A pauta de exportação do agronegócio potiguar fechou os cinco primeiros meses de 2014 em queda de 3,23% em relação ao mesmo período do ano passado. A diminuição da venda do açúcar para o exterior é um dos motivos para a variação negativa: o produto teve queda de 95,73%.
Para especialistas, o aumento da produção em concorrentes como Índia e Tailândia contribuiu pra a queda na exportação do produto, acarretando em perda de competitividade e de mercado. A fruticultura também pesou nos números globais do agronegócio, com queda de 5,43%, reflexo da redução na exportação de castanha de caju e de melão, produtos de destaque da pauta. Os números são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
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Mas a situação das exportações do agronegócio no Rio Grande do Norte não é exclusividade. No Nordeste, os números da pauta de exportação são negativos para quase todos os estados, à exceção de Maranhão (24,94%), Piauí (7,77%) e Bahia (0,24%). O Ceará registrou variação negativa ainda maior que o RN, com 6,30%. Sergipe vem em seguida, com queda de 13,97%. Os piores resultados foram de Piauí, com queda de 38,81%, Pernambuco, com 42,28%, e Paraíba, que registrou 53,09%.
Em 2013, o valor exportado em açúcar pelo RN nos primeiro cinco meses do ano foi de 3,5 milhões de dólares. No mesmo período deste ano, esse montante caiu para 150 mil dólares, o que representa uma queda de 95,73%. Para o presidente do Sindicato das usinas sucroalcooleiras do RN/CE/PI (Sonal), Arlindo Farias, o principal motivo para isso é o aumento da produção por parte de concorrentes mundiais.
Já no ano passado, diz ele, Índia e Tailândia registraram produção maior, o que gerou um superávit de produção no mundo. “Foi algo em torno de 7 milhões de toneladas a mais. Isso inibiu a exportação, com um mercado mais disputado. A Índia tem subsídio à exportação, então perdemos competitividade e mercado”, analisa o presidente do Sonal.
Apesar de considerar a queda significativa, Arlindo Farias pontua que o setor tem buscado a compensação no mercado interno. “Principalmente no Nordeste, o mercado interno vem crescendo mais do que a média nacional. As empresas daqui usufruem melhor do açúcar e tem aumentado o consumo na fabricação de produtos derivados”, explica.
Retomada
O ano safra da cana-de-açúcar começa no Nordeste entre os meses de agosto e setembro, se estendendo até fevereiro e março do ano seguinte. Na opinião do presidente do Sonal, é possível que a exportação seja retomada com maior vigor a partir do segundo semestre no RN. “A partir de outubro e novembro, indo até janeiro de 2015, é possível que a exportação retorne ao patamar normal dos outros anos”, considera.
A média de produção de açúcar por safra no Rio Grande do Norte varia entre 150 mil e 180 mil toneladas. No ano passado, houve queda na produção em função da seca e consequentemente a produção do açúcar encolheu. “Esse ano-safra, acredito que a gente retome a safra, mas deve ficar abaixo do que as cerca de 200 mil toneladas produzidas até 2010, antes dos anos de seca”, diz Arlindo Farias. “Na safra desse ano devemos ficar estáveis, em 150 mil toneladas”, completa.
Atualmente, entre 30% e 40% da produção vai para exportação, a depender do ano, e cerca de 60% a 70% do produto seguem para o mercado interno.
A produção de cana-de-açúcar no RN caiu 9% na última safra em relação ao ano anterior. O volume de cana moída no estado, considerando as duas principais usinas, foi de 2,2 milhões de toneladas cerca de 2 milhões. As demissões chegaram a quase 100%.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal/Vinícius Menna