recompor seu rebanho suíno (ao menos 3 anos) ou que os armadores comecem a fazer encomendas robustas de novos equipamentos (ao menos 1 ano até sanar todo déficit) já há até os que começam a acreditar numa certa sobrevida dos navios full reefer !?

De qualquer maneira, o fato é que fretes como Santos/Ásia a US$ 1.500 ou Santos/Europa a US$ 2.000 certamente são “coisas do passado” e, portanto, cabe aos exportadores de carga refrigerada a missão de monitorar bem de perto toda essa situação para buscar boas negociações e garantias de embarque, porém, sem deixar “dinheiro na mesa”.

191007 henrik simon leandro barretoHenrik Simon e Leandro Barreto são sócios da SOLVE Shipping Intelligence






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