A Sondagem da Indústria da Construção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta redução na queda da atividade do setor em março. Apesar de os indicadores terem melhorado no mês, ainda há dificuldade no acesso ao crédito. A alta taxa de juros é vista como o principal entrave dos empresários.
Os índices de nível de atividade e de número de empregados permanecem abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica queda da atividade e do emprego em relação ao mês anterior. Mas houve alta nos índices em março, o que representa redução do ritmo de queda da atividade e do emprego. Na passagem de fevereiro para março de 2016, o indicador de atividade aumentou 2,3 pontos, para 37,5 pontos, e o de emprego 1,1 ponto, alcançando 36,6 pontos.
PUBLICIDADE
"Os indicadores de condições financeiras apontam insatisfação forte e disseminada com a margem de lucro operacional e com a situação financeira. Paralelamente, as empresas têm mostrado maior dificuldade de acesso ao crédito", afirma a entidade.
A satisfação das empresas com a margem de lucro operacional caiu para 28,8 pontos no primeiro trimestre (foram 32,2 pontos no trimestre imediatamente anterior e 34,7 ponto um ano atrás). Já a satisfação com a situação financeira ficou em 33,3 pontos (36,4 pontos no trimestre anterior e 38,3 pontos um ano atrás).
A utilização da capacidade de operação permanece muito baixa, o que corrobora o cenário de fraca atividade do segmento da construção. Em março, o indicador atingiu 57%, 1 ponto percentual acima do valor observado em fevereiro. Apesar disso, o indicador permanece 10 pontos abaixo da média histórica para o mês de março.
A facilidade das empresas de construção em tomar empréstimos tem se tornado cada vez menor, afirma a CNI. O indicador de acesso ao crédito marcou 23,1 pontos no primeiro trimestre de 2016, redução de 2,8 pontos em relação ao trimestre anterior. O número fica 8,6 pontos abaixo de um ano atrás. Esse valor representa o piso da série iniciada no quarto trimestre de 2009.
Os empresários permanecem pessimistas. Os índices de expectativa de nível de atividade e de novos empreendimentos e serviços variaram dentro da margem de erro e atingiram 39,7 pontos (contra 40,6 pontos um mês atrás e 44,1 ponto um ano antes) e 37,7 pontos (contra 38,1 pontos um mês atrás e 43,1 pontos um ano antes), respectivamente.
Os índices de expectativa do número de empregados e de compras de insumos e matérias-primas caíram ambos um ponto contra um mês antes, após dois meses consecutivos de alta, registrando 38,2 pontos e 38,3 pontos, respectivamente.
O pessimismo levou a intenção de investir ao piso da série histórica pelo segundo mês consecutivo. O índice ficou em 23,4 pontos, valor 0,1 ponto inferior ao observado um mês antes. A fraca atividade do segmento, a baixa utilização da capacidade de operação e as expectativas ainda muito pessimistas inibem qualquer melhora deste indicador, afirma a CNI.
Fonte: Valor Econômico/Fábio Pupo | De Brasília